Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

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domingo, 31 de março de 2013

DEPOIMENTO DE UM PAI JORNALISTA (Ao preencher seu formulário de Imposto de Renda, em 1986)


O pai moderno muitas vezes, perplexo e angustiado, passa a vida inteira correndo como um louco em busca do futuro, esquecendo-se do agora. Com prazer e orgulho, a cada ano, preenche a sua Declaração de Bens para o Imposto de Renda. Cada nova linha acrescida foi produto de muito trabalho: lotes, casas, apartamentos, sítios, casas na praia, automóvel do ano.
Tudo isso custou dias, semanas, meses de luta. Mas, ele está sedimentando o futuro da família. Se partir de repente, já cumpriu sua missão e não vai deixá-la desamparada!
Para ir escrevendo cada vez mais linhas na sua relação de bens, ele não se contenta com um emprego só. É preciso ter dois ou três, negociar as férias, levar serviço pra casa... É um tal de viajar, almoçar fora, fazer reuniões, preencher agenda... Afinal, é um executivo dinâmico e não pode fraquejar!
Esse homem se esquece de que a verdadeira Declaração de Bens, o valor que efetivamente conta, está em outra página do formulário de Imposto de Renda, naquelas modestas linhas quase escondidas em que se Relação de Dependentes. São filhos, a quem deve dedicar o melhor de seu tempo.
Os filhos, novos demais, não estão interessados em propriedades e no aumento da renda. Eles só querem um pai para conviver, dialogar, brincar...
Os anos passam, os meninos crescem e o pai nem percebe, porque se entregou de tal forma na construção do futuro, que não participou de suas pequenas alegrias: não os levou ao colégio e nunca foi a uma festa infantil. Um executivo não deve desviar a sua atenção para essas bobagens!...
Há órfãos de pais vivos, porque o pai vai para um lado e a mãe para outro. É a família desintegrada, sem amor e sem diálogo. Sem a convivência, que solidifica a fraternidade entre irmãos, que abre caminho no coração, que elimina problemas e resolve as coisas na base do entendimento.
Há irmãos crescendo como verdadeiros estranhos que só se encontram de passagem em casa. E para ver os pais é quase preciso marcar horas.
Depois de uma dramática experiência pessoal e familiar vivida, a mensagem que tenho para dar é: não há tempo melhor aplicado do que aquele destinado aos filhos.
Dos dezoito anos de casado, passei quinze absorvidos por muitas tarefas, envolvidos em várias ocupações; e totalmente entregue a um objetivo único e prioritário: construir o futuro para três filhos e minha esposa.
Isso me custou longos afastamentos de casa, viagens, estágios, cursos, plantões no jornal, madrugadas no estúdio de televisão... Agora estou aqui com o resultado de tanto esforço. Construí o futuro penosamente e não sei o que fazer com ele depois da perda de Luís Otávio e Priscila.
De que vale tudo o que ajuntei se esses filhos não estão mais aqui para aproveitar isso conosco!
Se o resultado de trinta anos de trabalho fosse consumido agora por um incêndio e desses bens todos, não restasse nada mais do que cinzas, isso não teria a menor importância, porque minha escala de valores mudou e o dinheiro passou a ter peso mínimo e relativo em tudo. Se o dinheiro não foi capaz de comprar a cura de meu filho, que se drogou e morreu; não foi capaz de evitar a fuga de minha filhinha que saiu de casa e prostituiu-se e dela não tenho mais notícias, para que serve? Pra que ser escravo dele!
Eu trocaria, explodindo de felicidade, todas as linhas da Declaração de Bens por duas únicas que tive de retirar da relação de dependentes: os nomes de Luís Otávio e de Priscila. E como doeu retirar essas linhas da Declaração de 1986, ano base de 1985! Luís Otávio morreu aos quatorze anos e Priscila fugiu um mês antes de completar quinze. 

sexta-feira, 29 de março de 2013

A ESPERANÇA


“Quando chegamos ao fim da noite, encontramos a aurora”.
(Georges Bernanos)


