“Nada
posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais”
(Clarice Lispector)
Não importa a idade, todos têm uma criança dentro de
si. E a aproximação do Natal faz renascer em nós esse lado infantil – nosso lado
Inocente!
E “A inocência não se envergonha de nada”, disse
Jean-Jacques Rousseau.
Lembrei-me então de uma pequena história, de autor
desconhecido, intitulada “A Cor da
Pureza”, cujo texto, a seguir, é um bom exemplo disso.
Em razão das
drogas, um bebezinho negro foi abandonado por sua mãe em uma caixa de papelão que
estava em um lixão próximo à sua casa.
O bebezinho
passou toda a noite chorando de frio, fome e pelas picadas dos insetos. Na
manhã seguinte, o caminhão do lixo chegou e enquanto um coletor carregava o
lixo até o caminhão, o outro apertava o botão que prensava todo aquele lixo.
Enquanto
conversavam, o coletor de lixo pegou aquela caixa de papelão e colocou no
caminhão... De repente, um grito: “Pare! Desligue a prensa! Eu ouvi um choro de
bebê...”.
A partir
deste instante, o bebê foi levado ao hospital e foi muito bem tratado. Havia
neste hospital uma Assistente Social branca, que se apaixonou por aquele
bebezinho negro tão sofrido e desamparado. E, tempos depois, ela conseguiu
adotá-lo, embora já tivesse uma filha de cinco anos de idade.
O tempo
passou... Passou... E aquele bebezinho completou cinco anos.
Num certo
dia, ele estava brincando com sua irmã que já havia completado 10 anos de
idade, quando, num certo momento, ela pegou nas mãos dele... Olhou... Olhou... E
depois, olhou para a sua mão... Olhou... Olhou... E, depois, colocou a mão dele
sobre a mão dela e perguntou ao menininho:
− Você ta
vendo a sua mão em cima da minha?
− To sim! −
respondeu ele.
− Qual a
diferença entre elas? − perguntou ela.
O menino
olhou pra ela, deu um sorriso e disse:
− Ah, essa
pergunta é fácil responder: minha mão é
menor!
A irmã sorriu
e deu um beijo nele!
Você, que imaginou a resposta antes de ler,
compreendeu a MORAL DA HISTÓRIA? Admirai então, na criança, a sabedoria da
Providência!
Pois, a infância é um tempo de repouso da alma –
enquanto aguarda que a idade amadureça sua razão. E, nesse período, ela é mais
acessível às impressões que recebe e que podem ajudá-la em seu adiantamento.
Não conhecemos o mistério que as crianças escondem em
sua inocência. Não sabemos o que elas são, o que foram, nem o que serão. De
onde vem a doce afeição que até mesmo os estranhos têm por ela?
Vêm da Providência divina! Que dá a nós, quando
crianças, todas as aparências de inocência. Inocência que é a imagem do que devemos
ser!
Inocência que contempla a pureza de coração,
inseparável da simplicidade e da humildade, que exclui todo pensamento egoísta
e orgulhoso. Pois, é esse padrão de verdadeira pureza que devemos buscar na evolução
rumo à perfeição. É o nosso Cartão de Crédito ao Reino dos Céus!
Talvez, por isso, que Jesus tenha tomado a criança
como símbolo da pureza quando disse: “Deixai vir a mim as criançinhas, não as
impeçais; pois o reino dos Céus é para aqueles que se lhes assemelham” (MT
19, 14).
Diante da imagem da inocência e da candura, Jesus não
diz de uma maneira categórica e absoluta que o reino de Deus é para as crianças, mas sim para aqueles que
a elas se assemelham (que são puros de coração).
Mas não é somente por isso que Deus deu às crianças esse
aspecto de inocência; é, também, e principalmente, pelos pais, cujo amor é
necessário à fragilidade dos filhos pequenos. Estes sendo bons e dóceis, os
pais lhes dão toda a sua afeição, envolvendo-os com os mais delicados cuidados.
A fragilidade da tenra idade torna as crianças flexíveis,
maleáveis e acessíveis aos conselhos da experiência daqueles que devem fazê-las
progredir. É quando se pode corrigir seu caráter e reprimir suas más
tendências. Este é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual
terão de responder.
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