“A
fofoca é a arma dos fracos”
(Leandro Karnal)
−Eu não lhe disse que não dissesse a ninguém, aquilo
que lhe disse que não dissesse que eu disse?
−Mas eu não disse que você me disse que não dissesse.
−Pois então agora desdiga que eu disse que você
dissesse que eu disse que você não disse.
O diz-que-diz-que faz parte do cotidiano. Principalmente quando envolve assuntos de
política. Um pequeno comentário sem a menor importância, de repente pode se
transformar numa difamação. É como um telefone sem fio onde “cada
conto aumenta um ponto”.
Quando alguém lhe diz pra “não falar mal dos outros” está sendo seu amigo. Pois não está
defendendo a outra pessoa, mas está tentando proteger você!
A maldade
aciona uma lei espiritual que vai lhe trazer prejuízo..., vai colocar você em
desvantagem. E seu amigo sabe disso! Ele conhece esse mandamento.
O mexeriqueiro fala o que não deve..., e sai de
fininho. Age sempre com segundas intenções, pois o seu diz-que-me-diz-que tem por objetivos: melhorar a própria imagem depreciando
a dos outros; ou desvalorizar as pessoas por despeito.
Diz um
ditado: “A boca do tolo é a sua própria
destruição”. A boca fala do que o coração está cheio. Cuidado! "Porque é do interior
do coração dos homens que procedem os maus pensamentos [...]" (Marcos 7,21).
Dizem que “cabeça
vazia é oficina do diabo”, sabe por quê? Porque o disse-me-disse dos murmuradores da vida alheia – que vivem na
ociosidade –, além de fazer deles um canal de demônios, ainda lhes rouba a
presença de Deus.
Aí existem dois pecados: um ativo e outro passivo. Ativo
é o de quem difama com a língua. Passivo é o de quem escuta. E peca por cumplicidade!
E como é difícil nos policiarmos contra isso! Um dos
recursos é ser prudente, como manda o ensinamento cristão: “dizei somente:
‘Sim’, se é sim; ‘Não’ se é não. Tudo o que passa além disto, vem do
Maligno” (Mateus 5,37).
Jesus ainda nos ensina, em Lucas 17, que “É
impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm!”,
porque Quem planta vento colhe tempestades”.
Adaptei a este assunto a seguinte crônica de Martha Medeiros... FOFOCA: UMA OBRA SEM AUTOR.
O próprio som da palavra fofoca
dá a ela um certo ar de frivolidade. Fofoca, mexerico, coisa sem importância.
Difamação é crime, mas fofoca é só uma brincadeira. O que seria da vida sem um
bom diz-que-me-diz-que, não?
Mas, dispense os fofoqueiros. Quando
alguém se aproximar, segurar no seu braço e olhar para o lado antes de começar
a falar, já saiba que vem aí uma lama que não te diz respeito. Se não tiver
como fugir, deixe que a indiscrição entre por um ouvido e saia pelo outro,
dando assim ao seu interlocutor o pior castigo: não passarei adiante nem uma
palavra.
A fofoca nasce da boca de quem? Ninguém
sabe. Ouviu-se falar. É uma afirmação sem fonte, uma suspeita sem indício,
uma leviandade órfã de pai e mãe. Quem fabrica uma fofoca quer ter a sensação
de poder. Poder o quê? Poder divulgar algo seu, ver seu “trabalho” passado
adiante, provocando reações, mobilizando pessoas. Quem dera o criador da fofoca
pudesse contribuir para a sociedade com um quadro, um projeto de arquitetura,
um plano educacional, mas sem talento para tanto, ele gera boatos.
Quem faz intrigas sobre a vida
alheia quer ter algo de sua autoria, uma obra que se alastre e cresça, que se torne
pública e que seja muito comentada. Algo que lhe dê continuidade. É por isso
que fofocar é uma tentação. Porque nos dá, por poucos minutos, a sensação de
ser portador de uma informação valiosa que está sendo gentilmente dividida com
os outros. Na verdade, está-se exercitando uma pequena maldade, não prevista no
Código Penal.
Fofocas podem provocar lesões
emocionais. Por
mais inocente ou absurda, sempre deixa um rastro de desconfiança. Onde há
fumaça há fogo, acreditam todos, o que transforma toda fofoca numa verdade em
potencial.
Não há fofoca que compense. Se for mesmo verdade, é uma bala
perdida. Se for mentira, é um tiro pelas costas.
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