Esperança é um sentimento que brota do fundo da nossa alma e nos anima para viver. Sentimento este que nos dá uma expectativa para conseguir o que almejamos. Por isso, muitas vezes se confunde com a Fé, pois nos faz acreditar que algo é possível mesmo quando há indicações do contrário.
O mundo conturbado de hoje faz a gente sempre esperar que o amanhã seja diferente, que será sempre o começo de um futuro que virá com certeza bem melhor.
Esperança, então, é estar na expectativa de que algo nos aconteça, geralmente favoravelmente...
Mas, como se chega à Esperança?
Chega-se à Esperança através da verdade. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, ensinou Jesus. Primeiro é preciso conhecer a verdade para se ter Esperança! Então, isso exige repetidos esforços e uma longa paciência. Dá trabalho, porque a Esperança, assim como a Fé, a gente adquire com o tempo.
Escreveu Kardec na questão 479 do Livro dos Espíritos que “A prece é um poderoso socorro para tudo. Mas entendei bem que não basta murmurar algumas palavras para obter o que se deseja. Deus ajuda os que agem, e não os que se limitam a pedir”.
Dessa forma, podemos ter pouca ou muita Esperança. Depende de nós!
Enfim, dizem que a Esperança é a última que morre! E, por falar nisso, você conhece a história da Estrela Verde? É um conto muito interessante. Desconheço o autor, mas é mais ou menos assim.

Era uma vez... Milhões e milhões de estrelas no céu. Havia estrelas de todas as cores: brancas, lilases, prateadas, douradas, vermelhas, azuis, etc. Um dia, elas procuraram o Senhor Deus, Todo Poderoso, o Senhor Deus do Universo e disseram-lhe:
− Senhor Deus, gostaríamos de viver na Terra, entre os homens.
− Assim será feito – respondeu Deus. Conservarei todas vocês pequeninas como são vistas, e podem descer ao Planeta Terra.
Conta-se que, naquela noite, houve uma linda chuva de estrelas. Algumas se alinhavam nas torres das Igrejas; outras foram brincar e correr com os vaga-lumes, no campo; outras se misturaram aos brinquedos das crianças e a Terra ficou maravilhosamente iluminada. Passado algum tempo, porém, as estrelas resolveram abandonar os homens e voltar para o Céu, deixando a Terra escura e triste.
− Por que voltaram? – perguntou Deus.
− Senhor, não nos foi possível permanecer na Terra. Lá existe muita miséria, muita desgraça, muita fome, muita violência, muita guerra, muita maldade e muita doença.
− Claro, o lugar real de vocês é aqui no Céu – disse-lhes o Senhor. A Terra é o lugar do transitório, daquele que morre; do ruim; daquele que cai; daquele que erra e onde nada é perfeito. Aqui no Céu, é o lugar da perfeição. O lugar onde tudo é imutável, onde tudo é eterno, onde nada perece.
Após chegarem as estrelas, Deus falou de novo:
− Mas, está faltando uma estrela. Perdeu-se no caminho?
− Não, Senhor – retrucou um anjo. Uma estrela resolveu ficar entre os homens; ela descobriu que o seu lugar é exatamente onde existe imperfeição, onde há limites, aonde as coisas não vão bem.
− Mas, que estrela é essa? – voltou Deus a perguntar.
− Por coincidência, Senhor, era a única estrela dessa cor.
− E qual é a cor dessa estrela? – insistiu Deus.
− A estrela é verde, Senhor – disse o anjo. A estrela verde do sentimento da esperança.
E quando, então, olharam para a Terra, a estrela já não estava só. A Terra estava novamente iluminada, porque havia uma estrela verde no coração de cada pessoa. Porque o único sentimento que tem o homem e Deus não tem é a esperança. Deus já conhece o futuro, e a esperança é própria da natureza humana. Própria daquele que cai, daquele que erra, daquele que não é perfeito, daquele que ainda não sabe como será seu futuro. 

segunda-feira, 18 de março de 2013

A VIDA TEM A COR QUE A GENTE PINTA


“Todo novo dia é uma conquista quando se quer mudar para melhor”


