Aquecendo a Vida

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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O EFEITO BORBOLETA

“O bem e o mal estão diante do homem; o que ele escolher, isso lhe será dado”.
(Eclesiástico 15,18)



O superior do mosteiro deu aos monges a seguinte recomendação:
– Vou partir para uma longa viagem e quero que vocês cuidem do mosteiro com carinho e austeridade. Levem uma vida simples, humilde e sem esquecer o nosso voto de ter apenas o imprescindível ao nosso sustento.
Assim, cada monge tinha apenas uma túnica e um par de sandálias.
Após o superior ter partido, o mosteiro foi atacado por uma praga de ratos vorazes, que roíam furiosamente tudo que encontravam pela frente. Nem as sandálias dos monges escaparam!
– É preciso arranjar uns gatos – disse um dos monges, obtendo imediatamente a aprovação de todos para a sua idéia.
Pra vencer os ratos, os gatos tomavam muito leite. E, assim, uma nova idéia foi aprovada: arrumar uma vaca.
A vaca fornecia leite, mas também precisava comer. Por isso, os monges resolveram formar um pasto. Pra isso adquiriram adubo e ferramentas, construíram um paiol para armazenar as colheitas e um estábulo para os cavalos que conseguiram para puxar os arados e fazer os transportes...
Passaram-se os anos, e quando o superior voltou encontrou no local do mosteiro uma próspera fazenda, com rebanho e muitas plantações. E, ao adentrá-la, reconheceu um dos seus antigos monges e passou a interrogá-lo:
– Mas o que vem a ser isso tudo? O que foi que vocês fizeram do nosso mosteiro? Eu não lhes recomendei que levassem uma vida simples e sem ostentação, tendo apenas o necessário para a sua subsistência?
– Sim, mestre, sim, e era exatamente isso que estávamos fazendo. Mas aí os ratos apareceram...
Nesta história, o caos, provocado pelos ratos, acarretou “por acaso” uma pequena mudança com tantas alterações, que a vida ali nunca mais foi a mesma.
Esta transformação aleatória é explicada pela Teoria do Caos – um estudo da desordem organizada; mostrando que há ordem na desordem.
Esta teoria entrou em voga quando se descobriu que pequenas mudanças ou pequenos erros podem produzir efeitos desproporcionais. Chamou-se a esta descoberta de “Efeito Borboleta”. Isso, porque ela buscava uma resposta à seguinte previsibilidade: pode o bater de asas de uma borboleta no Brasil desencadear um tornado no Texas? Noutras palavras: fatores insignificantes, distantes, podem produzir resultados catastróficos e imprevisíveis?
Os pesquisadores afirmam que sim.
Pequenas mudanças têm grandes resultados, porque em vez de adicionadas umas às outras, elas ocorrem de multiplicadas formas.
São os pequenos desvios da natureza que acarretam tsunamis, terremotos, maremotos, tufões, tornados, furações...
O mosteiro nunca mais foi o mesmo desde que apareceram os ratos!...
Esse princípio também pode ser aplicado à nossa evolução espiritual. Um comportamento errado pode desencadear uma montanha de tormentos, que só a fé inabalável em Deus poderá removê-la. A mentira ou a calúnia também pode levar à guerra uma nação inteira!
Na insensata satisfação de um simples desejo há graves conseqüências.
Um descuido na educação da criança ou do adolescente pode empurrá-lo para a delinqüência. Pense nisso! E lembre-se do sábio conselho do Mestre Maior: orai e vigiai para não cair em tentação!
Todavia, o caos provocado pelo mal, gera sofrimento, aflições, que acabam nos impulsionando para uma nova ordem mais aprimorada.
Então, o mal se transforma num bem? Sim, pois até o mortal veneno da cascavel se transforma num poderoso analgésico!
Donde se conclui que o mal não existe, mas é apenas uma ilusão. O Mal é, pois, somente a ausência do Bem! E o caos da morte uma “transformação” para outras moradas da Casa do Pai Eterno, na busca da Perfeição. Assim como a metamorfose da borboleta, que ao se libertar da crisálida, mostra ao mundo as suas mais belas cores e seu belo vôo.
Por essa teoria se percebe o amor Divino e toda a sua misericórdia.

