“Pela obra se conhece o autor” (provérbio popular).
A existência de Deus até hoje ainda
suscita muita reflexão. Enquanto os materialistas defendem a tese da “autocriação” do mundo, afirmam os
espiritualistas que Deus é a Inteligência Suprema do Universo, a Causa Primária
de todas as coisas.
Apesar de já ter lido muitas obras
materialistas, o sentimento intuitivo de Deus sempre existiu no meu íntimo, conforme
várias ocasiões que vivenciei.
Uma delas ocorreu-me depois de completar
30 anos de idade (1974), quando lecionava no Bairro Catas Altas, em Ribeira SP.
Nessa época, eu fazia uns bicos tocando acordeão em bailes de mutirão dos
trabalhadores da roça.
Certa vez não muito distante do Bairro
Ilha Rasa, há uns 15 km de minha casa, eu retornava a cavalo de uma festa
dessas, sanfona na garupa, quando do alto da serra avistei o Rio Ribeira, correndo
imponente por entre a majestosa vegetação da floresta.
O colorido primaveril da mata em flores enfeitava
o grande vale. A pé subi a um ponto mais alto para apreciar, prazerosamente, a magia
das borboletas, o trinado da araponga, e ouvir o gorjear dos pássaros em
revoada.
Encantei-me com o lindo dia de brancas
nuvens e céu azulado e senti o calor de um sol radiante que aquecia aquela bela
manhã que se levantava.
Percebi a brisa que soprava balançando
as palhas dos coqueirais que despontavam ao lado das araucárias.
Foi um dos melhores momentos que eu
vivi! Fiquei feliz e maravilhado contemplando aquele mistério da natureza e
refletindo sobre a grandiosidade do Criador.
Ali, no alto da serra, sem mais ninguém,
permaneci distraído, olhando a natureza em festa daquele vale encantado,
pensando na sua riqueza mineral, nas espécies de peixes do rio, nos frutos e
raízes nativas que alimentavam os humildes ribeirinhos.
Refleti, ainda, sobre as espécies de
plantas medicinais e ornamentais, que a natureza oferece gratuitamente à
humanidade e, elevando a alma por alguns instantes, em êxtase, perdi a noção do
tempo... Só sei que uma sensação de infinito tomou conta de meu espírito e
chorei copiosamente, diante da suprema força que criou tudo aquilo com tamanha
perfeição. E redescobri Deus! Porque Deus já estava dentro de mim.
Hoje sei que Deus é Amor, a Energia Suprema
do Universo, na qual todos nós estamos mergulhados, tal qual peixes no mar.
Estamos em Deus e Deus está em nós. Sei que Deus é soberanamente justo e bom;
suas leis são perfeitas, e sua misericórdia infinita. E que nenhum de seus filhos se perderá.
Deus nos deu o livre-arbítrio para
decidirmos e termos o mérito de tudo que realizamos para o nosso
aperfeiçoamento. Ele conhece as infinitas possibilidades de nosso
livre-arbítrio. Não interfere nas nossas escolhas, mas as controla para que
cheguemos sempre a um porto feliz. .
Esta intuição da existência de Deus, que
por um momento nos arrebata, não é fruto da atual educação, pois existe até
mesmo no íntimo dos nossos selvagens. Temos esse sentimento por instinto, em consequência
do princípio da natureza de que não existe efeito sem causa.
A tese materialista de que o mundo se
criou por acaso, já não se sustenta mais nem mesmo no meio acadêmico, diante do
grande avanço da Física Quântica, que provocou uma verdadeira revolução na
opinião científica atual.
Para finalizar, há uma conhecida
história, que de maneira simples faz a gente pensar sobre a existência de Deus.
Um Senhor foi a uma barbearia. E enquanto tinha seus cabelos cortados
conversava com o Barbeiro. Falava da vida e de Deus. Daí a pouco, o Barbeiro
incrédulo não aguentou mais e falou:
− Deixa disso, Deus não existe!
− Por quê?
− Ora, se Deus existisse não haveria
tantos miseráveis passando fome! Olhe em volta, quanta tristeza. É só andar
pelas ruas e enxergar!
− Bem, esta é a sua maneira de pensar,
não é?
− Sim, claro!
O freguês pagou o corte e foi saindo,
quando avistou um maltrapilho imundo, com longos e feios cabelos, barba
desgrenhada, suja, abaixo do pescoço. Não aguentou, deu meia volta e interpelou
o Barbeiro:
− Sabe de uma coisa? Não acredito em barbeiros!
− Como?
− Sim, se existissem barbeiros não
haveria pessoas de cabelos e barbas compridas!
− Ora, eles estão assim porque querem.
Se desejassem mudar viriam até mim!
− Ah! Agora você entendeu, hein!...