João é empresário. Mora em um apartamento na zona nobre da cidade.
Num belo dia, após a sua oração matinal e tomar café com a esposa, João levou os filhos ao colégio e se dirigiu a uma de suas empresas. Chegando lá, cumprimentou com um sorriso os funcionários. Tinha ele contratos pra assinar, decisões a tomar, reuniões a fazer, contatos com fornecedores e clientes, mas a primeira coisa que disse para sua secretária foi: “Calma, fazer uma coisa de cada vez, sem stress”.
Ao chegar a hora do almoço, ele foi para casa curtir a família. A tarde tomou conhecimento que o faturamento do mês superou os objetivos e, por isso, anunciou que todos os funcionários receberiam gratificações salariais.
Apesar de sua calma, ou talvez, por causa dela, conseguiu resolver tudo que estava agendado para aquele dia. Como já era sexta-feira, João foi ao supermercado, voltou para casa, saiu com a família para jantar e depois foi dar uma palestra para estudantes, sobre motivação.
Enquanto isso, no bairro mais pobre de outra capital, vive Mário.
Como fazia todas as sextas-feiras, Mário foi para o bar jogar sinuca e beber com os amigos. Já chegou lá nervoso, pois estava desempregado.
Um amigo lhe ofereceu uma vaga em sua oficina como auxiliar de mecânico, mas ele recusou, alegando não gostar do tipo de trabalho.
Mário não tem filhos e está também sem uma companheira, pois sua terceira mulher partiu dias antes, dizendo que estava cansada de ser espancada e de viver com um inútil. Ele morava de favor, num porão imundo.
Naquele dia, Mário bebeu algumas; jogou e bebeu até o dono do bar pedir pra ele ir embora. Ele mandou pendurar a conta. Mas, sem crédito, armou uma tremenda confusão... O dono do bar o colocou pra fora.
Sentado na calçada, Mário chorava pensando no que havia se tornado sua vida, quando seu único amigo, o mecânico, apareceu para levá-lo. Já na casa, curando um pouco o porre de Mário, ele lhe perguntou:
– Diga-me, por favor, o que fez com que você chegasse até o fundo do poço desta maneira?
Mário, revoltado, desabafou:
– A minha família... Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum. Tínhamos uma vida miserável. Quando minha mãe morreu doente, por falta de condições, eu saí de casa, revoltado com a vida e o mundo. Tinha um irmão gêmeo, chamado JOÃO, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para um rumo diferente, nunca mais o vi. Deve estar vivendo desta mesma forma!
Enquanto isso, na outra capital, João terminara sua palestra. Já estava se despedindo quando um aluno ergueu o braço e lhe fez a seguinte pergunta:
– Diga-me, por favor, o que fez com que o senhor chegasse até onde está hoje, um grande empresário e um grande ser humano?
João, emocionado, respondeu:
– A minha família... Meu pai foi um péssimo exemplo. Ele bebia, batia em minha mãe, não parava em emprego nenhum. Tínhamos uma vida miserável. Quando minha mãe morreu doente, por falta de condições, eu saí de casa, saí decidido, que não seria aquela, a vida que queria para mim e minha futura família. Tinha um irmão gêmeo, chamado MÁRIO, que também saiu de casa no mesmo dia, mas foi para um rumo diferente, nunca mais o vi. Deve estar vivendo desta mesma forma!

Moral da história:
O que aconteceu com você até agora não é o que vai definir o seu futuro, e sim a maneira como você vai reagir a tudo que aconteceu.
Se a vida tem a cor que a gente pinta, ela pode ser diferente, basta não se lamentar pelo passado e a gente mesmo construir o futuro.

Fonte: Adaptação de um texto de autor desconhecido.

domingo, 10 de março de 2013

O BOM EXEMPLO DOS PAIS


“Exemplo é bom e ninguém nega. Dê um bom exemplo, que essa moda pega!”.


