“Amigo é coisa
pra se guardar do lado esquerdo do peito” (Milton Nascimento)
“Amigos para sempre é
o que nós iremos ser...”. Ouvindo esta canção fiquei pensando na importância de se ter amigos.
Pessoas em quem podemos confiar. Então me veio à mente aqueles que pedem a Deus
por nós todos os dias e que retribuímos da mesma forma.
Mas a pergunta que não quer calar é:
Quem é o
nosso melhor amigo?
Busquei resposta nos livros sagrados.
Disse o Mestre: "Ninguém
tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos" (João
15,13).
Lembrei-me de alguém que morreu na cruz pela nossa
salvação. E ainda me lembrei de suas recomendações: "Digo-vos a vós, meus
amigos: não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois disto nada mais
podem fazer" (Lucas 12,4). "[...]
Mas chamei-vos amigos, pois vos dei
a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai" (João 15,15).
Somos uma gotinha no oceano.
O que importa, então, é que Jesus nos ama. Ele, na verdade, é o único que vai
nos ajudar mesmo: levantando-nos todas as vezes que caímos; amparando-nos todas
as vezes que nos envergonhamos; enxugando nossas lágrimas todas as vezes que
choramos; socorrendo-nos todas as vezes que estamos em perigo; consolando-nos
todas as vezes que nos sentimos injustiçados; guiando-nos todas as vezes que
nos sentimos perdidos...
Quando pensamos que estamos
sozinhos, Jesus está conosco. Mas Ele nos impõe uma condição: "Vós
sois meus amigos, se fazeis o que vos mando" (João 15,14). “Amarás
ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu
espírito e de todas as tuas forças. [...] Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Outro mandamento maior do que estes não existe” (Marcos 12, 30-31).
Lembrei-me então da sabedoria de um mendigo, num texto que
se vê por aí:
Serapião era um mendigo que perambulava pelas ruas tendo ao seu lado um
vira-lata branco e preto que atendia pelo nome de Malhado.
Serapião não
pedia dinheiro. Aceitava sempre um alimento qualquer.
Quando suas
roupas estavam imprestáveis, logo era socorrido por alguma alma caridosa.
Mudava a apresentação e era alvo de brincadeiras.
O velho
mendigo era conhecido como um homem bom, que perdera a razão, a família, os
amigos e até a identidade. Não tomava bebida alcoólica e estava sempre
tranqüilo, mesmo quando não recebia nada de comida.
Dizia sempre
que Deus lhe daria um pouco na hora certa, e no momento que precisava alguém
lhe estendia uma porção de alimentos. Rogava sempre a Deus pela pessoa que o
ajudava.
Tudo que Serapião
ganhava, repartia e dava primeiro para o Malhado.
Não tinham
onde passar as noites; onde anoiteciam, lá dormiam. Quando chovia, se abrigavam
embaixo da ponte.
Certo dia,
com a desculpa de lhe oferecer umas bananas, um homem foi bater um papo com o
velho mendigo. Iniciou a conversa perguntando:
− Qual a
idade do Malhado?
- Não tenho ideia. Nos encontramos num
certo dia perambulando aí pelas ruas. Nossa amizade começou com um pedaço de
pão. Ele parecia estar faminto e eu lhe ofereci um pouco do meu almoço e ele
agradeceu, abanando o rabo, e, daí, não me largou mais. Ele me ajuda muito e eu
retribuo essa ajuda.
- Como vocês se ajudam?
- Ele me vigia se estou dormindo; ninguém
pode chegar perto que ele late. Quando ele dorme, eu fico vigiando pra que
outro cachorro não o incomode.
- E você tem algum desejo na vida?
- Sim - respondeu ele -, tenho vontade de comer um cachorro-quente.
- Só isso? - Indagou.
- No momento é só o que eu desejo.
- Bem! Vou satisfazer o seu desejo.
Saiu e
comprou um cachorro-quente e o entregou ao mendigo. Ele arregalou os olhos,
sorriu e agradeceu. Em seguida tirou a salsicha, deu para o Malhado, e comeu o
pão com os temperos.
O homem não
entendeu aquele gesto, pois imaginava que a salsicha era o melhor pedaço e,
então, perguntou:
- Por que você deu para o Malhado, logo a
salsicha?
E ele, com a
boca cheia, comendo alegre e satisfeito, respondeu:
- PARA O MELHOR AMIGO, O MELHOR PEDAÇO!
“Sê para teu
melhor amigo aquilo que desejarias ser para ti mesmo”. (Shakespeare).