Aquecendo a Vida

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quarta-feira, 30 de maio de 2012

TOLERÂNCIA

“Não existe nenhum vício, ou desejo, ou avareza, ou luxúria, ou embriaguez que seja pior que um temperamento intolerante” (Henry Drummond)



O intolerante é a pessoa: que não desculpa; que não cede... O intolerante não é indulgente, pois não está pronto para perdoar, não admite e nem respeita as opiniões contrárias à sua.
A intolerância é citada na Bíblia, em diversas passagens, como o elemento mais destruidor da nossa maneira de agir. E, apesar disso, às vezes percebemos que a intolerância é um preconceito presente na vida de pessoa que se julga virtuosa, que tem tudo para ser gentil e nobre. É aquela pessoa quase perfeita, mas que – de repente – acha que está certa em alguma coisa e perde a cabeça por causa disto.
No Reino de Deus não existe lugar para o intolerante, pois ele conseguiria tornar o Paraíso insuportável para si e para os outros.
Os intolerantes são “promotores da discórdia”. Pois, onde se encontram irradiam, com a simples presença, sua aura belicosa, irritando todos aqueles que entram na faixa espiritual deles.
O intolerante só começará a sentir a brisa da paz, quando se transformar radicalmente, criando condições espirituais de complacência, aceitando as pessoas como elas são.
E esse é um aprendizado difícil, sofrido, frontalmente contrário aos desejos de seu ego. Entretanto, vencida essa barreira, ele descobre a serenidade íntima oriunda das vibrações de amor, que pacificam os que gozam de sua intimidade. E passa a ser tolerante porque entende que a tolerância é necessária para vivermos em paz.
Segundo Mahatma Gandhi, “A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensaremos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos”.
Todavia, há aqueles que dizem que a tolerância tem limites. E, para isso, se baseiam na fábula, abaixo, de André Luiz, psicografada por Chico Xavier no livro “Os Mensageiros”.

A Serpente e o Santo


Contam as tradições populares da Índia que existia uma Serpente venenosa em certo campo. Ninguém se interessava a passar por lá, receando-lhe o assalto. Mas um Santo homem, a serviço de Deus, buscou a região, mais confiado no Senhor, que em si mesmo. A Serpente atacou-o, desrespeitosa. Ele dominou-a, porém, com o olhar sereno, e falou:
− Minha irmã, é da lei que não façamos mal a ninguém.
A Víbora recolheu-se envergonhada.
Continuou o Sábio o seu caminho e a Serpente modificou-se completamente. Procurou os lugares habitados pelo homem, como desejosa de reparar os antigos crimes. Mostrou-se integralmente pacífica, mas, desde então, começaram a abusar dela. Quando lhe identificaram a submissão absoluta, homens, mulheres e crianças davam-lhe pedradas.
A infeliz recolheu-se à toca, desalentada. Vivia aflita, medrosa, desanimada.
Eis, porém, que o Santo voltou pelo mesmo caminho e deliberou visitá-la. Espantou-se, observando tamanha ruína. A Serpente contou-lhe, então, a história amargurada. Desejava ser boa, afável, carinhosa, tolerante, mas as criaturas perseguiam-na e apedrejavam-na. O Sábio pensou, pensou, e, após ouvi-la, respondeu:
− Mas, minha irmã, houve engano de tua parte. Aconselhei-te a não morderes ninguém, a não praticares o assassínio e a perseguição, mas não te disse que evitasses assustar os maus. Não ataques às criaturas de Deus, nossas irmãs no mesmo caminho da vida, mas defende a tua cooperação na obra do Senhor. Não mordas, não firas, mas é preciso manter o perverso à distância, mostrando-lhe os teus dentes e emitindo os teus silvos.

INJÚRIA

“Não há pessoa mais perigosa – para si e para os outros – do que aquela que julga sem conhecer os fatos”.



Para ilustrar, nada melhor do que uma piada sobre o tema.
Manuel, um Português, decide ir ao centro da cidade para umas compras. Ele entra numa loja e pergunta:
− Qual é o preço do vídeo da vitrina?
− Desculpe-me, senhor – responde o vendedor –, nós não vendemos pra português.
Para Seu Manuel, isso foi um choque. Ele volta pra casa e se veste como um inglês num terno alinhado, com todos os seus cabelos escondidos num chapéu-coco. De volta à loja, ele pergunta:
− Caro senhor, por obséquio, qual é o preço do vídeo da vitrina?
Para seu desalento, o vendedor responde:
− Desculpe senhor, não vendemos pra português!
Seu Manuel, desta vez, se veste então como um americano. Deixa os cabelos soltos, veste uma bermuda, camiseta e óculos escuros, e volta à loja:
− Ô cara! – diz ele. Quanto custa essa beleza de vídeo?
Mas outra vez recebe a mesma resposta. Exasperado, Seu Manuel lamenta-se:
− Como você sabe que sou português?!...
− Isso é fácil! – diz o vendedor. O artigo que você quer não é um vídeo, é uma máquina de lavar!
Chamar alguém de português, ou de burro, pode ser interpretado como injúria. Porque injúria é a ofensa à dignidade de alguém. É uma manifestação de desrespeito e desprezo, um juízo de valor depreciativo capaz de ofender a honra de uma pessoa no seu aspecto subjetivo.
Injuriar alguém, de acordo com a conduta típica é, portanto, ofender a honra subjetiva de alguém, atingindo seus atributos morais (dignidade) ou físicos, intelectuais ou sociais (decoro). Por exemplo, atinge-se a dignidade ao se dizer que alguém é ladrão, estelionatário, homossexual, e o decoro ao se afirmar que é estúpido, ignorante, grosseiro.
Na injúria não há imputação de fatos precisos e determinados como na calúnia e na difamação. Ela refere-se à manifestação de menosprezo, ao conceito depreciativo, mencionando-se vícios ou defeitos de alguém, ou mesmo fatos vagos, imprecisos e desabonadores.
Tem-se reconhecido a injúria, na atribuição vaga de fato contravencional, no afirmar-se que o desafeto é “farsante”, que a professora é uma “vagabunda”, que o Prefeito é “incompetente”, que fulano é “corno”.
Responde também por injúria quem, com a intenção de ferir a dignidade alheia, atira conteúdo de bebida no rosto de outrem ou despeja saco de lixo à porta da casa do vizinho, conspurcando-a com detritos inservíveis.
Até por omissão pode-se injuriar: por exemplo, não apertar a mão de quem a estende, em cumprimento.
Vejam, a seguir, algumas frases de famosos sobre a Injúria, e reflitam sobre elas.
"As injúrias são os argumentos daqueles que não têm razão."
(François Fénelon)
"A injúria que fazemos e a que sofremos não são pesadas na mesma balança." (Esopo)
"O esquecimento mata as injúrias. A vingança multiplica-as." (B. Franklin)
"O amigo injuriado é o mais cruel dos inimigos." (Thomas Jefferson)
"É mais glorioso e honrado fugir de uma injúria, calando, que vencê-la, retrucando." (Textos Cristãos)
"É melhor receber uma injúria do que praticá-la." (Platão)
"Dói tanto a injúria publicada como a ferida exposta ao ar." (Marquês de Maricá)
"Fala amavelmente, não injuries o teu próximo; ama a bondade; a injúria gera aborrecimentos." (Textos Budistas)
"Nenhuma injúria é mais severa do que uma consciência pesada." (Fedro)

domingo, 13 de maio de 2012

A DIFAMAÇÃO

“Quando a Incompetência e a Inveja se unem nasce a Difamação”



Uma jovem se dirigiu a um Pai de Santo, a fim de consultá-lo.  Este, um senhor de espírito elevado, ficou atento à consulta.
Alegava a moça, que a filha de uma vizinha, por motivos de desavenças, lhe fizera feitiço para não se casar, pois com o primeiro namorado não dera certo; o segundo se afastara; o terceiro ficara com ela alguns meses; o quarto era ruim; o quinto não prestava; o sexto tinha defeito; e com o atual discutiam todas as vezes que saíam, estando prestes a perdê-lo.
O sábio Pai de Santo, que não deixa pra depois o que tem de falar agora, foi-lhe franco:
- Escuta filha, não estou vendo feitiço contra você, principalmente por parte de quem você acusa injustamente. O que acontece é ser a filha briguenta, orgulhosa, temperamental, colérica, mandona, enfim, intolerante. E isto faz que os homens se afastem. Se quiser casar, mude seu comportamento e o modo de agir, sendo humilde, calma, tolerante com as pessoas. Nenhum rapaz vai querer casar com mulher neurastênica, pra sofrer o resto da vida ou se separarem mais tarde. A dedução é lógica: ou todos os homens não valem nada ou é a filha a ruim! Olhe a si mesma, se coloque no banco dos réus e se julgue com rigor e justiça. Vejamos então se a filha se considera inocente.
− Eu sei – disse a jovem – que tenho alguns defeitos. Mas sou capaz de jurar que a filha da vizinha fez trabalho de macumba contra mim. E o senhor deve desmanchar.
− Se existe trabalho – alertou o Pai de Santo – foi você mesma que se enfeitiçou, pelo seu temperamento e incompreensão. Deixe de difamação! Não culpe ninguém, senão a si própria, pelos seus defeitos. E se por sorte conseguir casar, não se iluda, será infeliz.
Ferida em seu orgulho pelas palavras contundentes, mas honestas, a moça se irritou e virando-lhe as costas, resmungou:
− Bolas! O senhor não sabe de nada...

Nessa história vemos uma ofensa difamatória muito comum quando algo não dá certo a alguém que não percebe seus próprios defeitos.
Não se deve confundir Difamação com Calúnia. A Calúnia é a imputação, falsa, de fato criminoso a alguém. Já a Difamação, na verdade, é uma imputação a alguém de fato infamante (desonroso, ofensivo à reputação), mas que não é crime. Por exemplo, dizer que determinada jovem é lésbica.
O propagador do fato infamante comete outra difamação, porque torna a ferir a reputação da vítima. Por isso, pense sem falar, mas nunca fale sem pensar! Lembre-se que atirar pedras é fácil, o difícil é ser vidraça!
Não multiplique a difamação. Isso é prejudicial, nocivo; um mal que tem que ser extirpado da sociedade. Pois, conforme nos ensina Bossuet: “a principal causa da maledicência é a inveja”.