Aquecendo a Vida

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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

PEDAGOGIA DO AMOR

“O educador se eterniza em cada ser que educa” (Paulo Freire)


Para Paulo Freire “a educação é um ato de amor”. E mais..., também é, “por isso, um ato de coragem”. Pois quem educa precisa ter uma grande energia moral diante das situações difíceis do processo de aprendizagem, que exige enfrentamento, perseverança e vontade firme para mudanças de atitudes no modo de ensinar.
A boa história, a seguir – de autor desconhecido –, protagonizada por uma professora, ilustra bem esse pensamento.
A professora Teresa conta, que no seu primeiro dia de aula parou em frente aos seus alunos do 5º ano do ensino fundamental e, como os demais professores, lhes disse que gostava de todos por igual.
No entanto, ela sabia que isso era quase impossível, já que na primeira fila estava sentado um garoto chamado Ricardo. Ela, aos poucos, notava que ele não se dava bem com os colegas de classe e muitas vezes suas roupas estavam sujas e cheiravam mal.
Houve até momentos em que ela sentia certo prazer em lhe dar notas vermelhas ao corrigir suas provas e trabalhos.
Ao iniciar o ano letivo, cada professor tinha que ler com atenção a ficha escolar dos alunos, para ficar ciente das anotações. Ela deixou a ficha de Ricardo por último. Quando a leu foi grande a sua surpresa...
Ficha do 1º ano: “Ricardo é um menino brilhante e simpático. Seus trabalhos sempre estão em ordem e muito nítidos. Tem bons modos e é muito agradável estar perto dele”.
Ficha do 2º ano: “Ricardo é um aluno excelente e muito querido por seus colegas, mas tem estado preocupado com sua mãe que está com uma doença grave e desenganada pelos médicos. A vida em seu lar deve estar sendo muito difícil”.
Ficha do 3º ano: “A morte de sua mãe foi um golpe muito duro para Ricardo. Ele procura fazer o melhor, mas seu pai não tem nenhum interesse e logo sua vida será prejudicada se ninguém tomar providências para ajudá-lo”.
Ficha do 4º ano: “Ricardo anda muito distraído e não mostra interesse algum pelos estudos. Tem poucos amigos e muitas vezes ele dorme na sala de aula”.
Ela se deu conta do problema e ficou terrivelmente envergonhada... E ficou pior, quando se lembrou dos lindos presentes de Natal que recebera dos alunos, com papéis coloridos, exceto o de Ricardo, que estava enrolado num papel de supermercado.
Lembrou que abriu o pacote com tristeza, enquanto os outros garotos riam ao ver que era uma pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume pela metade.
Apesar das piadas ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no braço e um pouco de perfume sobre a mão.
Naquela ocasião Ricardo ficou um pouco mais de tempo na escola do que o costume. Lembrou, ainda, que ele lhe disse:
− Você está cheirosa como minha mãe!
E, naquele dia, depois que todos se foram, Teresa chorou por longo tempo... Em seguida, decidiu mudar sua maneira de ensinar e passou a dar mais atenção aos seus alunos, especialmente Ricardo.
Com o passar do tempo ela notou que o garoto só melhorava. E quanto mais ela lhe dava carinho e atenção, mais ele se animava. Ao finalizar o ano letivo, Ricardo saiu como melhor da classe.
Seis anos depois, recebeu uma carta de Ricardo contando que havia concluído o ensino médio e que ela continuava sendo a melhor professora que tivera. As notícias se repetiram até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo Dr. Ricardo Stoddard, seu antigo aluno.
Tempos depois recebeu um convite de casamento. E no dia marcado, ela estava lá usando a pulseira que ganhou do Ricardo anos antes, e também o perfume.
Quando os dois se encontraram, se abraçaram e Ricardo lhe disse ao ouvido:
− Obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir importante, demonstrando que posso fazer a diferença.
E com olhos em lágrimas ela sussurrou:
− Engano seu! Depois que o conheci aprendi a lecionar e a ouvir os apelos silenciosos que ecoam na alma do educando.
Mais do que dar notas nas provas, o importante é ensinar com amor mostrando que sempre é possível fazer a diferença.
E o que faz a diferença é fazer acontecer o amor entre as pessoas, a solidariedade, a compreensão... O resto vem por acréscimo... É este o segredo do Evangelho.
Não é por acaso que Jesus é chamado de Mestre! Seus ensinamentos compõem o grande Projeto Pedagógico da Humanidade. Pois, tudo depende da Pedagogia do Amor – a arte de educar alguém com sentimento de afeição, respeito e compreensão.
Disse Jesus: "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" (Jo 13,35); "Assim é a vontade de vosso Pai celeste, que não se perca um só destes pequeninos" (Mt 18,14).
"Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar" (Provérbios 22,6).


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