Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

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sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

O ESPELHO

 

Apenas mude a perspectiva de sua mente que você já começa criar uma vida melhor!


Passeando pela principal rua do comércio local, encontrei um velho amigo, conhecido empresário da cidade, que me solicitou uma crônica sobre motivação na empresa.

− Eu quero – disse-me ele – usá-la numa das reuniões que estou preparando para o início do próximo mês.

− Eu escrevi uma, assim, há mais de dez anos; que trata sobre o velório da pessoa que impedia o crescimento da empresa. Será que serve?

− Ah, eu me lembro! Foi publicado num outro periódico de notícias...

− Sim! O jornal já fechou, mas eu vou procurá-la nos meus arquivos. Sei que era uma crônica sobre uma história conhecida – de domínio público. – Mas, vou reescrevê-la para a finalidade de sua reunião. Tudo bem?

− Tudo bem!...

Despedimo-nos com um toque de punhos cerrados – meio sem graça! –, como manda o protocolo pandêmico, da Organização Mundial da Saúde – OMS.

Saí meditando sobre a importância da motivação em qualquer empreendimento.

Mas, o que é motivação?

Dividindo a palavra em duas outras que a compõem, teremos a sua definição: MOTIVA + AÇÃO. Ou seja, Motivar a ação. Despertar o interesse de alguém pela ação que se vai praticar... Ou, impulsionar o indivíduo a agir...

Esse impulso é uma espécie de energia psicológica ou tensão que põe em movimento o organismo humano e que faz com que o indivíduo dê o melhor de si, fazendo todo o possível para conquistar aquilo que almeja.

Contudo, para manter um empregado motivado e com real disposição para o trabalho é fundamental favorecê-lo na sua autorrealização pessoal, melhorando a sua autoestima, assim como suprindo as suas necessidades sociais básicas.

Depois dessas divagações mentais achei a história solicitada. E atualizei-a com aa seguintes adaptações:

Uma empresa estava em situação difícil. As vendas iam mal, os empregados estavam desmotivados, os balanços há meses não saíam do vermelho. Era preciso fazer algo para reverter esta situação. Ninguém queria assumir nada. Pelo contrário: o pessoal apenas reclamava que as coisas andavam ruins e que não havia perspectiva de progresso na empresa. Eles achavam que alguém deveria tomar a iniciativa para reverter aquele processo.

Um dia, quando os funcionários chegaram para trabalhar encontraram na portaria um enorme cartaz, escrito:

“Faleceu ontem a pessoa que impedia o seu crescimento na empresa. Você está convidado para o velório, que acontecerá no pátio da empresa”.

Inicialmente, todos se entristeceram pela morte de alguém, mesmo sem saber quem era, mas depois ficaram curiosos para conhecer aquele que estava bloqueando o crescimento de todos. A agitação no pátio da empresa foi tão grande que foi preciso chamar a segurança para organizar a fila do velório.

Conforme as pessoas iam se aproximando do caixão, a excitação ia aumentando. “Quem será que estava atrapalhando o meu progresso? Ainda bem que esse infeliz morreu!”.

Os funcionários, agitados, em fila, se aproximavam do caixão. Engoliam em seco, ao olhar o defunto, ficando no mais absoluto silêncio, como se tivessem sido atingidos no fundo da alma.

Mas quem será que estava no caixão?

Decepção geral!...O corpo do defunto estava coberto de flores, mas no lugar do rosto, havia apenas um espelho!...

Um a um, cada qual se mirava no espelho, levava um susto e saía pensativo.

Serviu de lição a idéia, porque, em muito pouco tempo, a empresa “ressuscitou” e ninguém se esqueceu de que a responsabilidade de uma instituição pertence a cada um.

Todos aprenderam que as soluções existem até nos momentos de expectativa e tensões da empresa. Apenas precisa-se de trabalhar intensamente, antes que os defuntos sejam irrecuperáveis.

Moral da história:

 Só existe uma pessoa capaz de limitar seu próprio crescimento: VOCÊ MESMO! E só existe uma pessoa capaz de fazer uma revolução em sua própria vida: VOCÊ MESMO!

 Você é a única pessoa que pode prejudicar a sua própria vida; ou que pode ajudar a si mesmo.

É dentro do seu coração que você vai encontrar a energia necessária para se tornar o artista de sua própria criação.

TODOS OS RESTOS SÃO DESCULPAS! PENSE NISSO...

sábado, 22 de janeiro de 2022

OS EXILADOS DA TERRA

 

A embarcação planetária não está à deriva.


