“Tende
amor imenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados”
Paulo escreveu aos Coríntios falando sobre a grandeza
do Amor: “Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os
mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de
transportar montanhas, se não tiver amor, nada serei...”.
Qual é a coisa mais importante da nossa existência?
Seria a Fé a coisa mais importante? Ou seria a Caridade?
Por que o Amor é mais importante que a Fé?
− Porque a Fé é apenas uma estrada que nos conduz ao
Amor Maior.
Por que o Amor é mais importante que a Caridade?
− Porque a Caridade é apenas uma das manifestações do
Amor. E o todo é sempre mais importante que a parte. Além disso, a Caridade é
também uma estrada, uma das muitas estradas que o Amor utiliza para fazer com
que o Homem se una ao seu próximo.
E todos nós sabemos que há um bocado de “Caridade” sem
Amor! É muito fácil jogar uma moeda para um pobre na rua. É barato para nós, e
resolve o problema do mendigo. Entretanto, se realmente amássemos aquele pobre,
nós faríamos muito mais por ele.
Paulo compara o Amor com muitas coisas que, em seu
tempo, tinham valor para o homem. Além de comparar com a Fé e a Caridade,
compara o Amor com a Eloqüência, com a Profecia, com os Mistérios, com a
Esperança, com o Sacrifício e o Martírio.
E depois dessas comparações, termina afirmando que se
tivermos tudo isso e esquecermos o Amor, para nada servirá o nosso esforço.
Porque podemos conseguir tudo. Mas, se não tivermos Amor, tudo isso não
significará nada para nós nem para a causa de Deus.
O Amor é vida, tudo pode e tudo vence, encontrando
soluções para as situações mais difíceis.
Há um conto de autor desconhecido, que ilustra bem
isso.
Houve, séculos atrás, uma tribo cujo Chefe, além de
poderoso, era conhecido também por sua sabedoria.
Desejando que o povo vivesse em segurança, ele criou
leis abrangendo todos os aspectos da vida tribal.
Eram leis severas que ele, como juiz imparcial, fazia
cumprir com rigor.
Certa feita, problemas começaram acontecer na tribo.
Alguém estava cometendo pequenos furtos.
O Chefe reuniu a tribo e com tristeza no olhar, frisou
que as leis tinham sido feitas para protegê-los, para ajudá-los. Como todos
tinham o de que necessitavam para viver, não havia necessidade de ocorrerem
furtos.
Assim, ele estabeleceu o castigo habitual de 20
chibatadas ao responsável.
Os furtos, entretanto, continuaram. Ele voltou a
reunir o grupo e alterou o castigo para 30 chibatadas. Mas os furtos não
cessaram. Então ele aumentou o castigo para 40 chibatadas.
Finalmente, um homem veio dizer que tinha identificado
o autor dos furtos. Todos se reuniram para ver quem era.
Um murmúrio de espanto percorreu a pequena multidão,
quando a pessoa foi trazida por dois guardas. A face do Chefe empalideceu de
susto e sofrimento. Era sua mãe. Uma senhora idosa e frágil.
Então, todos começaram a se questionar: “E agora? O Chefe
seria imparcial? Será que cumpriria a lei? O amor da mãe seria capaz de
impedi-lo?”.
Notava-se a luta íntima do Chefe.
− Meu amado povo – disse ele –, eu faço isso pela
nossa segurança e pela nossa paz. As 40 chibatadas devem ser aplicadas, porque
o sofrimento que este delito nos causou foi grande demais.
Acenou com a cabeça e os guardas fizeram sua mãe dar
um passo à frente.
O carrasco se aproximou, retirou o manto dela,
deixando à mostra as costas arqueadas, e levantou o chicote.
Nesse momento, o Chefe deu um passo à frente. Retirou
o seu manto e todos puderam ver seus largos ombros.
Com muito carinho, ele passou os braços ao redor de
sua querida mãe, protegendo-a, por inteiro, com o próprio corpo. Ele encostou o
seu rosto ao da mãe e misturou as suas lágrimas com as lágrimas dela.
Murmurou-lhe algo ao ouvido e, então, fez um sinal afirmativo para o
encarregado.
O homem se aproximou e desferiu nos ombros fortes e
vigorosos do Chefe da tribo uma chibatada após outra, até completar exatamente
40.
Foi um momento inesquecível para toda a tribo que
aprendeu, naquele dia, como se pode harmonizar com perfeição o AMOR E A
JUSTIÇA.
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