“Não te suponhas tão grande ao ponto de pensares ver
os outros menores que ti”.
(Confúcio)
Quando uma pessoa diz que parou de comer
carne, pressupõe-se que ela comia carne antes. Ou, quando ela afirma que não vai
mais assistir noticiários pela tevê, pressupõe-se que ela sempre assistia aos
noticiários.
Pressupostos
são
informações adicionais que não
aparecem diretamente num texto, mas que estão implicitamente expressos no contexto
da informação. Implicitamente significa “não-ditos”
sugeridos de forma indireta pelo texto. Ou seja, é aquilo que está por detrás
das palavras. Que se lê nas entrelinhas! São recados adicionais que se
pressupõe das informações expressas de forma direta no texto.
O pressuposto,
por estar implícito no texto, se torna verdadeiro e é até mesmo irrefutável
pelo teor que evidencia. É o “não-dito”
que, de certa forma, sustenta o que está dito.
Pressuposto não deve ser
confundido com Subentendido. Como na
frase: Quando sair, não se esqueça de levar o guarda-chuva. Subentende-se que o
tempo está para chover.
Os pressupostos são mensagens adicionais evidentes, acrescentadas ao texto, enquanto que os subentendidos são mensagens escondidas, deduzidas pelo leitor, podendo, ao contrário dos
pressupostos, ser ou não verdadeiras.
Todavia, os pressupostos, assim como os subentendidos,
têm seus perigos. E podem causar mal-estares, incômodos, constrangimentos! Como
se vê pela história, a seguir:
Ele
abriu a porta e, surpreso, viu entrando o amigo que há tanto tempo não via.
Achou meio estranho que ele viesse acompanhado de um cachorro, forte,
saltitante e com ar agressivo. Cumprimentou o amigo efusivamente:
−
Quanto tempo, hein!
−
Quanto tempo – disse o outro.
O
cão aproveitou a saudação e entrou casa adentro. Logo um barulho na cozinha
demonstrava que ele tinha virado qualquer coisa. O dono da casa esticou as
orelhas. O amigo visitante, porém, nada.
− Pois
é... A última vez que nos vimos foi mesmo em...
O
cão passou pela sala, adentrou o quarto... E novo barulho, desta vez de coisa
quebrada. Houve um sorriso amarelo do dono da casa, mas perfeita indiferença do
visitante.
−
Quem morreu foi o... Você se lembra dele?...
O
cão saltou sobre um móvel, derrubou um abajur, pisou no sofá com as patas sujas
e deixou a marca digital de seu crime. Os dois amigos, tensos, agora fingiram
não perceber.
Por
fim, o visitante despediu-se e já ia saindo quando o dono da casa perguntou:
−
Não vai levar seu cachorro?
−
Cachorro? Ah, o cachorro! Oh, agora estou entendendo!... Não é meu não!...
Quando eu entrei, ele entrou comigo tão naturalmente que eu pensei que fosse
seu!
Era o dono da casa pressupondo que o
cachorro era do visitante, e o visitante entendendo que o cachorro era do dono
da casa... E isso frustrou o encontro dos amigos, apesar de tanto anos sem se
verem. Não houve a alegria do reencontro, muito comum nessas ocasiões, para
matar a saudade, relembrar o passado e obter as notícias dos familiares e
colegas de outrora.
O pressuposto ou subentendido de que o
cão era do outro, os colocou numa saia
justa difícil de contornar. Foi um constrangimento
incômodo para ambos... Um estranho mal-estar que, certamente, afetou dali por
diante a vida desses dois amigos.
Pressupostos
e Subentendidos,
então, têm lá seus perigos! E isso é até comum no relacionamento amoroso, mas que
às vezes nem é motivo para separação. Na vida familiar também há notícias de
malquerenças unicamente por desafetos ou desentendidos causados por situações
assim.
O perigo está na má interpretação, que
pode ser confundida como um julgamento feito por antecipação. E sabemos, que do
ponto de vista religioso prejulgamento é pecado, pois consiste num juízo que
emitimos sobre alguma coisa ou alguma pessoa sem exame prévio. Ou seja, quando emitimos
uma opinião ou julgamos sem conhecer realmente o assunto.
Por essas e outras, é que se recomenda
acolher a todos, com bondade, sem discutir as suas opiniões.
Prejulgamentos são energias negativas,
que podem então causar prejuízos, preocupações, implicâncias, hostilidades,
preconceitos, intolerâncias, desconfianças, etecetera e tal...
Jesus condena o prejulgamento.
“Não
julgueis, e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis
também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido também vós sereis
medidos”
(Mateus 7, 1 e 2).