“Um erro, qualquer que seja nunca abre o santuário dos eleitos” (Kardec / L.E. 950).
Um
Santuário é assaltado. Devotos, romeiros, convivas e turistas presentes àquele
local sagrado começam a discutir sobre a falta de algumas relíquias. Todos
reclamam e uns até blasfemam!
Um meio incrédulo questiona:
— Aí não tem a proteção de Deus?
— Claro que tem!
— Ah, mas nem parece!...
— Gente! Não misturem as coisas. Nada
tem a ver a proteção espiritual do local com a segurança do prédio.
— Mas, por que os Espíritos não
impediram o furto? São tão poderosos!
— Por
favor, gente, essa discussão não dá em nada! O furto já aconteceu mesmo! Vamos
ver o que podemos fazer para resolver esse imbróglio.
O Sumo-Sacerdote
chega então para interferir naquela celeuma, sendo questionado por muitas vozes
ávidas de respostas. Mas ele, um sábio religioso e que já estava acompanhando a
perícia policial, não se perturbou. Com a sua experiência, ouviu aquela
algaravia toda e, com muita calma, recomendou que só um dos presentes perguntasse
sobre o acontecido, que ele responderia.
Um peregrino pergunta de chofre:
— Como crentes devotos e usuários deste
espaço sagrado, queremos saber por que o Santuário foi assaltado?
— Porque o Santuário não tem portões! – disse
o Sumo-Sacerdote.
— Mas, então, como vocês o mantêm longe dos
ladrões?
— Não há nada para roubar num Santuário.
Tudo que verdadeiramente tem valor nele
é dado de graça!
— Mas, e os desordeiros? Como mantê-los
afastados?
— Nós os ignoramos.
—
E isso funciona?
O Sumo-Sacerdote fechou os olhos, tapou
os ouvidos e se aquietou. Por fim, desgostoso, o peregrino se despediu e, quando
já ia indo embora.
—
Funciona! – disse o Sacerdote, e chamando-o de volta perguntou: Num Santuário o
que realmente tem valor?... Certamente não são os bens materiais!...
Esta
sábia resposta levou os presentes a entenderem a finalidade de um Santuário. Pois,
“O
Deus, que fez o mundo e tudo o que nele há, é o Senhor do céu e da terra, e não
habita em templos feitos por mãos humanas”. (At 17,24). Deus está muito
mais preocupado em dar proteção às riquezas espirituais que engrandecem o
Espírito, na sua trajetória de aprendizado.
E
Jesus Cristo (o Deus conosco!) – que é maior do que o Templo! – nos alerta:
“Insensatos;
cegos! Qual é o maior: o ouro ou o templo que santifica o ouro?” (Mateus 23,17).
“Ajuntai
para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e
os ladrões não furtam nem roubam”. (Mateus 6,20).
É
preciso pensar, ainda, que “A vida é necessária ao aperfeiçoamento dos
seres”, (Livro dos Espíritos, questão 703). Pois a necessidade de viver
é um instinto natural. Deus põe a disposição das pessoas todos os meios e
riquezas necessários à sua sobrevivência... Se essas riquezas fossem repartidas
equitativamente, todos nós
viveríamos no conforto. Se necessidades ocorrem para alguns é porque riquezas
estão sobrando a outros, que por egoísmo
se fartam a custa daqueles que perecem.
Só
um punhado de famílias de metacapitalistas – bilionários de grandes corporações
– detém mais de 70% dos ativos financeiros do mundo. Por isso existe a pobreza!
Aos mais carentes até o ar puro às vezes é negado. Isso se chama prática de INIQUIDADE
– muito combatida por Jesus. Ou seja, há falta de EQUIDADE na distribuição de
nossas riquezas! Por isso, todos têm o dever de colaborar com os desígnios da
Providência, sem se omitirem de suas obrigações sociais.
Pois,
qualquer importância que se dê à vida deve ser visto pelo quanto ela é precária
e curta, e que pode ser interrompida a qualquer instante. Diante disso, que nos
preocupemos mais com as riquezas que levaremos após nossa passagem pela vida na
Terra.
Façamos
como Jesus, e expulsemos os mercadores de nosso templo divino – que nos atraem e nos dominam só pelo que é proibido
e censurável; e que prodigalizam a concupiscência e a mentira que corrompe a
humanidade.
“Olhemos
uns pelos outros para estímulo à caridade e às boas obras”. (Hebreus 10,24).