“Plantando dá; não plantando, dão; então, não planto não” (ditado popular).
A vida do Zé Moleza era na rede. Nem pra comer ele se
levantava.
Sua mãe, antes de morrer, pediu aos filhos pra tomarem
conta dele. E, em obediência a ela, os irmãos davam até comida na boca do
coitado. E, se não dessem, ele não comia!...
Ora, um dia, o preguiçoso amanheceu quase morto de
tanta fraqueza e pediu pra ser enterrado vivo. Sua família que já não suportava
mais aquela difícil situação não pensou duas vezes e imediatamente providenciou
o funeral.
E, em procissão, naquela mesma rede, o “defunto” foi
levado ao cemitério. No caminho, o cortejo fúnebre cruzou com um velhinho numa
carroça carregada de arroz, que quis saber quem é que tinha falecido. O irmão
mais velho contou, então, que era o Zé Moleza, mas explicou que de tanta
preguiça ele preferiu ser enterrado vivo.
Com pena daquela situação, o velhinho, falando alto,
ofereceu ao preguiçoso um saco de arroz pra ele voltar pra casa. A rede então
estremeceu toda e lá do fundo uma voz perguntou:
− Arroz com casca ou sem casca?
− Com casca!... – gritou o velhinho.
− Então prossegue o enterro...
E, esticando-se na rede, Zé morreu mesmo, de pura
preguiça.
“Dolce far niente” é uma expressão italiana que significa “a doçura de não fazer nada” ou “agradável ociosidade”.
Não fazer nada pode ser: por despreocupação ou por
desocupação.
Por despreocupação é um merecido descanso após uma jornada
de trabalho.
O repouso após o trabalho constitui uma lei da natureza.
Serve para renovar as forças do corpo e dá mais liberdade à inteligência para
meditar sobre a vida. É um direito do trabalhador, abençoado por Deus! São
férias, licença-prêmio e aposentadoria merecidas. E, se utilizadas para
turismo, viram até arte!
Mas nada fazer, por desocupação, tem um sentido de apatia,
de quem nunca trabalha e que não acha o que fazer. Não passa de ociosidade, de
verdadeira preguiça – uma fraqueza da alma.
O personagem, supracitado, adepto da filosofia do “dolce far niente” é indolente mesmo! É aquele que se desanima por qualquer
contrariedade... Por menor que seja! Não é capaz de um esforço a mais, ou mesmo
de um pequeno sacrifício. Não é persistente, pois tem um grave defeito: a falta
de vontade.
O vadio esquece que o trabalho é determinação de Deus
para gerar progresso, avanço, melhoria, evolução e desenvolvimento capazes de
transformar a vida do mundo em que habita, e de lhe conferir maior significação
e alcance no contexto da experiência humana.
Deus condena a pessoa que é voluntariamente inútil e
que vive à custa do trabalho alheio. Deus é justo. Ele quer que cada pessoa se
torne útil na vida, para desenvolver suas capacidades. E, na medida do
possível, para auxiliar o próximo, quando for necessário.
Pelo testemunho de sua própria vida, Jesus foi um
magnífico exemplo de trabalho, quer como carpinteiro, quer como médico dos
enfermos. Ou como incansável mensageiro da Boa Nova!
E, pelas suas parábolas (dos trabalhadores e das diversas
horas do trabalho; dos dois filhos; das dez virgens; do talento; do servo
vigilante) condenou, veementemente, o espírito de preguiça.
Dizia ele: “Meu pai até agora não cessa de
trabalhar e eu obro também incessantemente” (João, 5, 17). E Tiago nos alertou: “A fé, se não tiver
obras, é morta em si mesma” (Tiago, 2, 17).
Conclui-se, diante disso, que o preguiçoso terá que
prestar contas um dia da sua inutilidade voluntária. Porque, para agradar a
Deus, não basta ao ser humano somente não praticar o mal. Cumpre-lhe trabalhar,
assegurar uma boa posição futura... E, segundo o Livro dos Espíritos (642), “cumpre-lhe
fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo o mal que
haja resultado de não haver praticado o bem”.
Pense nisso! Pois você poderá ser vítima da sua
própria omissão.
Por isso, vamos aproveitar bem o nosso tempo fazendo
sempre algo de útil para a humanidade. Assim, quando encerrarmos nossa jornada
na Terra, possamos ser incluídos entre aqueles considerados bem-aventurados, “porque
as suas obras os seguem” (Apoc., 14:13).
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