Reflitamos, pois, então, sobre a gênese: No princípio era o Caos...

domingo, 18 de outubro de 2015

O BICHO-DA-CONSCIÊNCIA

“O remorso é uma força preliminar para os trabalhos reparadores”.
 (Humberto de Campos).



Uma mulher vai ao seu terapeuta, que a atende semanalmente, e entra queixando-se das agressões verbais recebidas do marido, censurando-a por ser péssima mãe e péssima esposa. Diz sentir-se agredida e humilhada, porque sabe ela ser ótima mãe e esposa devotada. O médico ouve-a atentamente e quando ela encerra as reclamações, ele diz:
– Eu não me importaria com isso, mas sim, com a mancha no seu rosto.
− Eu não tenho mancha no rosto.
− Tem sim, estou vendo.
− Não, eu não tenho! – contesta a paciente convicta.
A conversa continua com os queixumes dela. Depois de algum tempo, ele pergunta à mulher:
− Por que você não se incomodou com a minha afirmação de que tinha uma mancha no rosto?
− Porque sei que não tenho, diz ela.
− Eis aí – afirma o médico –, a resposta que precisava para suas lamentações. Se as agressões do seu marido lhe fazem tanto mal e a incomodam muito, é porque você própria não tem certeza de ser boa mãe e boa esposa. A agressão atingiu-a, porque refletiu sua própria realidade interior.
Emmanuel nos ensina, nesta mensagem, psicografada por Chico Xavier (com pequenas adaptações), a essência da recomendação do evangelho de não julgarmos para não sermos julgado por nós mesmos.
Um julgamento equivocado pode nos acarretar futuramente um profundo arrependimento. Digo, futuramente, porque o arrependimento depende de uma maturidade espiritual, que leva a pessoa a refletir sobre a violação de sua conduta moral, na livre aceitação do castigo e na disposição de evitar futuras violações.
Quando o arrependimento leva a uma inquietação da consciência pela culpa cometida, surge, então, o Bicho–da–consciência, que vai remordendo por dentro, repetidas vezes. Cada mordida desse “bichinho” faz a pessoa se remoer. E, então, não para de ruminar, cismar e parafusar por dentro. Isso é o remorso – ou dor de consciência –, que deixa a mente em brasas ardentes, dando ensejo às murmurações, que a eloquência do Evangelho denomina poeticamente de ranger de dentes.
Segundo o Livro “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec, cap. VI, “O arrependimento acarreta o pesar, o remorso, o sentimento doloroso, que é a transição do mal para o bem, da doença moral para a saúde moral. É para se furtarem a isso que os Espíritos perversos se revoltam contra a voz da consciência, como doentes que repelem o remédio que os há de curar. E assim procuram iludir-se, aturdir-se e persistir no mal”.
Quando, pois, o “Bicho pega pra valer”, as brasas se acendem em labaredas, em fogueiras, que atormentam o pecador, incessantemente, levando-o ao desespero e até mesmo ao suicídio.
Chamas assim só se apagam com muitos esforços reparadores, dores e poças de lágrimas! 
E não é castigo, não! É apenas o cumprimento da Lei, que estabelece uma reação pra cada ação que praticamos, seja ela boa ou má. Pois, cada um colhe aquilo que plantou. “Quem semeia vento colhe tempestade”; quem semeia ódio colhe sofrimento; e quem semeia amor, colhe paz, alegria, felicidade...
Ciente de que progredimos e que ninguém é eternamente condenado, é fácil entender a eficácia da prece, que contém em si mesma os germes para essa cura.
Se “orar é amar e amar é orar”, oremos, pois, pelos que se arrependem! Pois o arrependimento é o prelúdio do perdão! O alívio para o sofrimento.
Da fúria do Bicho-da-consciência nem Judas Iscariotes escapou, mesmo sendo o mais culto dos discípulos e um apaixonado pelas idéias socialistas do Mestre. Embora zeloso pela doutrina cristã, ele fez sacrificar seu fundador.
Judas, nestes séculos, tem sido execrado por causa de trinta moedas de prata. Mas, certamente, conta com a misericórdia divina – que é infinita!
No entanto, como fica a consciência dos vendilhões do Templo sagrado, que continuam vendendo Jesus no mundo, a grosso e a retalho, por todos os preços, em todos os padrões do ouro amoedado?!..

sábado, 10 de outubro de 2015

O MAIOR AMIGO DA HUMANIDADE

“Tome a sua cruz e siga-me” (Marcos 08, 34).



