“Qualquer homem, mesmo
perfeito, entre os homens, não será nada, se lhe falta a Sabedoria que vem de
Deus” (Livro
da Sabedoria 9, 6).
A Sabedoria protesta nas ruas e faz ouvir sua voz
quando reclama: até quando os insensatos amarão a tolice e os tolos odiarão à
ciência? Até quando o país terá representantes corruptos no poder?
É num governo honesto que há prosperidade. É no número
de sábios que se encontra a salvação do mundo. Cultivemos, então, a Sabedoria.
Sabedoria não pode ser confundida com Cultura.
Enquanto a Cultura vem de fora para dentro, a Sabedoria, ao contrário, nasce
dentro de nós; pois vem do coração, da alma da pessoa.
De acordo com este conceito, um analfabeto, sem
cultura, pode ser sábio se souber meditar sobre as verdades da vida.
As escolas poderão desenvolver a Sabedoria ensinando “o aluno a pensar” e adotando um “tratamento transversal” para as
questões sociais. Para tanto, abordarão temas importantes que extrapolem obliquamente
o currículo escolar – presentes sob as formas mais variadas na vida cotidiana.
Conforme essa ideia, valores e princípios democráticos
de cidadania como o respeito, a responsabilidade, a transparência, a equidade,
a paz, a sensatez, a moralidade e a ética, são fundamentais. Virtudes como a bondade,
tolerância, paciência, caridade, amizade, generosidade, humildade, fraternidade,
solidariedade, sinceridade e honradez, são também ensinamentos relevantes.
Enfim, o currículo escolar do sábio do futuro não pode descuidar dos temas e de
todas as atividades que possam desenvolver o pensamento lógico do aluno.
O rei Salomão legou à humanidade uma doutrina sobre a
Sabedoria e ficou conhecido pela sensatez de suas decisões.
Duas mulheres se apresentaram diante dele certa vez, e
uma delas disse:
– Ó rei Salomão! Eu e esta mulher moramos na mesma
casa. Ela estava comigo quando tive um filho. Dois dias depois, ela também deu
à luz um menino. Aconteceu que numa noite ela rolou sem querer sobre seu filho
e o sufocou. Então, levantou-se enquanto eu dormia, pegou o meu filho e o
colocou na cama dela. Depois, colocou o menino morto nos meus braços. Quando me
levantei para dar de mamar a meu nenê, vi que estava morto. Mas, quando reparei
bem, percebi que não era o meu filho.
– Não é verdade – retrucou a outra mulher. – Pelo
contrário, meu filho é o que está vivo, e o dela é o que está morto!
– Não! – replicou a primeira mulher.
– O morto é seu, e o vivo é meu!
E a discussão prosseguiu assim na frente do rei. Até
que Salomão mandou buscar uma espada e, então, determinou:
– Cortem a criança viva pelo meio e dêem a metade a
cada uma delas!
Então, uma das mulheres falou:
– Podem cortá-la, pois, assim, ela não será nem minha
e nem dela!
Mas a verdadeira mãe, com o coração cheio de amor pelo
filho, disse:
– Senhor, não mate meu filho! Por favor, o entregue a
esta mulher.
Aí então o rei deu a sentença final:
– Não matem o menino. Entreguem essa criança à segunda
mulher, pois é ela a sua verdadeira mãe.
Esta decisão fez o povo admirar Salomão, pois viram
que Deus lhe tinha dado Sabedoria para julgar com justiça.
A Justiça consiste no respeito aos direitos de cada
um. Deus colocou esse sentimento no coração de cada pessoa. Portanto, a
primeira obrigação do ser humano para ser sempre justo é respeitar os direitos
dos seus semelhantes.
Eis, então, o critério da verdadeira Justiça: “Tudo o que quereis que os homens vos façam,
fazei-o vós a eles” (Mateus 7,12).
Como todos nós temos o livre-arbítrio para agir, compete
ao Tribunal da Consciência de cada um, julgar todos os atos praticados. É a
nossa própria Consciência que nos condena ou nos absolve. O remorso é um
exemplo disso!
Por isso, na dúvida “Não julgueis, e não sereis
julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados” (disse
Jesus, em Lucas 6,37).
Mas, como pode alguém distinguir o certo do errado sem
julgar, sem avaliar?
Portanto, para haver uma reta Justiça tem que haver um
julgamento!... O próprio Mestre, contudo, recomenda: “Não julgueis pela aparência, mas
julgai conforme a justiça” (João 7,24). Ou seja, julgue com Sabedoria,
como fez Salomão.
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