Em 24 de maio de 1861, a fragata Efigênia conduziu à Nova Caledônia, uma companhia disciplinar composta de 291 homens expulsos de um país civilizado, por sua má conduta, e enviados, como punição, para o meio de um povo bárbaro.  O comandante da colônia, à sua chegada, comunicou-lhes a seguinte ordem do dia:

Pondo o pé sobre esta longínqua terra, têm já compreendido o papel que lhes está reservado.

Seguindo o exemplo dos bravos soldados da marinha, que servem sob suas vistas, vocês nos ajudarão a levar com brilho, no meio das tribos selvagens da Nova Caledônia, a bandeira da civilização. Pergunto-lhes: Não é uma bela e nobre missão? Vocês a cumprirão dignamente?

 Escutem a voz e os conselhos de nossos chefes. Estou à frente deles; que minhas palavras sejam bem entendidas.

A escolha de seu comandante, oficiais, suboficiais e cabos é uma segura garantia de todos os esforços que serão tentados, para fazer de vocês excelentes soldados; para elevá-los à altura de bons cidadãos e transformá-los em honrados colonos, se desejarem.

A disciplina é severa; e assim deve ser. Colocada em nossas mãos, ela será firme e inflexível, fiquem sabendo bem; igualmente será justa e paternal, e saberá distinguir o erro do vício e da degradação...

Depois de lida a ordem do dia, o que lhe diz o seu chefe?

Vocês infringiram as leis do seu país; lá causaram perturbações e escândalos, e então foram expulsos, e os enviaram para cá, mas poderão resgatar seu passado, pelo trabalho, criar uma posição honrada e tornarem-se honestos cidadãos. Vocês têm uma bela missão a realizar: levar a civilização para tribos selvagens.

 A disciplina será severa, mas justa, e saberemos distinguir os que se conduzirem bem.

No livro “A GÊNESE”, no capítulo sobre a Doutrina dos Anjos Decaídos e do Paraíso Perdido, para termos uma melhor compreensão do assunto, Allan Kardec dá como exemplo, a história da referida fragata, marcada por sua analogia, perguntando:

− Para esses homens colocados no meio de selvagens, a mãe pátria não será um paraíso perdido por suas faltas e rebelião à lei?

− Sobre essa terra longínqua, não são anjos decaídos?

− A linguagem do chefe não é a que Deus utilizou para falar aos Espíritos Exilados na Terra? “Desobedeceram minhas leis e é por isso que foram expulsos do mundo onde podiam viver felizes e em paz; aqui serão condenados ao trabalho, mas poderão, pela boa conduta, merecer o perdão e reconquistar a pátria perdida”.

Quando jovem, eu li o livro de Edgard Armond “Os Exilados de Capela”, que considera a Raça Adâmica (de Adão e Eva) como sendo uma alegoria referente aos Espíritos Decaídos de um Planeta do Sistema de Capela – na Constelação de Cocheiro.

Segundo Emmanuel: “Os relatos dos espíritos de luz informam que este planeta (de Capela) estava passando por um momento de evolução, o que levaria a tão aguardada regeneração”.  

O momento atual da Terra é apocalíptico (de revelações) e de expulsão dos rebeldes (separação do joio do trigo). Não é parecido com o que já aconteceu com o mencionado planeta do Sistema de Capela? Já não estamos vivendo a derradeira chamada para nossa permanência na Terra?

No entanto, se os Exilados de Capela vieram para a Terra, para onde irão os Exilados da Terra?

Dizem alguns canais midiáticos, que irão para outro Planeta da Galáxia – denominado Hercólubus – inferior ao estágio evolutivo da Terra.

E “Ali haverá choro e ranger de dentes...” (Lucas 13,28).

Então, o que fazer para ser salvo?

Imediatamente conectar seu GPS mental no caminho do Bem, da Verdade, do Amor ao Próximo... Usar a moral do Evangelho Cósmico do Amor como ferramenta indispensável para as mudanças de rotas sentimentais, comportamentais... E expurgar de vez seus últimos resquícios de negatividade.

 Faça, então, uma reformulação interior e adote um novo modelo de vida. E tenha compromisso com isso!...

Enfim, Desperte sua Consciência para olhar a vida por novos ângulos...

O tempo urge, mas ainda há tempo para buscar sua espiritualização!

Atenção! A Terra já sofre “as dores de parto” da transição (Ap. 12,2) – o final dos tempos de sofrimento e o começo de um novo tempo, onde as pessoas serão mais valorizadas e felizes.

 “Vi, então, um novo céu e uma nova terra” (Apocalipse 21,1)...

 VIVA O NOVO AMANHECER!


 

sábado, 15 de janeiro de 2022

O QUEBRADINHO DA XÍCARA

 

“Durante toda a vida é preciso aprender a viver” (Sêneca).


