“Homem de
pouca fé, por que duvidaste?” (Mateus 14,31).
Havia um alpinista que buscava sempre superar mais
desafios. Um dia resolveu escalar o Aconcágua. Mas como queria a glória somente
para ele, resolveu ir sozinho, sem nenhum companheiro, o que seria natural no
caso de uma escalada desta dificuldade.
Ele começou a subir e foi ficando cada vez mais tarde.
Como não havia se preparado para acampar, resolveu seguir a escalada decidido a
atingir o topo.
Escureceu, a noite caiu como um breu nas alturas da
montanha e não se via absolutamente nada. Tudo era escuridão, zero de
visibilidade, não havia lua e as estrelas estavam encobertas pelas nuvens.
Quando estava apenas a cem metros do topo, ele
escorregou e caiu a uma velocidade vertiginosa. Conseguia ver somente as
manchas que passavam rápidas na escuridão, e sentia a terrível sensação de ser
sugado pela força da gravidade. Nessa situação angustiante que se encontrava,
passaram em sua mente todos os momentos felizes e tristes que ele já havia vivido
na vida.
De repente, sentiu um puxão forte que quase o partiu
ao meio. Shack!
Como todo alpinista experimentado, havia cravado
estacas de segurança com grampos a uma corda comprida que fixou em sua cintura.
Nesses momentos de silêncio, suspendido pelos ares na completa escuridão, não
sobrou para ele nada além de gritar:
− Ó, meu Deus, me ajude!
De repente, uma voz grave e profunda vinda do céu,
respondeu:
− Que quer de mim, meu filho?
− Salve-me, meu Deus, por favor!
− Você realmente acredita que eu possa te salvar?
− Eu tenho certeza, meu Deus.
− Então, corte a corda que te mantém pendurado.
Houve um momento de silêncio e reflexão. O homem se
agarrou ainda mais à corda e decidiu que, se fizesse aquilo, morreria.
O pessoal do Resgate conta que encontrou o alpinista
congelado, morto, agarrado com força, com as duas mãos a uma corda..., apenas a
dois metros do chão.
Essa conhecida história é um exemplo de descrença e de
falta de fé, próprias dos adeptos de algumas religiões materialistas, que pouco
se fundamentam na continuidade da vida pós-morte, que desconhecem a existência
de planos espirituais e que não entendem a nossa evolução em dois mundos
diferentes: o material e o espiritual.
Como diz o profeta Isaias: “Este povo somente me
honra com os lábios; seu coração, porém, está longe de mim. Vão é o culto que
me prestam, porque ensinam preceitos que só vêm dos homens!”.
Neste conto do alpinista, vemos então a incredulidade
oriunda de um cristianismo entre aspas, com ensinamentos ao pé da letra, aonde
se buscam apenas literalmente o sentido das palavras e frases.
É preciso perceber nos ensinamentos de Jesus, nas suas
parábolas, às vezes um fundo alegórico, que dão ao texto um sentido diferente,
moral, transcendental, metafísico, filosófico, espiritual...
Por exemplo, o vocábulo “monte” no versículo 23, capítulo 11 do evangelho de Marcos, pode
ter um significado diferente do seu sentido literal.
“Em verdade vos declaro: todo o que disser a este
monte: Levanta-te e lança-te ao mar, se não duvidar no seu coração, mas
acreditar que sucederá tudo o que disser, obterá esse milagre”.
O
vocábulo monte deve ser entendido aí no seu sentido moral. Os montes são as
dificuldades que estão dentro da gente, as nossas resistências e más vontades
para avançar, os preconceitos, o egoísmo, o orgulho, o fanatismo cego, as
paixões e interesses escusos que nos impedem de evoluir, que travam nossos
caminhos...
Existem
dois tipos de Fé:
−
A Fé vacilante – que não procura os meios de vencer as dificuldades que
surgem, porque hesita, tem medo e, por isso mesmo, duvida da vitória.
− A Fé robusta – perseverante, firme,
forte, que coloca toda a sua energia para proporcionar os recursos necessários
para superar os obstáculos.
A
Fé verdadeira é raciocinada, pois tem uma compreensão precisa daquilo que crê. Não
precisa ver para crer, pois compreende o processo em que ela se dá.
Então,
caro leitor, nos seus momentos de amarguras, de tribulações, não desanime...
Lembre-se de Jesus, pois “Tudo o
que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis”.
(Mateus 21,22).
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