Aquecendo a Vida

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sábado, 25 de dezembro de 2021

PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS

 

“Não te suponhas tão grande ao ponto de pensares ver os outros menores que ti”.

(Confúcio)


Quando uma pessoa diz que parou de comer carne, pressupõe-se que ela comia carne antes. Ou, quando ela afirma que não vai mais assistir noticiários pela tevê, pressupõe-se que ela sempre assistia aos noticiários.

Pressupostos são informações adicionais que não aparecem diretamente num texto, mas que estão implicitamente expressos no contexto da informação. Implicitamente significa “não-ditos” sugeridos de forma indireta pelo texto. Ou seja, é aquilo que está por detrás das palavras. Que se lê nas entrelinhas! São recados adicionais que se pressupõe das informações expressas de forma direta no texto.

O pressuposto, por estar implícito no texto, se torna verdadeiro e é até mesmo irrefutável pelo teor que evidencia. É o “não-dito” que, de certa forma, sustenta o que está dito.

Pressuposto não deve ser confundido com Subentendido. Como na frase: Quando sair, não se esqueça de levar o guarda-chuva. Subentende-se que o tempo está para chover.

Os pressupostos são mensagens adicionais evidentes, acrescentadas ao texto, enquanto que os subentendidos são mensagens escondidas, deduzidas pelo leitor, podendo, ao contrário dos pressupostos, ser ou não verdadeiras.

Todavia, os pressupostos, assim como os subentendidos, têm seus perigos. E podem causar mal-estares, incômodos, constrangimentos! Como se vê pela história, a seguir:

Ele abriu a porta e, surpreso, viu entrando o amigo que há tanto tempo não via. Achou meio estranho que ele viesse acompanhado de um cachorro, forte, saltitante e com ar agressivo. Cumprimentou o amigo efusivamente:

− Quanto tempo, hein!

− Quanto tempo – disse o outro.

O cão aproveitou a saudação e entrou casa adentro. Logo um barulho na cozinha demonstrava que ele tinha virado qualquer coisa. O dono da casa esticou as orelhas. O amigo visitante, porém, nada.

− Pois é... A última vez que nos vimos foi mesmo em...

O cão passou pela sala, adentrou o quarto... E novo barulho, desta vez de coisa quebrada. Houve um sorriso amarelo do dono da casa, mas perfeita indiferença do visitante.

− Quem morreu foi o... Você se lembra dele?...

O cão saltou sobre um móvel, derrubou um abajur, pisou no sofá com as patas sujas e deixou a marca digital de seu crime. Os dois amigos, tensos, agora fingiram não perceber.

Por fim, o visitante despediu-se e já ia saindo quando o dono da casa perguntou:

− Não vai levar seu cachorro?

− Cachorro? Ah, o cachorro! Oh, agora estou entendendo!... Não é meu não!... Quando eu entrei, ele entrou comigo tão naturalmente que eu pensei que fosse seu!

Era o dono da casa pressupondo que o cachorro era do visitante, e o visitante entendendo que o cachorro era do dono da casa... E isso frustrou o encontro dos amigos, apesar de tanto anos sem se verem. Não houve a alegria do reencontro, muito comum nessas ocasiões, para matar a saudade, relembrar o passado e obter as notícias dos familiares e colegas de outrora.

O pressuposto ou subentendido de que o cão era do outro, os colocou numa saia justa difícil de contornar.  Foi um constrangimento incômodo para ambos... Um estranho mal-estar que, certamente, afetou dali por diante a vida desses dois amigos.

Pressupostos e Subentendidos, então, têm lá seus perigos! E isso é até comum no relacionamento amoroso, mas que às vezes nem é motivo para separação. Na vida familiar também há notícias de malquerenças unicamente por desafetos ou desentendidos causados por situações assim.

O perigo está na má interpretação, que pode ser confundida como um julgamento feito por antecipação. E sabemos, que do ponto de vista religioso prejulgamento é pecado, pois consiste num juízo que emitimos sobre alguma coisa ou alguma pessoa sem exame prévio. Ou seja, quando emitimos uma opinião ou julgamos sem conhecer realmente o assunto.

Por essas e outras, é que se recomenda acolher a todos, com bondade, sem discutir as suas opiniões.

Prejulgamentos são energias negativas, que podem então causar prejuízos, preocupações, implicâncias, hostilidades, preconceitos, intolerâncias, desconfianças, etecetera e tal...

Jesus condena o prejulgamento.

 “Não julgueis, e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido também vós sereis medidos” (Mateus 7, 1 e 2).

Um comentário:

  1. “Não julgueis, e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido também vós sereis medidos” (Mateus 7, 1 e 2).

    Verdade e é fato ...

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