O POÇO DE CLARIDADE

 

“É dando que se recebe” (São Francisco).

Na reforma de uma casa defronte à minha, vi que no meio dela havia um espaço vazio, descoberto, entre os quartos. Curiosa, minha esposa pergunta ao pedreiro que a restaurava:

— Como é o nome desse lugar?

O pedreiro, sem pestanejar e meio sussurrando, rapidamente respondeu:

— Poço de Claridade.

— Poço de Caridade! – Mas, por que Poço de Caridade?

Silêncio total... Então, o pedreiro, meio amuado, se arriscou a esclarecer:

— Desculpe, a senhora não me ouviu bem!... É Poço de Claridade!...

— Nossa! Fiquei pensando outra coisa e me perguntando, porque ter um lugar na casa só pra caridade?...

“Rsrsrs”!... Depois das gargalhadas entrei na conversa.

— Mas, você não está errada não!... Por que não ter um lugar na casa pra Caridade? Afinal, não dizem que “Fora da Caridade não há Salvação”?...

— Hahaha!... Você e sua mania de filosofar!... Eu quero saber o porquê deste “Poço” aqui na construção!...

Apesar de sua simplicidade, o pedreiro nos deu uma sábia explicação:

— Poço de Claridade é como falam os operários... Os arquitetos chamam de “Poço de Luz”. Também é conhecido como Jardim de Inverno!... Talvez por ser um Jardim Vertical Interior à residência, para iluminação e ventilação natural de alguns cômodos; e que ainda serve de escoamento das águas de chuva vindas de outras dependências da construção.

Fui embora pensando nesse Poço de Claridade – um Poço de Luz necessário para humanizar algumas construções. Mas – pensei –, o corpo também precisa de um Poço de Luz para iluminar o espírito. E, neste caso, só poderia ser um Poço de Caridade! Ou seja, um Poço de Amor!

Dessa forma, o entendimento de minha esposa não estava errado, não!... Trata-se mesmo de um Poço de Caridade. Pois Caridade é a Claridade que nos ilumina! É um Poço de Luz Interior do qual bebemos os mais sagrados ensinamentos – um poço de água viva necessária ao Despertar de nossa Consciência!

JESUS, o arquétipo do amor, nos disse: “quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva!” (João 7,38); "Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa" (Mateus 10,42),

 

O Poço de Claridade me fez lembrar então o Poço de Jacó citado no capítulo 4 do Evangelho de João. Quando uma samaritana veio tirar água e Jesus, sentado à beira do poço, lhe pede: “Dá-me de beber”.  E ela o questiona: “como pedes de beber a mim, que sou samaritana?!”. E Jesus responde: “Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria uma água viva”.

E ela ainda questiona: “Senhor, não tem com que tirá-la, e o poço é fundo..., donde tens, pois, essa água viva?”. E o Mestre a esclarece: “Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede, mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Mas a água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna”.

“Senhor, dá-me desta água – suplicou a mulher – para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la”.

 

Os “rios de água viva” a que o texto sagrado se refere são rios de boas energias, que não vemos, mas que sentimos positivamente, quando fazemos o bem através da Caridade.

São “poços” de energias de amor que temos em abundância. E, com certeza, quanto mais nós as irradiarmos, mais dias felizes teremos!...

O Espírito Marco Prisco, através da psicografia de Divaldo Franco, no livro “Legado Kardequiano” nos dá uma aula sobre a Caridade, dizendo:

“Atenda a quantos lhe batem à porta como venham, como sejam, como estão. Nada pergunte, nada exija, nada imponha... Dê – se tiver. Ajude – se puder. Atenda – se quiser. Faça da caridade a mensageira do seu amor e viverá num mundo feliz”.

E o Bom Pastor, no Livro “Cartas de Cristo”, acrescenta: “O que está em sua mente certamente se tornará real no mundo”.

Lembre-se: A felicidade é a única coisa que podemos dar sem possuir.