Minha mãe me perguntou:
− Minha filha, qual é a parte mais importante do corpo?
− Minhas orelhas, mãe.
− Não. Muitas pessoas são surdas... Mas continue pensando sobre este assunto. Logo eu volto a lhe perguntar.
Algum tempo se passou até que minha mãe perguntou outra vez. Eu havia pensado bastante e desta vez eu lhe disse:
− Mãe, a visão é muito importante para todos, então devem ser nossos olhos.
Eu havia errado outra vez!
Ela me olhou e disse:
− Você está aprendendo rápido, mas a resposta ainda não está correta, porque há muitas pessoas que são cegas...
Continuei a busca. Minha mãe voltou ao assunto várias vezes, mas a cada resposta minha, ela retrucava:
− Não... Mas você está mais esperta!
Então, um dia, meu avô morreu. Todos tristes, choravam. Até meu pai chorou. Naquele momento minha mãe olhou para mim e me perguntou:
− Você já sabe qual a parte do corpo mais importante?
Fiquei chocada pela pergunta bem na hora do adeus ao vovô. Sempre achei que era apenas um jogo entre nós duas.
− Hoje é o dia que você necessita aprender esta importante lição – disse ela.
Depois ela me olhou de um jeito que só uma mãe pode fazer e falou:
− Minha querida, a parte do corpo mais importante são seus ombros.
Intrigada, perguntei:
− Porque sustentam minha cabeça?
− Não – respondeu ela –, é porque podem apoiar a cabeça de um amigo ou de alguém amado, quando eles choram. Todos precisam de um ombro para chorar em algum momento da vida.
Naquela hora descobri isso e, também, a importância de ser “simpático” à dor dos outros. Pois, quem precisou de um ombro amigo fui eu.
− Espero que você tenha bastante amor e amigos e que seus ombros estejam sempre à disposição quando alguém precisar – disse minha mãe.
Sempre que recordo este fato lembro-me desta citação: “As pessoas esquecerão do que você disse... Esquecerão do que você fez... Mas as pessoas nunca esquecerão do que você as fez sentir”.
Estava eu pensando nesta conhecida mensagem, quando entrou em casa um amigo. Falávamos então sobre nossa preocupação com os filhos, inclusive os já casados, quando ele me disse:
− Filho é assim: “na barriga até nascer, no colo até crescer e nas costas até morrer”.
Achei a frase primorosa e complementar à mensagem, pois as costas e os ombros, filosoficamente, têm o mesmo sentido. Mostra, pois, a parte do nosso corpo, quando assumimos o papel de verdadeiro amigo dos nossos filhos.
Lembrei-me então de Jesus – o Maior Amigo da Humanidade – que carregou nos ombros pesada cruz sem reclamar, para dar o exemplo de como devemos segui-lo, e antes ainda conclamou:
“Vinde a mim todos os que estais fatigados e carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo (*) e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu peso leve”. (Mateus 11, 28-30).
 (*) JUGO = canga – peça de madeira para emparelhar dois animais, como na junta de bois. É, portanto, símbolo de servidão, de constrangimento.
Na época de Jesus o povo vivia sob o jugo de Roma, de tirania e opressão. Jesus diferentemente dos romanos propõe então um jugo suave, leve, baseado na observação da LEI DO AMOR.
Uma canga amorosa de muitos elos, para unir toda a humanidade. Este é o jugo suave e leve de Jesus, que leva o indivíduo, através de seus ensinamentos, a ser humilde, caridoso, mais humano...
O jugo de Jesus é leve, porque com seus ensinamentos a pessoa se espiritualiza e toma consciência da razão da sua dor. Sabe por que sofre. E daí, mesmo sofrendo, ama o próximo e vai ao seu encontro consolando, ofertando um ombro amigo no seu momento difícil, compreendendo a sua dor.

O jugo de Jesus é suave, pois quando amamos o próximo sentimos alegria na superação da sua dor. E também nos sentimos felizes ao vencermos a nós mesmos, ao superarmos a dor da nossa própria transformação moral. 

