Aquecendo a Vida

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sexta-feira, 29 de maio de 2020

PREJULGAMENTO


“Irmãos, não sejais crianças quanto ao modo de julgar...” (I Coríntios 14,20).


Havia um lenhador que acordava de manhã e trabalhava o dia inteiro e só parava tarde da noite. Tinha uma filha muito bonita, de poucos anos, e uma raposa – seu bichinho de estimação.
Todos os dias ele ia trabalhar e deixava a raposa cuidando de sua filha. Ao retornar do trabalho, a raposa ficava feliz com sua chegada.
Um dos seus vizinhos considerando que a raposa era um bicho, um animal selvagem, sempre o alertava:
− Olha...  Raposa não é animal confiável pra se ter em casa. Quando ela sentir fome pode comer a criança.
− Isso é uma grande bobagem! – retrucava o lenhador.
− Lenhador, abra os olhos! A raposa vai comer sua filha.
− A raposa é minha amiga de total confiança e jamais vai fazer isso.
− Mas, quando sentir fome comerá sua filha! – insistia o vizinho.
Um dia o lenhador, cansado do trabalho e enjoado desses comentários, ao chegar a sua casa viu a raposa alegre como sempre e com a boca totalmente ensanguentada.
O lenhador suou frio e, sem pensar duas vezes, acertou o machado na cabeça da raposa, matando-a.
Ao entrar no quarto desesperado, viu a filha dormindo tranquilamente e, ao lado do berço, uma cobra morta.
Esta fábula é um aviso para quem vive fazendo prejulgamentos.
Prejulgamento é um julgamento feito por antecipação, avaliado previamente.
A pessoa que prejulga forma ou emite um juízo sobre alguma coisa ou pessoa sem fazer um exame antes de qualquer outra coisa.
Foi o que fez o lenhador, sem verificar antes a realidade das coisas.
É muito comum na vida as pessoas prejulgarem os outros, como na conversa, a seguir, de duas vizinhas:
− Você viu a filha da costureira? Hoje veio de carona com o patrão!
E na casa ao lado a outra responde:
− Ela deve ser amante dele, pra receber tanta atenção!
− Hummmm... Aí tem coisa, jacaré...
Essas fofocas são comuns na boca de pessoa maledicente, bisbilhoteira e sem escrúpulo..., que não se preocupa em manchar a vida alheia. Fuxica porque sua consciência tem ansiedade de prejulgar.
Por causa de comentários assim que Jesus aconselhava o povo no Sermão da Montanha: “Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu?” (Mateus 7,3).
A pessoa que só vê defeitos nos outros, dificilmente enxerga os seus próprios defeitos. Seu pensamento está condicionado a ver somente o que os outros fazem de errado.
Entretanto, a pessoa que macula a vida dos outros, não percebe que a energia negativa que destila é veneno! Veneno que se acumula e se consolida em seu íntimo provocando mais tarde o adoecimento de algum de seus órgãos.
A doença nada mais é, então, do que uma forma de expurgo... E não é castigo! Pois dor e sofrimento são consequências dos equívocos do nosso livre-arbítrio!
Portanto, a doença (como expiação) é muito mais uma dádiva da misericórdia divina, que permite a nossa purificação!
A expiação, que permite se livrar dos erros cometidos, é, então, um processo de reparação, de libertação, de salvação...
Mas, nem sempre expiação é carma do passado, erros de outras vidas como se apregoam! Às vezes é fruto da atual encarnação, como o caso citado no livro “Esculpindo o Próprio Destino”, de Lucius / André Ruiz Luiz, onde as células de Dona Conceição, desajustadas pelos seus pensamentos degenerados e de baixos sentimentos eram alimentadas e se multiplicavam em desordem, lançando raízes na direção dos órgãos vizinhos, que não tinham forças para repeli-las. A desarmonia dela obstruía a defesa natural do corpo contra a invasão da doença.
Conceição estava se matando a si própria, enquanto se ocupava da vida alheia.  O câncer que em breve iria descobrir não era carma do passado, nem estava planejado. Mas, foi fruto dos seus erros na vida presente.
A Doutrina Espírita explica que a doença é efeito de nossos erros, sempre atenuada pelo Amor do Criador, que não permite que soframos tudo o que precisamos de uma única vez.
  “Não julgueis pela aparência, mas julgai conforme a justiça”. (João 7,24).

sexta-feira, 15 de maio de 2020

O ALPINISTA


“Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mateus 14,31).
    

