Aquecendo a Vida

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domingo, 13 de abril de 2014

A MANEIRA DE CADA UM ENCARAR O MUNDO

Quem ama sempre respeita o direito de escolha da pessoa amada



Como a gente vê a vida? Para você a vida é boa? Ela é bela ou não?
Pensando nessas e noutras questões assim, me veio à mente a canção “Tocando em Frente” de Almir Sater e Renato Teixeira, cuja letra nos diz ao final que “Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz”.
Fiquei meditando na beleza desses versos, e como envolvem toda uma filosofia. Pois, com histórias diferentes, todos nós construímos uma maneira diferente de encarar o mundo. E isso responde essas e outras questões da vida.
Lembrei-me ainda do seguinte texto, de autor desconhecido, que retrata melhor essas questões:

A VISÃO DE CADA UM

Dois homens, muito enfermos, ocupavam uma mesma enfermaria em um grande hospital.
Sua única comunicação com o mundo de fora era uma janela. Um deles tinha a sua cama perto da janela e tinha todos os dias, permissão para nela se sentar, por algumas horas. Tudo como parte do tratamento dos pulmões.
O outro, cuja cama ficava no lado oposto do pequeno cômodo, ficava o dia todo deitado de barriga para cima.
Todas as tardes, quando o homem cuja cama ficava perto da janela era colocado sentado, ele passava a descrever para o companheiro de quarto o que havia lá fora.
Falava do grande parque, cheio de grama verde, de árvores frondosas e flores mais além, em canteiros bem cuidados. Descrevia o lago, onde havia patos e cisnes. Falava das crianças que jogavam migalhas de pão para as aves, e dos barcos de brinquedo que coloriam as tardes de verão.
Falava dos casais de namorados que passeavam de mãos dadas entre as árvores, dos jogos de bola muito disputados entre a criançada.
Dizia que, bem além da linha das árvores, ele podia ver um pouco da cidade, o contorno dos altos prédios contra o azul do céu.
O homem deitado somente escutava e escutava. Houve um dia em que ouviu, preocupado, o caso de uma criança que quase caiu no lago, sendo salva a tempo por sua mãe.
Num outro dia, a descrição minuciosa foi a respeito dos lindos vestidos das moças que saudavam a primavera em flor.
O homem deitado quase podia ver o que o outro descrevia, tantos eram os detalhes e a emoção do companheiro sentado. E, aos poucos, foi se tomando de inveja. Por que somente o outro, que ficava perto da janela, podia ter aquele prazer? Por que ele também não podia ter aquela mesma oportunidade?
Enquanto assim pensava, mais se envergonhava e, no entanto, não conseguia evitar que tais pensamentos o atormentassem.
Certa noite, enquanto estava ali olhando para o teto, como sempre, percebeu que o outro começou a passar mal. Acordou tossindo, parecendo sufocar. Com desespero, o botão de emergência foi acionado. As enfermeiras correram. O médico veio. Nova aparelhagem respiratória foi providenciada, mas tudo em vão. O homem morreu.
Pela manhã, seu corpo sem vida foi retirado dali. Então, o homem, que permanecia sempre deitado, pediu para que o colocassem na cama do outro, próximo da janela.
Logo que assim foi feito e a enfermeira saiu do quarto, ele fez um grande esforço, apoiou-se sobre o cotovelo, na tentativa de se erguer do leito. A dor era intensa, mas ele insistiu. Com muita dificuldade, olhou pela janela e sabe o que ele viu?...
Viu apenas um enorme, alto e feio MURO DE PEDRAS.


A vida tem o colorido que a pessoa lhe dá. A paisagem se torna cinzenta ou plena de luz de acordo com as lentes de que se serve a pessoa para olhá-la.

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