Escola de Santa Cruz dos Lopes. Na abertura das reuniões, o Diretor, José de Oliveira Sobrinho (de saudosa memória!), sempre me pedia para contar algum fato engraçado para descontrair os presentes.

O pedido tinha por finalidade uma reunião simpática, de bons pensamentos, onde todos pudessem respirar à vontade com sentimentos de satisfação.

Essa era a estratégia dele! Pois sabia que a alegria contagiava todos e formava uma egrégora energética positiva de bons pensamentos, facilitando o desempenho dos organizadores da reunião. 

E foi mais ou menos assim, que numa das reuniões no início do ano letivo de 1980, eu contei este “causo”:

Há poucos dias – disse – fomos visitar as casas da comunidade para levantar dados ao diagnóstico do Plano Escolar. Após algumas visitas, chegamos numa casinha de sapê, um pouco retirada do bairro e fomos recebidos por uma simpática velhinha, mal vestida, com feridas no rosto, em volta da boca e quase desdentada, que causava até má impressão e que nos perguntou, sorrindo:

− Bom dia! O que vocês querem?

− Dona Maria, a senhora se lembra de mim? – indagou o meu colega.

− Sim. O senhor é o Diretor da Escola do meu netinho, não é mesmo? Vamos entrar. Não repara não, que o ranchinho é de pobre mesmo!

Mas não tinha como a gente não notar a pequena cozinha de chão batido!  O fogão de lenha esfumaçado, o bule, a chaleira, a cafeteira... E um cheirinho gostoso de café.

Depois de nos dar as informações, ela se levantou para nos servir o café. Olhei pra cara dela e fui logo descartando:

− Para mim não precisa, não. Eu não tomo café. Muito obrigado!

− Mas, o Senhor toma não é mesmo professor – disse ela, dirigindo-se ao Diretor da Escola. – Eu sei que o senhor gosta de um cafezinho quente, da hora. A servente da escola já me contou!

Depois da lábia da velhinha, o meu colega, professor Sobrinho, não teve como escapar. Olhou bem pra cara dela, sua boca meio desdentada, as feridas nos lábios e com muito esforço para não demonstrar repugnância, pegou a xícara com a mão esquerda e viu que ela tinha um quebradinho providencialíssimo.

Olhou bem... Pensou... Deu uma piscadela e decidiu. Tomou todo o café pelo quebradinho da xícara, na certeza que assim fazendo estaria bebendo por um lugar bem diferente do que era usado por Dona Maria. Mas, para sua surpresa, a velhinha rindo comentou:

− Olha só que coisa, “Seu” Sobrinho! Não há de ver que o Senhor é que nem eu! Pois eu também tomo café só pelo quebradinho da xícara!!...

Acho que nem preciso contar que ele se engasgou, perdeu a fala e espirrou café pelo ranchinho todo...

E não é que o “causo” fez “todo mundo” sorrir! Quanta alegria!...

O Diretor da Escola, mais conhecido pelo seu sobrenome, era boníssimo e gozava de muito respeito e consideração.

Na Coordenação Pedagógica da escola, aprendi com ele a ter muita calma, paciência e tranquilidade para decidir as questões polêmicas. Aprendi a ruminar as coisas... Ou seja, aprendi a pensar muito a respeito de algum plano, projeto ou problema, para evitar qualquer decisão precipitada. Seu lema era: nada decidir sem antes contar até dez!

Todos os assuntos relevantes eram amplamente debatidos, considerando o contraditório e usando de Empatia.

Comprometido com a verdade, entre ideias divergentes, ele não se descuidava da dialética, só deliberando após, no mínimo, duas reuniões de debates. Tudo registrado em atas para evitar as confusões e os mal-entendidos.

Ele sentia as reações das pessoas como importante feedback de avaliação. Por isso, resguardava-se em tudo que fazia, para evitar possíveis contratempos.

A sua dica era “não ir com muita sede ao pote”. Mas, ir devagar sem interromper a caminhada. E buscar o aperfeiçoamento profissional, com o apoio das pessoas do entorno escolar.

Revi conceitos e descobri o valor de uma gestão democrática. Pois ninguém faz tudo sozinho! Aprendi, então, a olhar as coisas do coletivo em primeiro lugar.

Ressegnifiquei tudo que eu pensava sobre educação.  Mudei minha visão de mundo. Descobri que cada dia é diferente do outro. E que imprevistos acontecem com frequência na vida de todos... Tudo isso e mais as dificuldades da vida forjaram a minha personalidade.

