“Amai-vos uns aos outros” (Jesus)
O Natal nos faz muito bem! É a época em que todos se
confraternizam.
A grandeza deste momento, entretanto não se deve
refletir em coisas, não se deve resumir aos símbolos da ocasião, como o pinheirinho,
os enfeites, as velas, as estrelas... Assim como não se deve resumir a troca de
cartões de Boas Festas, de presentes... Bem como ao preparo de uma ceia mais
farta...
O significado do Natal só pode ser mensurado
pelo que reflete o coração de cada um, em alegria e satisfação por conhecer e
praticar os ensinamentos do Sublime Aniversariante – o Mestre da Luz e da Paz.
Jesus realmente é o Modelo e o Guia da Humanidade,
visto que sem a força das armas vem conquistando povos e culturas por mais de
dois mil anos. Sua obra é fascinante! Vale a pena conhecê-la e praticá-la!
Com base nela, o significado do Natal tem a
dimensão das conseqüências que ele pode produzir todos os dias, na nossa maneira
de pensar, de falar e de agir... Não significa, pois, que se deve restringir a
uma única data, mas, a todos os dias de todos os anos de nossa vida.
Chico Xavier nos alertou com muita propriedade que “Embora
ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar
agora e fazer um novo fim”.
Por isso, o Natal deve ser um momento de reflexão bem
mais amplo, que ultrapassa o presente: que reveja o passado e possa intuir
sobre o futuro. Um momento, então, de recomeço, de compromissos com os dias que
virão, onde prevaleça a tolerância, a compreensão, a esperança e a caridade. Um
momento, enfim, de reflexão sobre os avisos do Aniversariante: “Fora da
Caridade não há salvação”; “Muitos são chamados e poucos os escolhidos”...
E, pensando nesta data, fui buscar no livro Antologia
Mediúnica do Natal, de Francisca Clotilde / Chico Xavier, a poesia, intitulada
“Conto
de Natal”, que transcrevo, a seguir, em prosa:
A noite é quase gelada... Contudo Mariazinha é a
menina de outras noites, que treme, que tosse e caminha...
Guizos soam ao longe e por perto... É Natal de paz e
amor. Há muitas vozes cantando: “Louvado
seja o Senhor!”.
A rua parece nova qual jardim que floresceu. Cada
vitrine enfeitada repete: “Jesus
nasceu!”.
Mariazinha é uma triste menina descalça, de vestido
roto, que lá vai sozinha, sem mãe, que a beije, e sem pai.
Aqui e ali, pede pão... Está faminta e doente. “Sua
vadia, saia depressa!”. É o grito de
muita gente.
Outros dizem: “Menina ladra!”; “Fuja daqui, pata
feia!”; “Toda criança perdida deve dormir na cadeia”.
Mariazinha tem fome e chora, sentindo em torno o vento
que traz o aroma do pão aquecido ao forno. Abatida, fatigada, depois de
percurso enorme, estira-se na calçada... Tenta o sono, mas não dorme.
Nisso, um moço calmo, belo surge e lhe fala doce e
brando:
− Mariazinha, você está dormindo ou pensando?
A pequenina, erguendo os bracinhos nus, responde:
− Hoje é Dia de Natal e eu estou pensando em JESUS.
− Não recorda mais alguém?
E
ela chorando diz:
− Eu penso também com saudade em minha mãe que
morreu...
− Se JESUS aparecesse, agora, que é que você queria?
A pobre menina sorriu contente, e respondeu:
− Queria que ele me desse um bolo da padaria... Depois
de comer, então, queria um par de sapatos e uma blusa grande e quente... Depois
queria uma casa, assim como todos têm... E depois de tudo eu queria uma boneca
também...
− Que assim seja Mariazinha! Você hoje terá tudo
aquilo que deseja.
− Mas, o senhor quem é mesmo?
E ele, olhos em luz, afirma:
− Sou seu amigo de sempre! Minha filha, eu sou
JESUS!...
Então, Mariazinha, encantada, tonta de imensa alegria,
pôs a cabeça cansada nos braços que ele estendia... E dormiu, vendo-se outra,
em santo deslumbramento, aconchegada a JESUS na glória do firmamento.
No outro dia, muito cedo, quando o lojista abre a
porta, um corpo caiu de leve... A menina estava morta!