Aquecendo a Vida

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domingo, 28 de janeiro de 2018

AMARGO NAS ENTRANHAS

“Certas coisas só são amargas se a gente as engole” (Millôr Fernandes).



Um mecânico foi fazer um curso de aperfeiçoamento. O instrutor, durante o treinamento, sempre contava uma história a título de motivação dos participantes.
Quando a gente viajava de Trem – disse ele –, ao parar nas estações, havia sempre um funcionário da companhia que ia com um martelo batendo nas rodas dos vagões.
Um funcionário dessa função, depois de 35 anos de trabalho ia se aposentar. Seu chefe colocou um aprendiz que passou a acompanhá-lo no seu último dia de serviço. A cada estação desciam do trem e martelavam as rodas. E assim até o final da linha. Na despedida desejou sucesso ao rapaz e perguntou:
− Você tem alguma dúvida?
− Não, estou apenas curioso.
− Qual é a sua curiosidade?
− Eu quero saber só o porquê da gente ter que bater com o martelo na roda do Trem!
− Escuta aqui rapaz, estou com 35 anos de trabalho e até hoje eu não sei o porquê disso, e você logo no primeiro dia já quer saber! Ah, vá lamber sabão!
O palestrante, rindo, perguntou:
− Por que martelar as rodas do Trem? Alguém daqui sabe?
O referido mecânico levantou a mão e depois de autorizado, disse:
− Eu acho que é para verificar se não tem trincas nas rodas.
− Mas como você sabe disso?
− Na minha oficina, quando derrubo uma roda do carro no chão eu já sei pelo tinido se está trincada ou não. O som é bem diferente.
Essa história também serve para reflexão sobre os ensinamentos de Jesus. Pois, muitos vão ao culto religioso durante muitos anos, mas não sabem o porquê dos ensinos recebidos. São como o ferroviário que depois de 35 anos ainda não sabia por que martelava nas rodas dos vagões. Poucos são os que fazem uma reflexão para saber “o porquê” dos ensinamentos de Jesus! Para muitos, o sermão ouvido fica apenas da boca pra fora; não vai para o coração.
É o que está acontecendo. Nós sabemos que “a Fé sem obras é morta em si mesma”, como disse Paulo em sua carta a Tiago (2,17).
As obras de Amor ao próximo como ensinou Jesus estão na prática da caridade, em seu amplo sentido. E fora da caridade não há salvação!
Pode crer que vivemos um momento apocalíptico, de transição planetária, de separação do joio do trigo. O conhecimento do evangelho fica só da boca pra fora e não atinge o coração. E isso foi profetizado por João no Apocalipse (10,8-9):
"Então a voz que ouvi do céu falou-me de novo, e disse: Vai e toma o pequeno livro aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e a terra. Fui eu, pois, ter com o anjo, dizendo-lhe que me desse o pequeno livro. E ele me disse: Toma e devora-o! Ele te será amargo nas entranhas, mas, na boca, doce como o mel".
Essas profecias merecem uma pesquisa séria para a gente desvendá-las. O livro aberto na mão do anjo é o evangelho de Jesus. Devorar o livro é “mastigá-lo” ruminando seus ensinamentos, para absorvê-los integralmente dentro de si. Ou seja, é saber, pela meditação, o sentido de cada ensinamento e praticá-lo nas ações do cotidiano.
E ao vivenciá-lo será amargo nas entranhas. Ou seja, será amargo lá no âmago do ser, no fundo do coração, porque aí importa em mudanças de comportamento para realização das obras de amor.

Vivenciar o evangelho é resistir aos vícios, erros... A tudo que é contrario as leis de Deus. E isso é um aprendizado difícil, que implica em sair do lugar comum, deixar o comodismo mental, deixar de ser submisso, sair da monotonia de sua “vidinha” tranquila e segura, para reprogramar seus pensamentos e alterar sua rotina de vida. Ou, de outro modo, significa sair da sua Zona de Conforto para conhecer a verdade do evangelho, que só assim será na sua boca, doce como o mel.

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