Vivendo aprendi a viver. Daí minha homenagem a essa maravilhosa pessoa, que muito me ensinou!

sábado, 8 de janeiro de 2022

A DOUTRINA DO RETORNO

 

“Ninguém está deserdado do progresso” (Allan Kardec).


O Professor Barbosa, aposentado, recebeu a visita de um estimado aluno seu, do curso do magistério.

− Bom dia, professor! Como vai!      

− Vou bem, graças a Deus!

− Estou passando aqui só para matar a saudade da sua vasta erudição.

Durante o bate-papo o professor comentou sobre a doutrina do Retorno.

− Doutrina do Retorno? Não me lembro de ter aprendido isso!

− A doutrina do Retorno é uma das mais antigas da humanidade. É a que explica o progresso da humanidade.

− Professor, o senhor está então se referindo a uma Lei Natural Universal! Por favor, me passe esse conhecimento, que sou todo ouvido.

− Você se lembra da Lei da Física Clássica de Isaac Newton?

− Do Princípio da Ação e Reação?

− Sim! Que tem como enunciado: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos”.

− Professor, essa Lei da Física se aplica também à espiritualidade?

− Por que não? Se todo Bem feito tem compensações, todo Mal feito tem dívidas! Isso é da Lei do Retorno: quem faz o Bem recebe o Bem; quem faz o Mal recebe o Mal.

− O que você planta você colhe!

− É isso aí! – disse o professor – a ciência já comprova que a interação entre o que você pensa (reflexão) e o que você faz (ação) é que capacita você para a execução de um trabalho ou exercer uma função... A isso se dá o nome de PRÁXIS.

A Práxis é a reflexão e ação do ser humano sobre o mundo para se transformar e mudar a sua realidade.

Dessa forma é que ocorre a construção do saber – imprescindível ao progresso intelectual e espiritual.  O ser humano tem sempre que considerar o que já sabe; refletindo sobre a sua Prática para modificá-la e reconstruir o conhecimento numa Nova Ideia (nova ação), que o leva a outra Prática; prática esta que o leva a um Novo Jeito de fazer as coisas... E, assim, sucessivamente...

Talvez por motivo dessa melhora constante da humanidade, que Jesus tenha dito a Nicodemos que “não pode ver o Reino de Deus, senão aquele que nascer de novo” (João 3,3).

Os humanos são seres que pensam o tempo todo. Ninguém para de pensar! Pensar é fazer reflexão. E toda reflexão reflete na prática experimental da vida e, portanto leva a pessoa a mudar (a nascer de novo), por mais lento que seja este processo. Pois ninguém fica estacionário. Pensou, mudou!

O ciclo de reencarnações funciona como essa engrenagem da Práxis, pois todas as nossas aquisições feitas em vidas anteriores (bagagem espiritual) servem para nos tornar mais apto a adquirir novos conhecimentos.

Quando você reencarna você nasce com essa bagagem, a qual começa a despontar na infância. Mas você traz também dívidas: erros do passado, que devem ser corrigidos. E a possibilidade de reparar esses danos é o mais poderoso meio de adiantamento moral.

Assim, a vida na Terra é passageira; uma etapa apenas na qual podemos ter maior aprendizagem, mais ganhos que levamos para a erraticidade – dimensão da população espiritual do globo, onde os seres humanos ficam no intervalo de suas existências corpóreas.

  Pelas mortes e renascimentos as populações de encarnados e reencarnados da Terra se mesclam, incessantemente, uma na outra. Há diariamente emigrações do mundo corporal para o espiritual e imigrações do mundo espiritual para o corpóreo.

Esse vaivém constante, que contribui para o progresso tanto na ordem física, intelectual ou moral da humanidade, faz parte da Lei Natural.

 Esta doutrina científica é a única explicação plausível da causa do progresso social e da evolução espiritual. Ela que demonstra que somos seres perfectíveis. Pois a mente humana está em movimento de expansão constante. Por isso, o Espírito não regride, quando muito pode estacionar num dos graus (da escada evolutiva) de sua ascensão espiritual.

Melhorar sempre é possível!  

O princípio da reencarnação é, pois, então, uma consequência inevitável da lei do progresso. E Jesus ensinou sobre isso nos seus evangelhos.

Depois de se despedir do velho e sábio mestre, o ex-aluno comentou:

− Certamente, foi baseado nesses princípios, que Jesus assegurou que nenhuma de suas ovelhas se perderá!

Diz um ditado, que “Deus concede o progresso a passos lentos, porque a luz repentina ofusca a vista...”.

domingo, 2 de janeiro de 2022

O CLÁUDIO SOU EU!

 

Você pode desacreditar de tudo na vida, menos de Deus!


