“Aplicai a vossa
saúde na prática da caridade”.
Conta-se que um Palhaço foi até a igreja avisar que o
Circo estava pra ser armado ali pertinho. Mas que o padre não tinha motivos
para ficar preocupado.
Entrando na igreja, ele viu que era horário da
confissão dos fiéis, e pra não perder a chance de falar com o vigário já se
ajoelhou ali diante do confessionário.
O padre, após ouvir do Palhaço que uma das
brincadeiras que mais ele executava no Circo era plantar bananeira, quis saber
de que maneira ele realizava esse tipo de palhaçada, diante da plateia.
O Palhaço, por ser muito brincalhão, imediatamente pra
explicar o que fazia no Circo, plantou uma bananeira ali mesmo diante dos
olhares de todos os presentes!
Nesse instante, duas velhinhas que estavam ali na
igreja esperando a vez de se confessarem, ao se depararem com o Palhaço de
pernas paro ar, se levantaram e caminharam pra saída, enquanto uma dizia à
outra toda apavorada:
− Vamos embora! A penitência tá perigosa e nós viemos
desprevenidas!
Além das orações que o padre impõe, penitência também
pode ser uma pena que a pessoa se impõe para expiação de uma ofensa a Deus.
Nos casos de complexos de culpa, há quem se proponha,
por penitência, a subir de joelhos as escadarias da igreja; outros a carregar
uma cruz, imitando Jesus.
Na Idade Média os penitentes vestiam cilício durante a
Quarta-feira de Cinzas. Cilício era um cinto ou cordão de crina que se trazia
sobre a pele para mortificação ou penitência.
Ao lado do jejum e abstinência, o cilício também era
usado como uma forma de penitência voluntária.
Nos primeiros anos do cristianismo o cilício era usado
para ajudar a resistir às tentações da carne como antídoto discreto contra a
ostentação exterior.
Há notícias ainda de algumas ordens religiosas que usam
o cilício como um instrumento de mortificação, visando aliar algum sacrifício
pessoal ao sacrifício de Jesus Cristo na cruz.
Como autoflagelação, chegam a usar uma pequena corrente
de metal leve, com pontas, que se coloca ao redor da coxa, talvez imitando as
cenas sangrentas de mortificação corporal mostradas no filme “O Código Da
Vinci”.
A prática do cilício deve ter surgido porque o Cristo,
para consolo dos que vivem em sofrimento, disse "Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados!" (Mateus
5,4).
Porém, o que o Cristo realmente ensinou foi fazer o
bem a quem sofre.
Tanto que o cilício como todo vício é danoso. Por
exemplo, assim como o vício do cigarro ou da bebida cria dependência e
prejudica a pessoa física e moralmente, o cilício e as formas exageradas de
penitência também enfraquecem e criam problemas diversos ao corpo.
Portanto, não há méritos em procurar as aflições, por meio
de sofrimentos voluntários, de autoflagelações, que têm por fim somente o bem
próprio, pois isso se trata de egoísmo por puro fanatismo.
“Não
enfraqueçais o vosso corpo com privações inúteis e macerações sem propósito,
porque tendes necessidade de todas as forças, para cumprir vossa missão de
trabalho na Terra. Torturar voluntariamente, martirizar o vosso corpo, é
infringir a lei de Deus, que vos dá os meios de sustentá-lo e de fortalecê-lo.
Debilitá-lo sem necessidade é um verdadeiro suicídio”, diz Um Anjo da Guarda, em o Evangelho Segundo o
Espiritismo.
Disse Jesus: "Ide
e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o
sacrifício [...]" (Mateus 9,13); "Bem-aventurados
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!" (Mateus 5,7).
Misericórdia é o pesar que nos desperta a desgraça e a
dor de outras pessoas. Somos misericordiosos quando temos pena, dó, piedade das
pessoas que vivem em sofrimento e então buscamos fazer alguma coisa em
benefício delas.
Os sofrimentos e as privações só têm méritos quando
visam o bem do próximo, porque se trata de caridade pelo sacrifício: que leva
consolação aos enfermos, que vela a cabeceira de um doente, que agasalha ou
alimenta os necessitados, que levanta o astral das pessoas deprimidas...
Enfim, o sacrifício por uma boa causa, por amor ao próximo,
é o verdadeiro CILÍCIO DE BENÇÃOS, de penitências que atestam nossa coragem e
nossa submissão aos desígnios de Deus.