“A Castidade só pode ser pensada em associação com a
virtude do Amor”.
(Papa João Paulo
II).
Um
jovem noviço chega ao mosteiro e lhe dão a tarefa de ajudar os outros monges.
Mas ele se surpreendeu ao ver as transcrições que eles faziam dos cânones e
regras da Igreja. Inconformado foi reclamar ao Abade:
—
Senhor, os monges transcrevem os documentos antigos a partir de cópias e não
dos manuscritos originais. Se um deles cometer um erro na primeira cópia, esse
erro não vai se propagar em todas as cópias posteriores?
— Meu
jovem, há séculos nós fazemos cópias da cópia anterior!... Mas acho procedente
a sua observação... Eu vou verificar isso.
Noutro
dia, o Abade desceu ao porão do mosteiro, onde eram conservados os manuscritos
e pergaminhos originais, intocados há muitos séculos. E lá passou muito tempo
sem dar qualquer sinal de vida.
Preocupado,
o jovem monge desceu pra ver o que estava acontecendo. Encontrou o Abade
completamente descontrolado, vestes rasgadas, batendo a cabeça nos muros do
mosteiro. Espantado, perguntou-lhe:
— Abade,
o que aconteceu?
— Aaaahhh!
Era Caridaaaadee!!! – urrou o Abade.
– Eram votos de Caridade que
tínhamos que fazer... E não votos de
Castidade!
Diante
desse relato jocoso, fico me perguntando, o que é mais difícil de ser
praticado: a Castidade ou a Caridade?
Se o Abade soubesse disso será que se indignaria tanto pelo erro encontrado?
Eu
acho que não! Pois embora a Castidade
seja definida como algo negativo, ela pode ser vista, por outra abordagem, de
forma positiva.
Castidade significa
abstinência de relações sexuais. Nesse sentido surgiu, nos E.U.A., um
movimento, conhecido como “Anel da Pureza”, que prega a abstinência
sexual até o casamento.
Conquanto
eu não tenha encontrado formalmente nos Evangelhos qualquer referência, entendo
que a Castidade é um dom de Deus, uma virtude Moral implícita nos ensinamentos de Jesus, daí a denominação
que muitos lhe dão de “Santa Pureza”.
Ela
está na Oração Dominical: “Não nos deixeis cair em tentação, mas
livrai-nos do mal”. Para se viver em Castidade não é preciso, pois, resistir às tentações? Quando pedimos
auxílio divino já não estamos reforçando a nossa resistência?...
Então,
ao superarmos as tentações, a vida se torna para nós um mar de rosas!... Cheia
de felicidade!... Que está na vitória contra nossos defeitos!... No sucesso que
alcançamos quando vencemos a nós mesmos...
Castidade significa, pois,
assim, o domínio que cada um deve ter de si mesmo, de suas neuras, de suas maledicências, de seus impulsos, de seus desejos,
de suas emoções e de todas as suas taras
relacionadas com o instinto animal. Para isso não importa o seu estado
situacional de vida quer seja jovem ou adulto, homem ou mulher, casado,
divorciado, viúvo ou solteiro...
A Castidade está na Regra de Ouro do “Amor
ao próximo”, que consiste em “tratar os outros da maneira que queremos
que nos tratem”. Pois – como dizem –: “Ninguém é tão alguém que não
precise de ninguém”. Se a gente precisa dos outros, também é nosso
dever ajudar quem precise de nós.
A Castidade, como um domínio de si mesmo é, pois, fundamental para a pessoa ser
capaz de se doar aos outros e ser alguém superior na vida. E nesse sentido de
doação, de entrega, a Castidade tem o perfume da Caridade.
A Castidade, por esse lado
positivo de virtude ativa, é que
deve governar a consciência humana. Ela é necessária para que a semente do Bem
germine e crie raízes em nosso coração, enquanto que a Caridade já é a etapa de florescimento e frutificação.
Assim
como a Castidade não é apenas a
continência dos impulsos sexuais, mas de tudo que é perverso, a Caridade também não é só dar esmolas...
Ambas são bases essenciais de apoio ao
aperfeiçoamento humano.
Contudo, “Fora da Caridade não há Salvação!”... Sem Caridade não há Fé e nem esperança num futuro melhor... Pois, na sua expressão mais completa ela resume todas as virtudes, sendo, assim, nosso verdadeiro Passaporte para a Vida além da Vida!
Tem fundamento...
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