“No
mundo virtual todos somos superficialmente felizes” (Jane Silva)
Entrei no restaurante e escolhi uma mesa afastada do
movimento, pois queria aproveitar alguns minutos para comer e consertar bug’s de programação de um sistema que
estava desenvolvendo.
Pedi um filé de salmão com alcaparras na manteiga, uma
salada e um suco de laranja. Afinal de contas, fome é fome, mas regime é
regime, né?
Abri meu laptop
e levei um susto com uma voz baixinha atrás de mim:
− Tio, dá um trocado?
− Não tenho menino!
− Só uma moeda pra comprar pão!
− Está bem, compro um pra você!
Para variar, minha caixa
de entrada está lotada de e-mails.
Fico distraído vendo as poesias, as formatações, dando risadas com as piadas.
− Tio, pede pra colocar margarina e queijo também!?!?!
Noto que o menino tinha ficado ali.
− Ok! Vou pedir, mas depois me deixa trabalhar, estou
ocupado, tá?
Chega a minha refeição e junto com ela meu
constrangimento. Faço o pedido do menino, e o garçom me pergunta se quero que
mande o garoto ir “à luta”. Mas, meus
resquícios de consciência me impedem de dizer... SIM.
− Deixe-o ficar − digo, demonstrando que está tudo
bem. − E, por favor, não traga o pão, mas uma refeição decente para o menino, “à luta”.
Então o garoto sentou à minha frente e me perguntou:
− Tio, que você está fazendo?
− Estou lendo uns e-mails!
− O que são e-mails?
− São mensagens eletrônicas, mandadas por pessoas via
internet!
Sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de
livrar-me de maiores questionamentos, disse:
− É como se fosse uma carta, só que vem pela Internet?
− Tio, você tem Internet?
− Tenho sim!
− O que é Internet?
− É um local no computador, onde podemos ver e ouvir
muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar,
trabalhar, aprender!
− E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, novamente na
certeza de que ele pouco ia entender e, vai me liberar para minha refeição, sem
culpas.
− Virtual é
um local que imaginamos; algo que não podemos tocar. É lá que criamos um monte
de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos nossas fantasias, transformamos o
mundo, em quase, como queríamos que fosse.
− Legal isso. Adoro!
− Mocinho, entendeu o que é virtual?
− Sim, eu vivo nesse mundo virtual!
− Você tem computador?
− Não, mas meu mundo também é desse jeito virtual!!!! Minha mãe trabalha, fica o
dia todo fora e quase não a vejo; eu fico cuidando do meu irmão pequeno, que
vive chorando de fome e eu dou água para ele pensar que é sopa. Minha irmã mais
velha sai todo dia e diz que vai vender o corpo. Meu pai está na cadeia. Mas
sempre imagino nossa família toda em casa, muita comida, muitos brinquedos e eu
indo ao colégio. Isso é virtual, não
é tio?
Fechei o laptop,
em lágrimas. Esperei que o menino terminasse de, “devorar” o prato dele e paguei a conta. O troco eu dei-o ao
garoto, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já
recebi na vida e com um:
− Brigado, tio. Você é legal!
Essa história, de autor desconhecido, é a prova do “virtualismo” insensato, que vivemos! Ela
nos faz pensar no avanço tecnológico. Só de 2010 pra cá já temos telefones
celulares com acesso às redes sociais como facebook;
WhatApp; Instagran; Messenger; Twitter;
etc. Smartphone com hardware e software; para aplicativos como Waze (GPS) e outros. Sem contar o uso
por tecnologia de comunicação sem fio – Wi-Fi.
Quanto mais avançamos no mundo virtual mais nos
distanciamos do mundo real! Até crianças já possuem celular!
À medida que nos transportamos para as redes sociais, estamos
perdendo a nossa verdadeira identidade. Esquecemos a família e os amigos. Até
namoro é virtual! Vizinhos sequer se conhecem, por causa de pessoas conectadas
(viciadas)! E esse é um caminho certo para a alienação.
O ser humano se isola e isso é perigoso para o futuro
da humanidade!
Já passou a hora de avançarmos também no mundo real, de
reformularmos crenças e valores que nos conectem melhor com o próximo e com
Deus.
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