Havia um alpinista que buscava sempre superar mais desafios. Um dia resolveu escalar o Aconcágua. Mas como queria a glória somente para ele, resolveu ir sozinho, sem nenhum companheiro, o que seria natural no caso de uma escalada desta dificuldade.
Ele começou a subir e foi ficando cada vez mais tarde. Como não havia se preparado para acampar, resolveu seguir a escalada decidido a atingir o topo.
Escureceu, a noite caiu como um breu nas alturas da montanha e não se via absolutamente nada. Tudo era escuridão, zero de visibilidade, não havia lua e as estrelas estavam encobertas pelas nuvens.
Quando estava apenas a cem metros do topo, ele escorregou e caiu a uma velocidade vertiginosa. Conseguia ver somente as manchas que passavam rápidas na escuridão, e sentia a terrível sensação de ser sugado pela força da gravidade. Nessa situação angustiante que se encontrava, passaram em sua mente todos os momentos felizes e tristes que ele já havia vivido na vida.
De repente, sentiu um puxão forte que quase o partiu ao meio. Shack!
Como todo alpinista experimentado, havia cravado estacas de segurança com grampos a uma corda comprida que fixou em sua cintura. Nesses momentos de silêncio, suspendido pelos ares na completa escuridão, não sobrou para ele nada além de gritar:
− Ó, meu Deus, me ajude!
De repente, uma voz grave e profunda vinda do céu, respondeu:
− Que quer de mim, meu filho?
− Salve-me, meu Deus, por favor!
− Você realmente acredita que eu possa te salvar?
− Eu tenho certeza, meu Deus.
− Então, corte a corda que te mantém pendurado.
Houve um momento de silêncio e reflexão. O homem se agarrou ainda mais à corda e decidiu que, se fizesse aquilo, morreria.
O pessoal do Resgate conta que encontrou o alpinista congelado, morto, agarrado com força, com as duas mãos a uma corda..., apenas a dois metros do chão.
Essa conhecida história é um exemplo de descrença e de falta de fé, próprias dos adeptos de algumas religiões materialistas, que pouco se fundamentam na continuidade da vida pós-morte, que desconhecem a existência de planos espirituais e que não entendem a nossa evolução em dois mundos diferentes: o material e o espiritual.
Como diz o profeta Isaias: “Este povo somente me honra com os lábios; seu coração, porém, está longe de mim. Vão é o culto que me prestam, porque ensinam preceitos que só vêm dos homens!”.
Neste conto do alpinista, vemos então a incredulidade oriunda de um cristianismo entre aspas, com ensinamentos ao pé da letra, aonde se buscam apenas literalmente o sentido das palavras e frases.
É preciso perceber nos ensinamentos de Jesus, nas suas parábolas, às vezes um fundo alegórico, que dão ao texto um sentido diferente, moral, transcendental, metafísico, filosófico, espiritual...
Por exemplo, o vocábulo “monte” no versículo 23, capítulo 11 do evangelho de Marcos, pode ter um significado diferente do seu sentido literal.
“Em verdade vos declaro: todo o que disser a este monte: Levanta-te e lança-te ao mar, se não duvidar no seu coração, mas acreditar que sucederá tudo o que disser, obterá esse milagre”.
O vocábulo monte deve ser entendido aí no seu sentido moral. Os montes são as dificuldades que estão dentro da gente, as nossas resistências e más vontades para avançar, os preconceitos, o egoísmo, o orgulho, o fanatismo cego, as paixões e interesses escusos que nos impedem de evoluir, que travam nossos caminhos...
Existem dois tipos de Fé:
− A Fé vacilante – que não procura os meios de vencer as dificuldades que surgem, porque hesita, tem medo e, por isso mesmo, duvida da vitória.
 − A Fé robusta – perseverante, firme, forte, que coloca toda a sua energia para proporcionar os recursos necessários para superar os obstáculos.
A Fé verdadeira é raciocinada, pois tem uma compreensão precisa daquilo que crê. Não precisa ver para crer, pois compreende o processo em que ela se dá.
Então, caro leitor, nos seus momentos de amarguras, de tribulações, não desanime... Lembre-se de Jesus, pois “Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis”. (Mateus 21,22).

domingo, 3 de maio de 2020

IDADE DE RISCO!


