“Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada
instante” (Paulo Freire)
Em Romanos, 12, 6, Paulo afirma que “temos dons diferentes, conforme a graça que
nos foi conferida”; e no versículo seguinte exorta: “Se tem o dom de ensinar, que ensine”.
Ser Professora é, pois, ter esse dom que ajuda a mudar
e melhorar pequenos detalhes da vida de cada aprendiz.
Detalhes que dependem de atitudes simples (como
dedicação, afabilidade...), mas que no resultado final faz uma grande diferença
na vida de cada um. Pois o bem que a professora faz no presente determina o que
será o aluno no futuro.
Lembrei-me,
então, da mensagem do livro “Pequenos
Milagres”, de Yitta Halberstam & Judith Leventhal, sobre
extraordinárias coincidências que transformam a Vida. E que ocorrem por um
Poder Maior que age em nossas vidas.
No último dia de aula, Liz, Jennifer e Stephanie foram
jantar fora para comemorar. Pediram bebidas, mas o clima não era de
divertimento. Como muitas professoras de escolas públicas localizadas na área
pobre da cidade de Tampa, elas estavam sentindo os efeitos depressivos da estafa
após mais um ano difícil. Ainda que normalmente formassem um grupo animado,
conversaram sobre como se sentiam desmoralizadas no final daquele ano letivo em
particular.
– Eu não fiz diferença para ninguém este ano – disse
Stephanie.
– Ah, tenho certeza de que fez – contestou Liz.
– É claro que fez – acrescentou Jennifer.
Ainda assim, ninguém parecia estar convencido. As três
professoras pagaram e, com sorrisos abatidos, desejaram um bom verão umas às
outras.
Stephanie Osborne foi para casa, sentindo-se
desanimada e deprimida. Ela temia que a realidade diária de seu trabalho
escolar acabasse reduzindo gradualmente o idealismo que alimentava sua alma.
Enquanto dirigia, tentava levantar seu estado de espírito com pensamentos
positivos.
“Sou uma professora de arte da sétima série na
periferia da cidade”, disse a si mesma. “Meu maior talento é relacionar-me com
alunos com quem ninguém mais consegue conviver. Olhe para o trabalho que fiz
com os meninos ‘problema’ no programa de reforço depois das aulas”.
Era verdade, ela fizera diferença – pelo menos na vida
de Steve, o primeiro aluno a quem havia dado aulas particulares. Destrutivo e
beligerante no começo; tornara-se prestativo e atencioso com a ajuda dela. Ele
só estava comportando daquela forma por causa de um período difícil em casa. Stephanie
sabia que toda criança tem uma essência positiva que precisa apenas ser
revelada e ter permissão para crescer. Ela ficara extremamente feliz quando as
notas de Steve subiram e as coisas começaram a melhorar para ele.
Mas isso fora há dois anos. Desta vez, ninguém a
abraçara no último dia de aula para se despedir como Steve havia feito. De
alguma maneira, os últimos dois anos não haviam trazido apenas sucessos, mas
alguns fracassos também – garotos que escapavam de sua influência.
Será que ela estava perdendo o jeito? Será que valia
realmente a pena? Será que era apenas idealismo da juventude acreditar que
todos os seres da Terra possuíam algo de único e positivo para oferecer?
Ficou perturbada com seus pensamentos e, enquanto
dirigia, pediu um sinal dos Céus. E então, quando chegou na entrada da casa,
ouviu o telefone tocar. Quem poderia ser àquela hora? Estacionou rápido e
vasculhou desajeitadamente a bolsa procurando as chaves, tentando atender ao
telefone antes que fosse tarde demais. Abriu a porta, correu para dentro e
pegou o telefone.
– Alô – ela disse, sem fôlego.
– Sra. Osborne? – disse hesitante, a voz familiar do
outro lado. – É o Steve!
Stephanie não conseguia acreditar no que estava
ouvindo. Seu coração se encheu de orgulho enquanto seu antigo aluno lhe contava
que seus problemas haviam acabado; que estava saindo bem na escola e que tinha
um emprego. Disse que estivera pensando nela.
Steve não podia saber o quanto aquele telefonema
significava para ela. Stephanie foi dormir naquela noite com a alma lavada,
achando que, ainda que fosse apenas por uma pessoa, seu trabalho valia a pena.
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