“A música é o oxigênio da
alma dos sonhadores, a virtude concreta dos seres humanos que se alimentam do
mais puro amor” (Tubarão de Itararé)
O pensamento, em epígrafe, foi destaque numa lousa de
sinuca, no “Domingão do Medradão” –
bar onde se apresentava a banda “Malas do
Ritmo”.
Será que o jovem “Tubarão
de Itararé” tem razão? Só Freud explica! – diria, talvez, Raul Seixas.
Pois, pra se entender isso convém se reportar: primeiramente, à psicoterapia
freudiana utilizada no tratamento das angústias individuais; posteriormente, à
terapia ocupacional, que descobriu no trabalho uma forma de tratamento da
depressão; e, finalmente, à musicoterapia, formando bacharéis que pesquisam a
aplicação de métodos terapêuticos para restabelecer o equilíbrio físico,
psicológico e social do indivíduo.
Com a incorporação à música do estudo da natureza, sob
o aspecto da moral, chegou-se a Musicoterapia
Antroposófica – utilização da música como processo criativo, visando à humanização
do estilo de vida contemporâneo, para proteger e recuperar a saúde e melhorar
as relações sociais e ambientais.
Diz o ditado que “quem canta seus males espanta!”.
Ao cantar, desaparece o estresse, a mágoa, a amargura e o desgosto. “A
música levanta o astral de uma cidade inteira”, disse uma moradora de Nova
Orleans, após a passagem do furacão Katrina; pois ela encanta e extasia,
acordando, sentimentos adormecidos em nós: de amor, alegria, paz, felicidade,
solidariedade...
Digo que a música é o despertador da alma! Por
meio dela é possível criar e desenvolver novas maneiras de ver o mundo e de se
relacionar com ele.
Por esses motivos sempre defendi a idéia da música na
escola. A educação não pode prescindir desses conteúdos de humanização, que são
terapias salvadoras, pois trabalham o emocional de tal forma que o indivíduo se
sente mais tranqüilo para pensar sobre os problemas do cotidiano.
E quando defendo a música na escola, me vem à
lembrança a antiga fábula de um Cabritinho cantor, que se salvou de um Lobo
esfomeado.
O Lobo vivia entre as colinas, onde os rebanhos eram
raros e os pastores, vigilantes. Numa tarde, enfraquecido e desesperado, cruzou
na estrada com um rebanho de Cabras conduzido por um Pastor musculoso. Ele quis
apanhar um Cabrito; porém, seu medo do Pastor o paralisou.
Mas eis que, de repente, vê primeiro como num sonho,
depois com dúvida e finalmente com júbilo, um Cabritinho distrair-se e entrar
sozinho num caminho isolado. Seguiu-o, então, com dentes prontos para
devorá-lo.
O Cabritinho, consciente de seu erro, compreendeu que
as lágrimas de nada lhe serviriam e que só a calma e a astúcia seriam capazes
de salvá-lo. Então, inclinou-se profundamente diante do seu algoz e declarou:
– Ó Lobo, o Pastor, seu amigo, mandou-me saudá-lo,
agradecê-lo e felicitá-lo por ter abandonado as tradições de seus avôs e por
abster-se de atacar-lhe os rebanhos, que já vivem em toda segurança. E para
mostrar quanto ele aprecia sua amizade, enviou-me a você como presente para que
me coma e celebre desse modo o novo pacto que foi feito. Escolheu-me porque
tenho uma bonita voz e conheço canções lindas; e recomendou-me, antes de me
entregar, de alegrar seu coração, para que jante com mais apetite. Pois, minhas
canções encantam a alma como um vinho velho!
O Lobo escutou esse discurso com um ouvido crédulo. O
Cabrito sentiu então a salvação aproximar-se e começou a cantar com sua voz
mais alta.
− Canta, canta mais! – pediu o Lobo, transportado de
alegria.
O Cabritinho encheu os pulmões e cantou com mais força
ainda!
O Pastor ouviu, reconheceu a voz e correu ao lugar de
onde vinha.
O Lobo estava num êxtase tal que só percebeu a chegada
do Pastor quando os golpes já choviam sobre ele. Fugiu e, de longe, acompanhou
o Pastor reconduzindo o Cabritinho são e salvo pelo seu canto.
Para Beethoven “a música é superior à sabedoria
e à filosofia”.
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