Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

Radio

sábado, 23 de abril de 2016

A OPORTUNIDADE DE EVOLUIR!...

Guilhermina chegou e logo passou a descarregar sobre o sacerdote toda a sua fúria. Mal ouvira a saudação carinhosa de boas-vindas que lhe foi dirigida. Estava indignada e falava sem parar.
O religioso ouviu–a em silêncio e respeitosamente, certo de que a agressão costuma ser o lado explícito do temor, da angústia e da dor. Ele sabia, que ante a torrente de palavras não se poderia dialogar, pois ela não estava preparada para ouvir o que ele tinha a dizer-lhe.
A cólera dela não encontrava ali o incentivo da resistência, da reação que necessitava para nutrir seu coração sufocado por tanta aflição.
Descarregada a fúria inicial, em voz calma e pausada o sacerdote começou a colocar algumas observações, sem um discurso apelativo.
Guilhermina carregava uma pesada carga de equívocos. Sua mágoa maior era com os homens, seres egoístas, dominadores, irresponsáveis, que se punham como donos do mundo e das pessoas, especialmente das mulheres.
Vinha sofrendo com eles a vida toda. Eles a engravidavam e sumiam, deixando-a sozinha com os problemas decorrentes. E ela não tinha condições de cuidar daquelas crianças. Sua vida e sua “profissão” não permitiam. Por isso, eliminava-as ao nascerem. E por fazer aquilo sempre com uma ponta de angústia e remorso, confessou o seguinte fato:
– Certa vez, por uma dessas coincidências, eu e minha cachorrinha de estimação tivemos filhos no mesmo dia. E quando voltei da bárbara operação de dar sumiço no meu bebê, encontrei a cachorrinha em festa, orgulhosa de seus quatro filhotes. Ela fazia questão de me mostrar seus filhotes. Foi algo sobrenatural, “lá de cima”, pois ela parecia dizer: “Não são lindos?”.
– E como você se sentiu diante dessa cena? – perguntou o sacerdote.
– Totalmente arrasada – respondeu ela pensativa. – Foi uma cena que bateu fundo no meu coração. Pois, ao contrário de mim, em vez de livrar-se dos filhos a alegre cadelinha cuidava deles com toda a pureza de seu carinho materno, feliz com o presente que a vida lhe dava!
Ela nunca mais esqueceria daquilo. Nunca! E como a se desculpar pelos erros cometidos, disse:
– Sabe padre, o animalzinho tinha a dona, que a garantia na tarefa de cuidar de seus filhotes, mas eu não contava com a ajuda de ninguém!
Então, o sábio sacerdote, sem nenhuma acusação ou censura, comentou:
– Guilhermina, você tinha a Deus.
Ela voltou pra casa mergulhada em seus pensamentos, remoendo seus pecados e mal percebeu o momento que a porta do aposento em que se encontrava se abria discretamente.
A emoção bateu-lhe forte no peito e inundou seus olhos de lágrimas: “quem” acabara de entrar, feliz da vida, como sempre, abanando alegremente o rabinho, foi a sua companheira. Abraçou o animalzinho com todo o seu amor. E ali ficaram as duas, a curtir aquele momento de ternura. Afinal de contas, aquele bichinho sabia por onde passam os caminhos que levam a Deus (*).
Histórias dramáticas e tristes assim acontecem diariamente no Brasil, onde são realizados anualmente mais de 750 mil abortos em condições inseguras. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos), porém, cobra como compromisso do Governo Federal “não fazer nada que contradiga os valores cristãos”.
Segundo os espiritualistas, existem 35 bilhões de criaturas no Planeta Terra, sendo 28 bilhões na espiritualidade e 07 bilhões encarnadas. Ou seja, para cada habitante encarnado existem quatro na espiritualidade esperando uma oportunidade para nascer. Donde se deduz que aquela história de “eu não pedi pra nascer” é desculpa esfarrapada de irresponsabilidade com a vida; pois na realidade não só “pediu pra nascer”, mas até “implorou” essa oportunidade.
A Terra é uma escola. Para evoluir a criatura tem que estar encarnada; daí a luta do espírito por essa oportunidade muitas vezes não ter escolha, e aceita nascer em qualquer corpo, seja deficiente, com microcefalia...
Segundo Fernando Sabino, “Matar não é tão grave como impedir que alguém nasça, tirar a sua única oportunidade de ser. O aborto é o mais horrendo e abjeto dos crimes. Nada mais terrível do que não ter nascido!”


(*) História supracitada de Hermínio C. Miranda, encontrada no livro “Visão Espírita para o Terceiro Milênio”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário