“Irmãos,
não sejais crianças quanto ao modo de julgar...” (I Coríntios 14,20).
Havia um lenhador que
acordava de manhã e trabalhava o dia inteiro e só parava tarde da noite. Tinha
uma filha muito bonita, de poucos anos, e uma raposa – seu bichinho de
estimação.
Todos os dias ele ia
trabalhar e deixava a raposa cuidando de sua filha. Ao retornar do trabalho, a
raposa ficava feliz com sua chegada.
Um dos seus vizinhos considerando
que a raposa era um bicho, um animal selvagem, sempre o alertava:
− Olha... Raposa não é animal confiável pra se ter em
casa. Quando ela sentir fome pode comer a criança.
− Isso é uma grande
bobagem! – retrucava o lenhador.
− Lenhador, abra os olhos!
A raposa vai comer sua filha.
− A raposa é minha amiga
de total confiança e jamais vai fazer isso.
− Mas, quando sentir fome comerá
sua filha! – insistia o vizinho.
Um dia o lenhador, cansado
do trabalho e enjoado desses comentários, ao chegar a sua casa viu a raposa
alegre como sempre e com a boca totalmente ensanguentada.
O lenhador suou frio e,
sem pensar duas vezes, acertou o machado na cabeça da raposa, matando-a.
Ao entrar no quarto
desesperado, viu a filha dormindo tranquilamente e, ao lado do berço, uma cobra
morta.
Esta fábula é um aviso
para quem vive fazendo prejulgamentos.
Prejulgamento é um
julgamento feito por antecipação, avaliado previamente.
A pessoa que prejulga
forma ou emite um juízo sobre alguma coisa ou pessoa sem fazer um exame antes
de qualquer outra coisa.
Foi o que fez o lenhador,
sem verificar antes a realidade das coisas.
É muito comum na vida as
pessoas prejulgarem os outros, como na conversa, a seguir, de duas vizinhas:
− Você viu a filha da costureira? Hoje veio de carona com o patrão!
E na casa ao lado a outra
responde:
− Ela deve ser amante dele, pra receber tanta atenção!
− Hummmm... Aí tem coisa, jacaré...
Essas fofocas são comuns na
boca de pessoa maledicente, bisbilhoteira e sem escrúpulo..., que não se
preocupa em manchar a vida alheia. Fuxica porque sua consciência tem ansiedade
de prejulgar.
Por causa de comentários
assim que Jesus aconselhava o povo no Sermão da Montanha: “Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e
não vês a trave que está no teu?” (Mateus 7,3).
A pessoa que só vê
defeitos nos outros, dificilmente enxerga os seus próprios defeitos. Seu
pensamento está condicionado a ver somente o que os outros fazem de errado.
Entretanto, a pessoa que
macula a vida dos outros, não percebe que a energia negativa que destila é
veneno! Veneno que se acumula e se consolida em seu íntimo provocando mais
tarde o adoecimento de algum de seus órgãos.
A doença nada mais é,
então, do que uma forma de expurgo... E não é castigo! Pois dor e sofrimento
são consequências dos equívocos do nosso livre-arbítrio!
Portanto, a doença (como
expiação) é muito mais uma dádiva da misericórdia divina, que permite a nossa
purificação!
A expiação, que permite se
livrar dos erros cometidos, é, então, um processo de reparação, de libertação,
de salvação...
Mas, nem sempre expiação é
carma do passado, erros de outras vidas como se apregoam! Às vezes é fruto da
atual encarnação, como o caso citado no livro “Esculpindo o Próprio Destino”, de Lucius / André Ruiz Luiz,
onde as células de Dona Conceição, desajustadas pelos seus pensamentos degenerados
e de baixos sentimentos eram alimentadas e se multiplicavam em desordem,
lançando raízes na direção dos órgãos vizinhos, que não tinham forças para
repeli-las. A desarmonia dela obstruía a defesa natural do corpo contra a
invasão da doença.
Conceição estava se
matando a si própria, enquanto se ocupava da vida alheia. O câncer que em breve iria descobrir não era
carma do passado, nem estava planejado. Mas, foi fruto dos seus erros na vida presente.
A Doutrina Espírita
explica que a doença é efeito de nossos erros, sempre atenuada pelo Amor do
Criador, que não permite que soframos tudo o que precisamos de uma única vez.
“Não julgueis pela aparência, mas julgai conforme a
justiça”. (João 7,24).