“O bem e o mal estão diante do homem; o que ele
escolher, isso lhe será dado”.
(Eclesiástico 15,18)
O superior do mosteiro deu aos monges a seguinte
recomendação:
– Vou partir para uma longa viagem e quero que vocês
cuidem do mosteiro com carinho e austeridade. Levem uma vida simples, humilde e
sem esquecer o nosso voto de ter apenas o imprescindível ao nosso sustento.
Assim, cada monge tinha apenas uma túnica e um par de
sandálias.
Após o superior ter partido, o mosteiro foi atacado
por uma praga de ratos vorazes, que roíam furiosamente tudo que encontravam
pela frente. Nem as sandálias dos monges escaparam!
– É preciso arranjar uns gatos – disse um dos monges,
obtendo imediatamente a aprovação de todos para a sua idéia.
Pra vencer os ratos, os gatos tomavam muito leite. E,
assim, uma nova idéia foi aprovada: arrumar uma vaca.
A vaca fornecia leite, mas também precisava comer. Por
isso, os monges resolveram formar um pasto. Pra isso adquiriram adubo e
ferramentas, construíram um paiol para armazenar as colheitas e um estábulo
para os cavalos que conseguiram para puxar os arados e fazer os transportes...
Passaram-se os anos, e quando o superior voltou
encontrou no local do mosteiro uma próspera fazenda, com rebanho e muitas
plantações. E, ao adentrá-la, reconheceu um dos seus antigos monges e passou a
interrogá-lo:
– Mas o que vem a ser isso tudo? O que foi que vocês
fizeram do nosso mosteiro? Eu não lhes recomendei que levassem uma vida simples
e sem ostentação, tendo apenas o necessário para a sua subsistência?
– Sim, mestre, sim, e era exatamente isso que
estávamos fazendo. Mas aí os ratos apareceram...
Nesta história, o caos, provocado pelos ratos,
acarretou “por acaso” uma pequena
mudança com tantas alterações, que a vida ali nunca mais foi a mesma.
Esta transformação aleatória é explicada pela Teoria
do Caos – um estudo da desordem organizada; mostrando que há ordem na
desordem.
Esta teoria entrou em voga quando se descobriu que
pequenas mudanças ou pequenos erros podem produzir efeitos desproporcionais. Chamou-se
a esta descoberta de “Efeito Borboleta”. Isso, porque ela buscava uma
resposta à seguinte previsibilidade: pode o bater de asas de uma
borboleta no Brasil desencadear um tornado no Texas? Noutras palavras:
fatores insignificantes, distantes, podem produzir resultados catastróficos e
imprevisíveis?
Os pesquisadores afirmam que sim.
Pequenas mudanças têm grandes resultados, porque em
vez de adicionadas umas às outras, elas ocorrem de multiplicadas formas.
São os pequenos desvios da natureza que acarretam
tsunamis, terremotos, maremotos, tufões, tornados, furações...
O mosteiro nunca mais foi o mesmo desde que apareceram
os ratos!...
Esse princípio também pode ser aplicado à nossa
evolução espiritual. Um comportamento errado pode desencadear uma montanha de
tormentos, que só a fé inabalável em Deus poderá removê-la. A mentira ou a
calúnia também pode levar à guerra uma nação inteira!
Na insensata satisfação de um simples desejo há graves
conseqüências.
Um descuido na educação da criança ou do adolescente
pode empurrá-lo para a delinqüência. Pense nisso! E lembre-se do sábio conselho
do Mestre Maior: orai e vigiai para não
cair em tentação!
Todavia, o caos provocado pelo mal, gera
sofrimento, aflições, que acabam nos impulsionando para uma nova ordem mais
aprimorada.
Então, o mal se transforma num bem? Sim, pois até o
mortal veneno da cascavel se transforma num poderoso analgésico!
Donde se conclui que o mal não existe, mas é apenas uma
ilusão. O Mal é, pois, somente a ausência do Bem! E o caos da morte uma “transformação” para outras moradas da
Casa do Pai Eterno, na busca da Perfeição. Assim como a metamorfose da borboleta,
que ao se libertar da crisálida, mostra ao mundo as suas mais belas
cores e seu belo vôo.
Por essa teoria se percebe o amor Divino e toda a sua
misericórdia.
Reflitamos, pois, então, sobre a gênese: No
princípio era o Caos...