Caminhava pela cidade quando vi na minha frente um pai, meio embriagado, com uma cerveja na mão. Atrás dele, dois filhos pequenos que o acompanhavam e cada um com uma latinha de cerveja. E me pareceu que o pai incentivava as crianças a beberem!
“Que mau exemplo!”, pensei. “É por causa de atitudes como essa que, mais tarde, o jovem vai para as drogas e cai no mundo do crime!”.
Tais pensamentos me recordaram a lenda árabe, sobre um dia que o demônio visitou um homem e disse-lhe:
– Fui enviado para lhe revelar o esconderijo de um tesouro sob a condição de que faça uma de três coisas: matar seu servente ou bater na tua mulher ou embriagar-se.
– Deixa-me pensar – disse o homem. – Matar meu servente leal é impossível; bater na minha mulher é ridículo. Então, eu vou beber.
Encheu a cuca e, tendo ficado ébrio, bateu na mulher e matou o servente que procurava defendê-la.
Bebida alcoólica dá nisso! Ingerida sem moderação, pode ser a causa de muitas tragédias, principalmente, em festividades.
Dá pena ver nossos jovens “animados” nos fins de semana, exibindo latinhas de cerveja como troféus! Que barbaridade! Cadê o exemplo dos pais! O exemplo que ensina! O exemplo que educa! O exemplo que edifica!
Por isso, achei espetacular a seguinte campanha que a mídia televisiva fez, denominada “Bom Exemplo”:
“Um bom exemplo pode ser coisa pequena, um bom-dia, um obrigado, por favor, não há de que! Um bom exemplo custa pouco e vale a pena; não tem contra indicação e só depende de você! Um bom exemplo é bom humor, é mais carinho, é sorrir pro seu vizinho, é cantar e ser feliz! É ser do bem, amizade e cortesia, melhorando cada dia, transformando este país! Exemplo é bom e ninguém nega. Dê um bom exemplo, que essa moda pega!”.
Na nossa cultura, alguns bons exemplos já foram deixados de lado.
“A benção meu pai!”. “A benção minha mãe!”. Quem não se lembra desses costumes na hora de dormir ou de se levantar? E o pai ou a mãe, com o maior carinho, beijando o filho depois de ajuntar-lhe as mãos, respondia “Deus lhe abençoe, meu filho!”; “Que Deus lhe proteja!”.
Na década de sessenta, em várias escolas que lecionei na zona rural, era costume dos alunos formarem fila e de mãos arrumadas pedirem a benção ao professor. E o professor os abençoava por respeito ao bom exemplo que os pais davam àquelas crianças.
Somente muitos anos mais tarde eu pude refletir sobre a força daquelas palavras. E quanto elas são importantes no processo educacional.
As palavras têm vida! São transformadoras! São mantras, pois têm um poder sobrenatural de encantamento e materialização. Tanto que John Kennedy, em 1971, escreveu: “As palavras podem fazer mais do que expressar um ponto de vista. Conforme sua disposição e ritmo, podem também criar uma inclinação, uma atitude, uma atmosfera ou um despertar”.
Segundo uma mensagem psicografa por Divaldo Pereira Franco: “Nosso filho é vida da nossa vida que vai viver na vida da humanidade inteira”.
Assim, cumpramos com o nosso dever amando-o, mas exercitemos o nosso amor dando um bom exemplo para fazê-lo um homem valoroso, virtuoso e responsável, para que possamos abençoá-lo, mais tarde.
O bom exemplo dos pais é imprescindível na educação dos filhos! 

sábado, 2 de março de 2013

MUSICOTERAPIA ANTROPOSÓFICA


“A música é o oxigênio da alma dos sonhadores, a virtude concreta dos seres humanos que se alimentam do mais puro amor” (Tubarão de Itararé)


