“Escreva
as ofensas na areia e os benefícios no mármore”.
(Provérbio
Árabe)
O nosso Mestre Maior assim nos aconselhou em
Mateus 7,12: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles”. E ao ser questionado por Pedro sobre
quantas vezes perdoar uma ofensa, deu uma resposta alegórica (“até
setenta vezes sete”), significando que devemos perdoar sempre.
Quando lhe trouxeram uma mulher apanhada em
adultério, dizendo que a Lei de Moisés mandava que ela fosse apedrejada, Jesus
– escrevendo na areia – disse-lhes, em João 8,7: “Quem de vós estiver sem pecado,
seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”.
“Não Julgueis e não sereis julgados”. Também
assim nos ensinou Jesus no capítulo 7 do evangelho de Mateus, deixando claro
que seremos medidos pela mesma medida com que tivermos medido os atos dos
outros.
Leonardo da
Vinci, muito tempo depois, de certa forma ratificou isso que o Mestre já havia
ensinado, e estabeleceu uma forma de resistência às ofensas relacionando-as com
a paciência: “A paciência faz contra as ofensas o mesmo que as roupas fazem contra o
frio; pois se vestires mais roupas conforme o inverno aumenta, tal frio não te
poderá afetar. De modo semelhante, a paciência deve crescer em relação às
grandes ofensas; tais injúrias não poderão afetar a tua mente”.
Então, como
contribuição aos leitores deste renomado semanário, trago para reflexão sobre
esse tema das ofensas e do perdão, a colaboração que recebi de Franca-SP.
Trata-se do seguinte texto:
Dois
grandes mercadores árabes, de nomes Amir e Farid, eram muito amigos e sempre
faziam suas viagens para um mercado onde vendiam suas mercadorias, iam juntos,
cada qual com sua caravana e seus escravos e empregados.
Numa dessas viagens, ao passarem junto a
um rio caudaloso, Farid resolveu banhar-se, pois fazia muito calor. Em dado
momento, distraindo-se, foi arrastado pela correnteza. Amir, vendo que seu
grande amigo corria risco de vida, atirou-se às águas e, com inaudito esforço,
conseguiu salvá-lo.
Após esse
episódio, Farid chamou um de seus escravos e mandou que ele gravasse numa rocha
ali existente, a seguinte frase:
“Aqui
com risco de sua própria vida, Amir salvou seu amigo Farid.”.
Ao
retornarem, passaram pelo mesmo lugar, onde pararam para rápido repouso. Enquanto
conversavam, tiveram uma pequena discussão e Amir se alterando esbofeteou
Farid. Este se aproximou das margens do rio e, com uma varinha, assim escreveu
na areia:
“Aqui, por motivos fúteis, Amir esbofeteou seu
amigo Farid.”
O escravo
que fora encarregado de escrever na pedra o agradecimento de Farid,
perguntou-lhe:
− Meu
senhor, quando foste salvo, mandou gravar aquele feito numa Pedra e agora escreve
na areia o agravo recebido. Porque assim o fez?
Farid
respondeu-lhe:
− Os atos
de bondade, de amor e abnegação devem ser gravados na rocha para que todos
aqueles que tiverem oportunidade de tomar conhecimento deles procurem
imitá-los. Ao contrário, porém, quando recebemos uma ofensa, devemos escrevê-la
na areia, próximo às águas, para que desapareça levada pela maré, a fim de que
ninguém tome conhecimento dela e, acima de tudo, para que qualquer mágoa
desapareça prontamente do nosso coração.
Portanto,
meu irmão, você já aprendeu a escrever na areia?
Pense
nisso!
"Fazer
grande estardalhaço a propósito de uma ofensa de que fomos vítimas, não atenua
o desgosto, mas aumenta a vergonha".
(Giovani Boccaccio).
Nenhum comentário:
Postar um comentário