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

A MAIOR VIRTUDE

“Caridade é o roteiro de paz para nossas vidas” (Pai João de Angola)



Um dia, um rapaz pobre que vendia mercadorias de porta em porta para pagar seus estudos, viu que só lhe restava uma simples moeda de dez centavos e tinha fome. Decidiu que pediria comida na próxima casa. Porém, seus nervos o traíram quando uma encantadora mulher jovem lhe abriu a porta. Em vez de comida pediu um copo de água. Ela pensou que o jovem parecia faminto e assim lhe deu um grande copo de leite.
Ele bebeu devagar e perguntou a ela:
− Quanto lhe devo?
− Não me deves nada. Minha mãe sempre nos ensinou a nunca aceitar pagamento por uma oferta caridosa.
− Pois lhe agradeço de todo coração.
Quando Howard Kelly saiu daquela casa, não só se sentiu mais forte fisicamente, mas também sua fé em Deus e nos homens ficou mais forte.
Anos depois essa jovem mulher ficou gravemente doente. Os médicos locais estavam confusos. Finalmente a enviaram à cidade grande, onde chamaram um especialista para estudar sua rara enfermidade.
Chamaram ao Dr. Howard Kelly para examiná-la. Quando ele escutou o nome do povoado donde ela viera, uma estranha luz encheu seus olhos. Imediatamente subiu do vestíbulo do hospital a seu quarto. Vestido com a sua bata de doutor foi ver a paciente. Reconheceu-a imediatamente. Retornou ao quarto de observação determinado a fazer o melhor para salvar aquela vida.
A partir daquele dia dedicou atenção especial àquela paciente. Depois de uma demorada luta pela vida da enferma, ganhou a batalha.
O Dr. Kelly pediu à administração do hospital que lhe enviasse a fatura total dos gastos para aprová-la. Ele a conferiu e depois escreveu algo e mandou entregá-la no quarto da paciente.
Ela tinha medo de abri-la, porque sabia que levaria o resto da sua vida para pagar todos os gastos. Mas finalmente abriu a fatura e algo lhe chamou a atenção, pois estava escrito o seguinte: “Pago totalmente faz muitos anos com um copo de leite (assinado) Dr. Howard Kelly”.
Lágrimas de alegria correram de seus olhos e seu coração feliz rezou assim: “Graças meu Deus porque teu amor se manifestou nas mãos e nos corações humanos”.
Jesus nos trouxe a revelação do amor a Deus e ao próximo como roteiro seguro de libertação. Pois o orgulho, o egoísmo, a vaidade, o ciúme, o ódio, a inveja e tantos outros vícios nos fazem prisioneiros da maldade, que nos arrasta pelos submundos da violência, da perdição, da dor e sofrimento.
Atualmente, os espíritos não só ratificam os ensinamentos de Jesus, como os fortalecem ainda mais e ampliam seus conceitos com as luzes da verdade, para mostrar que “Fora da caridade não há salvação”.
Tá lá na questão 886 do Livro dos Espíritos (de Allan Kardec), quando diz que o verdadeiro sentido da palavra caridade é ter “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias e perdão das ofensas”.
A caridade, portanto, não se restringe a dar esmolas. É mais abrangente, pois envolve todas as relações humanas de respeito, consideração, de gratidão...
Enfim, o caridoso é pessoa do Bem: que ama o próximo como irmão e, por isso vai ao encontro dele quando precisa, sem esperar que lhe estenda a mão... Que não vê os defeitos de seus semelhantes... Que procura de todas as formas não fazer inimigos... Que se reconcilia com seus adversários... E que perdoa seus desafetos e ainda ora por eles!
São Paulo em Coríntios, capítulo 13, coloca a caridade como a mais excelente das virtudes. A MAIOR delas; sabe por quê? Porque a caridade anda de mãos dadas com a humildade e, por isso, não admite ostentação na sua prática.
A ostentação tira o mérito do benefício, tanto que Jesus alertou: “Que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita” (Mateus 6,3).
Leia (Lucas 21, 2-4), sobre o óbolo da viúva, e a epístola aos Romanos (2,6), sobre o Juízo de Deus, que retribuirá “A cada um, segundo as suas obras”.

 Lembre-se também desta mais pura verdade: “Tudo o que você dá para o mundo, o mundo te devolve”.