O pensamento, em epígrafe, foi destaque numa lousa de sinuca, no “Domingão do Medradão” – bar onde se apresentava a banda “Malas do Ritmo”.
Será que o jovem “Tubarão de Itararé” tem razão? Só Freud explica! – diria, talvez, Raul Seixas. Pois, pra se entender isso convém se reportar: primeiramente, à psicoterapia freudiana utilizada no tratamento das angústias individuais; posteriormente, à terapia ocupacional, que descobriu no trabalho uma forma de tratamento da depressão; e, finalmente, à musicoterapia, formando bacharéis que pesquisam a aplicação de métodos terapêuticos para restabelecer o equilíbrio físico, psicológico e social do indivíduo.
Com a incorporação à música do estudo da natureza, sob o aspecto da moral, chegou-se a Musicoterapia Antroposófica – utilização da música como processo criativo, visando à humanização do estilo de vida contemporâneo, para proteger e recuperar a saúde e melhorar as relações sociais e ambientais.
Diz o ditado que “quem canta seus males espanta!”. Ao cantar, desaparece o estresse, a mágoa, a amargura e o desgosto. “A música levanta o astral de uma cidade inteira”, disse uma moradora de Nova Orleans, após a passagem do furacão Katrina; pois ela encanta e extasia, acordando, sentimentos adormecidos em nós: de amor, alegria, paz, felicidade, solidariedade... 
Digo que a música é o despertador da alma! Por meio dela é possível criar e desenvolver novas maneiras de ver o mundo e de se relacionar com ele.
Por esses motivos sempre defendi a idéia da música na escola. A educação não pode prescindir desses conteúdos de humanização, que são terapias salvadoras, pois trabalham o emocional de tal forma que o indivíduo se sente mais tranqüilo para pensar sobre os problemas do cotidiano.
E quando defendo a música na escola, me vem à lembrança a antiga fábula de um Cabritinho cantor, que se salvou de um Lobo esfomeado.
O Lobo vivia entre as colinas, onde os rebanhos eram raros e os pastores, vigilantes. Numa tarde, enfraquecido e desesperado, cruzou na estrada com um rebanho de Cabras conduzido por um Pastor musculoso. Ele quis apanhar um Cabrito; porém, seu medo do Pastor o paralisou.
Mas eis que, de repente, vê primeiro como num sonho, depois com dúvida e finalmente com júbilo, um Cabritinho distrair-se e entrar sozinho num caminho isolado. Seguiu-o, então, com dentes prontos para devorá-lo.
O Cabritinho, consciente de seu erro, compreendeu que as lágrimas de nada lhe serviriam e que só a calma e a astúcia seriam capazes de salvá-lo. Então, inclinou-se profundamente diante do seu algoz e declarou:
– Ó Lobo, o Pastor, seu amigo, mandou-me saudá-lo, agradecê-lo e felicitá-lo por ter abandonado as tradições de seus avôs e por abster-se de atacar-lhe os rebanhos, que já vivem em toda segurança. E para mostrar quanto ele aprecia sua amizade, enviou-me a você como presente para que me coma e celebre desse modo o novo pacto que foi feito. Escolheu-me porque tenho uma bonita voz e conheço canções lindas; e recomendou-me, antes de me entregar, de alegrar seu coração, para que jante com mais apetite. Pois, minhas canções encantam a alma como um vinho velho!
O Lobo escutou esse discurso com um ouvido crédulo. O Cabrito sentiu então a salvação aproximar-se e começou a cantar com sua voz mais alta.
− Canta, canta mais! – pediu o Lobo, transportado de alegria.
O Cabritinho encheu os pulmões e cantou com mais força ainda!
O Pastor ouviu, reconheceu a voz e correu ao lugar de onde vinha.
O Lobo estava num êxtase tal que só percebeu a chegada do Pastor quando os golpes já choviam sobre ele. Fugiu e, de longe, acompanhou o Pastor reconduzindo o Cabritinho são e salvo pelo seu canto.
Para Beethoven “a música é superior à sabedoria e à filosofia”.


ABUSO DE AUTORIDADE


O abuso de poder é uma dívida social que cedo ou tarde deverá ser paga.


Um político corrupto – Chefão da Máfia – descobriu que seu Assessor Financeiro havia desviado dois milhões de reais do caixa.
O Financeiro era surdo-mudo. Por isto fora admitido, pois nada poderia ouvir e, em caso de um eventual processo, não poderia depor como testemunha.
Quando o Chefão foi dar um arrocho nele sobre o dinheiro desviado, levou junto a sua Advogada, que sabia a linguagem de sinais dos surdos-mudos.
O Chefão perguntou ao Assessor Financeiro:
– Onde estão os dois milhões que você desviou?
A Advogada, usando a linguagem dos sinais, transmitiu a pergunta ao Financeiro, que logo respondeu (em sinais):
– Eu não sei do que vocês estão falando.
A advogada traduziu para o Chefão:
– Ele disse não saber do que se trata.
O político mafioso, irritado, sacou uma pistola 45 e encostou-a na testa do já acuado Assessor, gritando:
– Pergunte a ele de novo!
A advogada, sinalizando, disse ao infeliz:
– Ele vai te matar se você não contar onde está o dinheiro.
– Ok! – sinalizou o Assessor Financeiro, em resposta. – Vocês venceram! O dinheiro está numa valise marrom de couro, que está enterrada no quintal da casa de meu primo Enio, no nº405 da Rua José Sobrinho, quadra 8, no bairro Santa Maria!
O mafioso então perguntou à Advogada:
– O que ele disse?
E a Advogada na maior cara-de-pau, respondeu:
– Ele disse que não tem medo de “veado” e que você não é macho o bastante para puxar o gatilho...