Em 2007, terminado o trabalho, fomos até uma padaria, no centro de Apiaí (SP) e, enquanto o lanche era preparado, resolvi comentar um fato com as pessoas que me acompanhavam: minha filha Cristiane e Carlos César Diniz, ex-prefeito do município de Riversul (SP).

- Carlos César, neste local há 37 anos, eu vivi uma emoção muito forte que nunca me esqueço. Você quer ouvir essa história? É uma história de fé...

- Com o maior prazer! Até porque estou precisando de um exemplo de fé, visto que ando meio desiludido da vida!

- Então preste atenção! Em 1970 eu era professor efetivo da escola estadual do Bairro Catas Altas no município de Ribeira (SP), 40 km distante daqui de Apiaí. Por um erro da Secretaria da Fazenda, fiquei 10 meses sem pagamento. Não tinha mais crédito. Eu e a Clarice, minha esposa, mudamos para a escola para não pagar aluguel. A situação era caótica. Com exageradas preocupações, numa noite fizemos uma prece e a leitura do sermão da montanha, referente às “aves do céu que não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e nosso Pai celeste as alimenta...”.

- Carlos – continuei -, naquela mesma noite minha esposa teve uma ameaça de aborto e tive de levá-la para Ribeira, de carona, num caminhão. Lá procuramos pela única farmácia local, mas estava fechada. Médico só tinha na cidade vizinha de Adrianópolis (PR), mas estava viajando. Procurei então alguém que me emprestasse algum dinheiro pra levá-la até Apiaí. Não consegui! Ficamos então desesperados ali na frente de um hotel. Tomei a mão de minha esposa e lhe disse para não se preocupar que até o meio-dia a gente teria dado jeito naquela situação. Deus, certamente, não nos ia faltar naquela hora! E eu a lembrei do evangelho: “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á. Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão?”.

- Puxa pai! – comentou a minha filha - E Deus lhe atendeu ao pedido?

- Minha filha, pois deu meio-dia e o ônibus saiu. E, vendo o ônibus partir, eu entrei numa depressão total. Naquele momento desacreditei de tudo. Não era possível o que estava acontecendo: minha esposa ali com hemorragia, e eu não conseguir fazer nada para aliviá-la!

- Que situação hein! – exclamou Carlos César.

- Dizem que depois da tempestade sempre vem a bonança. Pois foi o que me aconteceu! Um carro parou na frente do hotel e o motorista (Sr. Alberto Augusto Lambert, conhecido por “Negrinho”), levantando os braços gritou: “Professor tenho uma boa notícia pra você! Joguei no bicho na sua intenção e faturei oito mil! E duzentos é seu!”. Eu não me contive e comecei a chorar. Ele também se emocionou e acabou me dando mais quinhentos! Já era o dobro do que eu recebia por mês. Em seguida, ele que já sabia do meu drama, providenciou que o Cláudio – um conhecido caminhoneiro da região –, me levasse até Apiaí.

Na padaria, numa mesa ao lado, percebi que um velho prestava muita atenção no que eu contava. Mas, não me incomodei com isso e continuei:

- Chegando a Apiaí, o Cláudio nos levou até a farmácia. E depois conseguiu um caminhoneiro de Monte Alto pra me levar até Sorocaba onde a Clarice poderia ser hospitalizada. Recomendou ao motorista que pagasse todas as despesas minhas. E assim foi feito! Até, hoje, Carlos, não sei por que essas pessoas fizeram tudo isso por nós! Mas, não me esqueço delas. Todas as noites eu peço a Deus pelo “Negrinho” e pelo Cláudio. Que Deus os recompense!

Nesse momento, uma voz misteriosa, grave, forte e firme, vindo da mesa ao lado, interrompe a nossa conversa e diz: “O CLÁUDIO SOU EU!”.

E era realmente o Cláudio, o caminhoneiro que me ajudou e que eu, depois de tantos anos sem vê-lo, não tinha reconhecido! Comovidamente abraçamo-nos, enquanto o Carlos César arrematava.

- É... Eu precisava realmente ouvir isto; e ver esta cena de testemunha!

- Depois termino a história, - eu lhes disse - mas, em resumo, no final daquela viagem recebi os 10 meses de salário atrasado e mais 08 meses de substituição atrasada de Diretor de Escola de Santa Cruz dos Lopes, em Itararé (SP), que eu tinha direito, referente a 1967.

Hoje, após 52 anos de casado, 06 filhos e 07 netos, louvo a DEUS pelo que passei na vida: “Então minh’alma canta a Ti, Senhor: Quão grande és Tu! Quão grande és Tu!”.