“Ficar velho é obrigatório, crescer é opcional”.


Num final de ano, já há algum tempo, a União dos Vereadores do Estado de São Paulo (UVESP), realizou na Câmara Municipal de Itararé, o Seminário: Alternativas de Desenvolvimento.
Nessa oportunidade, uma das palestrantes, habilitada em gerontologia, falou sobre os problemas dos idosos.
Foi, então, que fiquei sabendo que a Terceira Idade não é a Melhor Idade! Pois, a melhor idade são todas. Depende de cada um.
Agora, em 2020, com o pandemônio causado pelo coronavírus (COVID-19), não se fala mais em Terceira Idade, mas em IDADE DE RISCO.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2025, pela primeira vez na história, haverá mais idosos do que crianças no planeta. Deslumbrado por essa informação, então eu me lembrei da história, a seguir, de uma idosa, que resolveu fazer faculdade e, ao final do curso fez um discurso que ficou famoso.
No primeiro dia de aula da faculdade o professor desafiou que os alunos se apresentassem a alguém que não conheciam ainda. Um jovem ficou em pé para olhar ao redor quando uma mão suave tocou em seu ombro.
− Hei bonitão! − ela disse. − Meu nome é Rosa. Eu tenho 87 anos de idade. Posso lhe dar um abraço?
Ele respondeu entusiasticamente:
− É claro que pode! − e ela lhe deu um gigantesco apertão.
− Por que você está na faculdade em tão tenra idade? − perguntou.
Da mesma forma brincalhona, ela respondeu:
− Estou aqui para encontrar um marido rico!
− Está brincando! O que a motivou a entrar na escola com essa idade?
− Eu sempre sonhei em ter um estudo universitário!
Todos os dias, nos próximos meses, teriam aulas junto.
Ele ficava sempre extasiado ouvindo aquela “máquina do tempo” compartilhar com os alunos a sua experiência e sabedoria.
No decurso dos anos letivos, Rosa tornou-se um ícone no campus universitário e fazia amigos facilmente. Ela estava curtindo a vida!
No fim do curso, foi convidada pra falar na formatura. Quando ela começou a ler a sua fala preparada, deixou cair algumas folhas no chão. Embaraçada, ela pegou o microfone e disse simplesmente:
− Desculpem-me, não conseguirei colocar meus papéis em ordem! Então me deixe apenas falar pra vocês sobre aquilo que sei. E começou:
Nós não paramos de amar porque ficamos velhos; nós nos tornamos velhos porque paramos de amar. Existem somente 04 segredos para continuarmos jovens, felizes e conseguindo sucesso.
1º Você precisa rir e encontrar humor em cada dia.
Você precisa ter um sonho. Quando você perde seus sonhos, você morre. Nós temos tantas pessoas caminhando por aí que estão mortas e nem desconfiam!
Há uma enorme diferença em ficar velho e crescer. Se você tem 19 anos de idade e ficar deitado na cama por um ano inteiro, sem fazer nada de produtivo, você ficará com 20 anos. Se eu tenho 90 anos e ficar na cama por um ano e não fizer coisa alguma, eu ficarei com 91 anos. Qualquer um consegue ficar mais velho. Isso não exige talento nem habilidade. A idéia é crescer através de sempre encontrar oportunidade na novidade. E crescer sempre encontrando a oportunidade de mudar.
Não tenha remorsos. Os velhos geralmente não se arrependem daquilo que fizeram, mas sim por aquelas coisas que deixaram de fazer. As únicas pessoas que têm medo da morte são aquelas que têm remorso.
Rosa concluiu seu discurso cantando e desafiando a cada um a estudar poesia e vivê-la na vida diária. Ela morreu uma semana após a formatura.
Todos os alunos foram ao funeral, em tributo a essa maravilhosa mulher, que ensinou através do exemplo, que nunca é tarde demais para ser tudo aquilo que a gente pode provavelmente ser.
Segundo Cora Coralina “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher”.
Com essa mensagem, aproveito para homenagear minha querida mãezinha ALFREDA, que está próxima de completar 97 anos; e o único RISCO que sua idade representa é passar aos mais jovens, com toda lucidez, uma riquíssima experiência de vida, cheia de sabedoria!
Nesta data tão importante, deixo a todas as mãezinhas de qualquer idade, meus votos de...
FELIZ DIA DAS MÃES!