Aquecendo a Vida

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domingo, 22 de setembro de 2013

É PRECISO AFIAR O MACHADO

“O tempo que você gosta de perder não é tempo perdido”.
(Bertrand Russel)



Num certo dia, um empregado apresentou-se numa fazenda pedindo trabalho. Como existia vaga, acertaram o preço e o novo empregado iniciou o trabalho no dia seguinte. Recebeu do patrão um machado bem afiado e a ordem de iniciar a derrubada do arvoredo.
Como é de costume nestes casos, o operário faria um período de experiências.
Passado uns dias, o patrão foi examinar o trabalho de seu novo empregado. Este, no primeiro dia, derrubou 200, no segundo dia derrubou 150. Mas, no terceiro dia foi ainda pior, baixou para 130.
Intrigado, o patrão quis saber se o empregado vinha trabalhando menos. Por acaso chegara ele mais tarde? Não, ele estava chegando mais cedo.
Então ele estaria demorando mais entre um golpe e outro do machado? Não ele estava batendo cada vez mais ligeiro... Tudo parecia um mistério, quando o patrão olhou o machado, bastante judiado, perguntou então ao empregado quantas vezes afiara o machado.
“Estive tão ocupado em derrubar árvores, que não tive tempo de afiar o machado...” – respondeu calmamente o empregado.

Tomei conhecimento do referido texto – cujo autor se desconhece – há alguns anos, quando amanhecia trabalhando, em casa, para resolver problemas da Delegacia de Ensino de Itararé. E descobri que quanto mais trabalhava mais erros cometia. Refleti muito sobre o assunto e percebi que a gente precisa realmente de descanso.
Descanso não se pode confundir com ociosidade. O descanso é um momento necessário depois de um trabalho estafante e que, muitas vezes, nos ajuda a ganhar tempo. Não é ociosidade e pode ser um momento precioso de criatividade.
É no momento de descanso que o nosso cérebro – a máquina de processamento mais perfeita e poderosa do universo – manipula, recupera, transforma e produz novas informações a partir dos dados iniciais.
É nesse momento que entra a intuição e temos então aquele repentino insight – que é um discernimento instantâneo do problema. Podemos então gritar: heureca! Tal qual Arquimedes – o grego mais notável da antiguidade.
Conta a lenda, que durante um banho, Arquimedes descobriu que seu corpo deslocava um volume de água proporcional ao peso. E foi assim que descobriu a sua famosa teoria dos corpos flutuantes.
Na vida, por vezes imitamos o cortador de árvores. Queremos resolver as nossas atividades rapidamente e nos preocupamos tanto, que acabamos produzindo pouco. Esquecemos de afiar o machado e isso acontece em todas as profissões.
Todos nós, de tempos em tempos, precisamos parar e rever nosso trabalho, nossos métodos, sacudir o pó da rotina. Em outras palavras, precisamos afiar o machado de vez em quando. Caso contrário, estaremos produzindo cada vez menos, com um trabalho cada vez mais estafante.

Talvez seja por isso que o Grande Arquiteto do Universo, se manifestando a Moisés de forma sobrenatural no Monte Sinai, revelou-lhe os Dez Mandamentos – que mudariam a história da humanidade –, contendo um muito especial, relacionado com o descanso, necessário para se obter uma vida digna e de muito sucesso: “Lembra-te do dia do Sábado para santificá-lo”.

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