A autoridade que abusa de seu poder para tirar proveito para si, para sua família ou para outrem, sempre acaba se dando mal, como no caso da piada supracitada.
O autoritário sempre encontra um mais esperto no seu caminho! E as cabeças rolam...
Assim como a riqueza, a autoridade é uma delegação do Criador. E aquele que dela estiver investido certamente terá que prestar contas.
Deus concede a autoridade a título de missão ou de prova e, quando quer a retira do mesmo modo.
Todo aquele que é depositário da autoridade, seja qual for a sua hierarquia, é apenas um encarregado de almas e responderá pela boa ou má administração e orientação que der, em função do grau de distinção ou prestigio que possua.
Com certeza, também vai arcar com as faltas e vícios de seus subordinados, em conseqüência de seu mau exemplo.
Desviar uma missão do seu verdadeiro sentido é fracassar no seu cumprimento.
E ao cobrar o cumprimento da missão, o Eterno provavelmente estará perguntando àquele que dispõe de algum poder: Que uso você fez da sua autoridade? Não lhe fiz forte e lhe confiei os fracos para que, amparando-os, os ajudasse a subir até mim? Que mal você impediu? Que progresso promoveu?

FALA MUITO!


“O peixe morre pela boca”


A TV esportiva paulista mostra repetitivamente uma cena do jogo Corinthians e Palmeiras, quando o técnico Tite, do Corinthians, olha para o Felipão, técnico do Palmeiras, e grita: “Fala muito!”, “Fala muito!
Esse mote, que nos serve de tema, já caiu no gosto de muita gente. É só uma pessoa tagarelar demais e lá vem a repreensão: Fala muito!...
Diz-se que “quem muito fala, muito erra”. Isso é uma verdade muito antiga, pois na história sagrada encontramos muitos pontos de advertências nesse sentido. Um deles está lá em Provérbios 13, 3: “Quem guarda a sua boca guarda a sua vida, mas quem fala demais acaba se arruinando”.
Quantas vezes não nos arrependemos de ter falado demais. E até nos repreendemos: “Puxa vida, porque não fiquei quieto naquela hora!”.
Nessas ocasiões, o muito falar ou, simplesmente, o falar além do necessário tem conseqüências desastrosas, que provoca dissabores e arrependimento. 
É preciso saber falar. A fala carrega energias muito mais do que se pode imaginar. Daí o cuidado com a forma de expressar os sentimentos.
Para uma pessoa que enfatiza uma má palavra, a gente costuma comentar que ela fala “palavrão de partir terra!”. Estando esse “palavrão” carregado de energia negativa, não tenha dúvida, que pela força como foi dita pode realmente fazer um estrago semelhante ao de abrir uma cratera.
 Poder-se-ia afirmar, então, que o “palavrão” é uma forma de crença negativa, destrutiva, ao contrário da crença positiva que pratica o bem, a caridade, e que Jesus nos revelou ao dizer: “se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá, e há de passar, e nada vos será impossível”.
Se uma pessoa está cheia de pensamentos negativos, vai falar mal das pessoas, vai desejar o mal...
A inveja dessas pessoas mata! Elas têm o “olho gordo” da cobiça, que pode prejudicar muitas pessoas.
Ao contrário, se uma pessoa está cheia de pensamentos bons, vai falar bem das pessoas, vai desejar o bem...
As boas palavras têm a energia saudável, que revigora, que cura, que purifica e fortalece...
Esse ensinamento está em Lucas 6,45: “O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a boca fala do que o coração está cheio”.
Todas essas verdades sobre a energia das palavras, me fez lembrar o pequeno conto, a seguir, intitulado:

 “CARROÇA VAZIA”.

Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer. Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio me perguntou:
− Além do cantar dos pássaros você está ouvindo mais alguma coisa?
− Estou ouvindo um barulho de carroça.
− Isso mesmo – disse meu pai –, é uma carroça vazia.
Perguntei ao meu pai:
− Como pode saber que carroça está vazia, se ainda não a vimos?
− Ora! – respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.
Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa que “Fala muito”, gritando (no sentido de intimidar), tratando o próximo com grossura inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e, querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo: “Quanto mais vazia a carroça mais barulho ela faz”.