Aquecendo a Vida

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domingo, 2 de janeiro de 2022

O CLÁUDIO SOU EU!

 

Você pode desacreditar de tudo na vida, menos de Deus!


Em 2007, terminado o trabalho, fomos até uma padaria, no centro de Apiaí (SP) e, enquanto o lanche era preparado, resolvi comentar um fato com as pessoas que me acompanhavam: minha filha Cristiane e Carlos César Diniz, ex-prefeito do município de Riversul (SP).

- Carlos César, neste local há 37 anos, eu vivi uma emoção muito forte que nunca me esqueço. Você quer ouvir essa história? É uma história de fé...

- Com o maior prazer! Até porque estou precisando de um exemplo de fé, visto que ando meio desiludido da vida!

- Então preste atenção! Em 1970 eu era professor efetivo da escola estadual do Bairro Catas Altas no município de Ribeira (SP), 40 km distante daqui de Apiaí. Por um erro da Secretaria da Fazenda, fiquei 10 meses sem pagamento. Não tinha mais crédito. Eu e a Clarice, minha esposa, mudamos para a escola para não pagar aluguel. A situação era caótica. Com exageradas preocupações, numa noite fizemos uma prece e a leitura do sermão da montanha, referente às “aves do céu que não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e nosso Pai celeste as alimenta...”.

- Carlos – continuei -, naquela mesma noite minha esposa teve uma ameaça de aborto e tive de levá-la para Ribeira, de carona, num caminhão. Lá procuramos pela única farmácia local, mas estava fechada. Médico só tinha na cidade vizinha de Adrianópolis (PR), mas estava viajando. Procurei então alguém que me emprestasse algum dinheiro pra levá-la até Apiaí. Não consegui! Ficamos então desesperados ali na frente de um hotel. Tomei a mão de minha esposa e lhe disse para não se preocupar que até o meio-dia a gente teria dado jeito naquela situação. Deus, certamente, não nos ia faltar naquela hora! E eu a lembrei do evangelho: “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á. Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão?”.

- Puxa pai! – comentou a minha filha - E Deus lhe atendeu ao pedido?

- Minha filha, pois deu meio-dia e o ônibus saiu. E, vendo o ônibus partir, eu entrei numa depressão total. Naquele momento desacreditei de tudo. Não era possível o que estava acontecendo: minha esposa ali com hemorragia, e eu não conseguir fazer nada para aliviá-la!

- Que situação hein! – exclamou Carlos César.

- Dizem que depois da tempestade sempre vem a bonança. Pois foi o que me aconteceu! Um carro parou na frente do hotel e o motorista (Sr. Alberto Augusto Lambert, conhecido por “Negrinho”), levantando os braços gritou: “Professor tenho uma boa notícia pra você! Joguei no bicho na sua intenção e faturei oito mil! E duzentos é seu!”. Eu não me contive e comecei a chorar. Ele também se emocionou e acabou me dando mais quinhentos! Já era o dobro do que eu recebia por mês. Em seguida, ele que já sabia do meu drama, providenciou que o Cláudio – um conhecido caminhoneiro da região –, me levasse até Apiaí.

Na padaria, numa mesa ao lado, percebi que um velho prestava muita atenção no que eu contava. Mas, não me incomodei com isso e continuei:

- Chegando a Apiaí, o Cláudio nos levou até a farmácia. E depois conseguiu um caminhoneiro de Monte Alto pra me levar até Sorocaba onde a Clarice poderia ser hospitalizada. Recomendou ao motorista que pagasse todas as despesas minhas. E assim foi feito! Até, hoje, Carlos, não sei por que essas pessoas fizeram tudo isso por nós! Mas, não me esqueço delas. Todas as noites eu peço a Deus pelo “Negrinho” e pelo Cláudio. Que Deus os recompense!

Nesse momento, uma voz misteriosa, grave, forte e firme, vindo da mesa ao lado, interrompe a nossa conversa e diz: “O CLÁUDIO SOU EU!”.

E era realmente o Cláudio, o caminhoneiro que me ajudou e que eu, depois de tantos anos sem vê-lo, não tinha reconhecido! Comovidamente abraçamo-nos, enquanto o Carlos César arrematava.

- É... Eu precisava realmente ouvir isto; e ver esta cena de testemunha!

- Depois termino a história, - eu lhes disse - mas, em resumo, no final daquela viagem recebi os 10 meses de salário atrasado e mais 08 meses de substituição atrasada de Diretor de Escola de Santa Cruz dos Lopes, em Itararé (SP), que eu tinha direito, referente a 1967.

Hoje, após 52 anos de casado, 06 filhos e 07 netos, louvo a DEUS pelo que passei na vida: “Então minh’alma canta a Ti, Senhor: Quão grande és Tu! Quão grande és Tu!”.

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