Aquecendo a Vida

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sábado, 2 de março de 2013

MUSICOTERAPIA ANTROPOSÓFICA


“A música é o oxigênio da alma dos sonhadores, a virtude concreta dos seres humanos que se alimentam do mais puro amor” (Tubarão de Itararé)


O pensamento, em epígrafe, foi destaque numa lousa de sinuca, no “Domingão do Medradão” – bar onde se apresentava a banda “Malas do Ritmo”.
Será que o jovem “Tubarão de Itararé” tem razão? Só Freud explica! – diria, talvez, Raul Seixas. Pois, pra se entender isso convém se reportar: primeiramente, à psicoterapia freudiana utilizada no tratamento das angústias individuais; posteriormente, à terapia ocupacional, que descobriu no trabalho uma forma de tratamento da depressão; e, finalmente, à musicoterapia, formando bacharéis que pesquisam a aplicação de métodos terapêuticos para restabelecer o equilíbrio físico, psicológico e social do indivíduo.
Com a incorporação à música do estudo da natureza, sob o aspecto da moral, chegou-se a Musicoterapia Antroposófica – utilização da música como processo criativo, visando à humanização do estilo de vida contemporâneo, para proteger e recuperar a saúde e melhorar as relações sociais e ambientais.
Diz o ditado que “quem canta seus males espanta!”. Ao cantar, desaparece o estresse, a mágoa, a amargura e o desgosto. “A música levanta o astral de uma cidade inteira”, disse uma moradora de Nova Orleans, após a passagem do furacão Katrina; pois ela encanta e extasia, acordando, sentimentos adormecidos em nós: de amor, alegria, paz, felicidade, solidariedade... 
Digo que a música é o despertador da alma! Por meio dela é possível criar e desenvolver novas maneiras de ver o mundo e de se relacionar com ele.
Por esses motivos sempre defendi a idéia da música na escola. A educação não pode prescindir desses conteúdos de humanização, que são terapias salvadoras, pois trabalham o emocional de tal forma que o indivíduo se sente mais tranqüilo para pensar sobre os problemas do cotidiano.
E quando defendo a música na escola, me vem à lembrança a antiga fábula de um Cabritinho cantor, que se salvou de um Lobo esfomeado.
O Lobo vivia entre as colinas, onde os rebanhos eram raros e os pastores, vigilantes. Numa tarde, enfraquecido e desesperado, cruzou na estrada com um rebanho de Cabras conduzido por um Pastor musculoso. Ele quis apanhar um Cabrito; porém, seu medo do Pastor o paralisou.
Mas eis que, de repente, vê primeiro como num sonho, depois com dúvida e finalmente com júbilo, um Cabritinho distrair-se e entrar sozinho num caminho isolado. Seguiu-o, então, com dentes prontos para devorá-lo.
O Cabritinho, consciente de seu erro, compreendeu que as lágrimas de nada lhe serviriam e que só a calma e a astúcia seriam capazes de salvá-lo. Então, inclinou-se profundamente diante do seu algoz e declarou:
– Ó Lobo, o Pastor, seu amigo, mandou-me saudá-lo, agradecê-lo e felicitá-lo por ter abandonado as tradições de seus avôs e por abster-se de atacar-lhe os rebanhos, que já vivem em toda segurança. E para mostrar quanto ele aprecia sua amizade, enviou-me a você como presente para que me coma e celebre desse modo o novo pacto que foi feito. Escolheu-me porque tenho uma bonita voz e conheço canções lindas; e recomendou-me, antes de me entregar, de alegrar seu coração, para que jante com mais apetite. Pois, minhas canções encantam a alma como um vinho velho!
O Lobo escutou esse discurso com um ouvido crédulo. O Cabrito sentiu então a salvação aproximar-se e começou a cantar com sua voz mais alta.
− Canta, canta mais! – pediu o Lobo, transportado de alegria.
O Cabritinho encheu os pulmões e cantou com mais força ainda!
O Pastor ouviu, reconheceu a voz e correu ao lugar de onde vinha.
O Lobo estava num êxtase tal que só percebeu a chegada do Pastor quando os golpes já choviam sobre ele. Fugiu e, de longe, acompanhou o Pastor reconduzindo o Cabritinho são e salvo pelo seu canto.
Para Beethoven “a música é superior à sabedoria e à filosofia”.


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