“Tome a sua cruz e siga-me” (Marcos 08, 34).
Minha mãe me perguntou:
− Minha filha, qual é a parte mais importante do corpo?
− Minhas orelhas, mãe.
− Não. Muitas pessoas são surdas... Mas
continue pensando sobre este assunto. Logo eu volto a lhe perguntar.
Algum tempo se passou até que minha mãe
perguntou outra vez. Eu havia pensado bastante e desta vez eu lhe disse:
− Mãe, a visão é muito importante para
todos, então devem ser nossos olhos.
Eu havia errado outra vez!
Ela me olhou e disse:
− Você está aprendendo rápido, mas a
resposta ainda não está correta, porque há muitas pessoas que são cegas...
Continuei a busca. Minha mãe voltou ao
assunto várias vezes, mas a cada resposta minha, ela retrucava:
− Não... Mas você está mais esperta!
Então, um dia, meu avô morreu. Todos tristes,
choravam. Até meu pai chorou. Naquele momento minha mãe olhou para mim e me
perguntou:
− Você já sabe qual a parte do corpo mais
importante?
Fiquei chocada pela pergunta bem na hora do
adeus ao vovô. Sempre achei que era apenas um jogo entre nós duas.
− Hoje é o dia que você necessita aprender
esta importante lição – disse ela.
Depois ela me olhou de um jeito que só uma
mãe pode fazer e falou:
− Minha querida, a parte do corpo mais importante
são seus ombros.
Intrigada, perguntei:
− Porque sustentam minha cabeça?
− Não – respondeu ela –, é porque podem
apoiar a cabeça de um amigo ou de alguém amado, quando eles choram. Todos
precisam de um ombro para chorar em algum momento da vida.
Naquela hora descobri isso e, também, a
importância de ser “simpático” à dor dos outros. Pois, quem precisou de um
ombro amigo fui eu.
− Espero que você tenha bastante amor e
amigos e que seus ombros estejam sempre à disposição quando alguém precisar –
disse minha mãe.
Sempre que recordo este fato lembro-me desta
citação: “As pessoas esquecerão do que
você disse... Esquecerão do que você fez... Mas as pessoas nunca esquecerão do
que você as fez sentir”.
Estava eu pensando nesta conhecida
mensagem, quando entrou em casa um amigo. Falávamos então sobre nossa
preocupação com os filhos, inclusive os já casados, quando ele me disse:
− Filho é assim: “na barriga até nascer, no colo
até crescer e nas costas até morrer”.
Achei a frase primorosa e complementar à
mensagem, pois as costas e os ombros, filosoficamente, têm o mesmo sentido.
Mostra, pois, a parte do nosso corpo, quando assumimos o papel de verdadeiro
amigo dos nossos filhos.
Lembrei-me então de Jesus – o Maior Amigo
da Humanidade – que carregou nos ombros pesada cruz sem reclamar, para dar o exemplo
de como devemos segui-lo, e antes ainda conclamou:
“Vinde a mim todos os que estais fatigados
e carregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo (*) e aprendei de
mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas
almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu peso leve”. (Mateus 11, 28-30).
(*) JUGO = canga – peça de madeira para
emparelhar dois animais, como na junta de bois. É, portanto, símbolo de
servidão, de constrangimento.
Na
época de Jesus o povo vivia sob o jugo de Roma, de tirania e opressão. Jesus
diferentemente dos romanos propõe então um jugo suave, leve, baseado na
observação da LEI DO AMOR.
Uma
canga amorosa de muitos elos, para unir toda a humanidade. Este é o jugo suave
e leve de Jesus, que leva o indivíduo, através de seus ensinamentos, a ser
humilde, caridoso, mais humano...
O
jugo de Jesus é leve, porque com seus ensinamentos a pessoa se espiritualiza e
toma consciência da razão da sua dor. Sabe por que sofre. E daí, mesmo sofrendo,
ama o próximo e vai ao seu encontro consolando, ofertando um ombro amigo no seu
momento difícil, compreendendo a sua dor.
O
jugo de Jesus é suave, pois quando amamos o próximo sentimos alegria na
superação da sua dor. E também nos sentimos felizes ao vencermos a nós mesmos,
ao superarmos a dor da nossa própria transformação moral.
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