“Quem perdoa se liberta”.
Nhá Chica (Francisca de Paula de Jesus), uma mestiça
do século XIX (1808-1895), filha de escrava e analfabeta, que viveu em
Baependi, MG, como celibatária, ensinando as pessoas a temer a Deus e a
respeitar o próximo, foi beatificada em maio de 2013.
Ela ditou uma luminosa frase sobre a vingança, numa
história – que adaptamos do livro “Nhá Chica, Perfume de Rosa”.
O carreiro Pedro Pereira, certa vez, vendo-a sozinha,
perguntou:
− Dona Francisca, eu posso pedir-lhe uma prece
particular para mim?
− O que está atormentando você?
− Faz mais de um mês que sumiu um dos meus melhores
bois.
− Você o tem procurado faz muito tempo, não é? O
animal está amarrado numa árvore. Não sei se vai chegar a tempo de salvá-lo; de
qualquer maneira vá, vai encontrá-lo no bairro P.
Pedro foi para o local e encontrou o boi muito
enfraquecido. Depois voltou para agradecer e perguntou:
− Dona Francisca, me diga quem amarrou daquele jeito o
meu boi, porque merece o mesmo tratamento.
A mulher sorriu e respondeu:
− “O Perdão é a Melhor Vingança”.
Se você não é capaz de perdoar seu semelhante, que
cristão você é? Sua prece não servirá para nada.
Em outro livro, intitulado “Quem Perdoa Liberta”, de Wanderley Oliveira / José Mário, nós
encontramos, no prefácio, que o “Perdão é
aceitação da vida e do outro como se encontram e como são...”. E nesse
mesmo livro Maria Modesto Cravo afirma que, “Quem
usufrui da benção do perdão ilumina-se com a recompensa da liberdade”.
Juntando tudo, podemos visualizar uma explicação para
afirmar que “O perdão é a melhor vingança”.
Nhá Chica – apesar de analfabeta – tinha consciência
que pelo perdão as pessoas se libertam. Mas, ainda fica a dúvida: como se
chegar a essa definição?
Conjeturemos, então! A vingança é desforra. Quem se
vinga castiga, pune... Mas, até que o castigo se concretize, a pessoa com sede
de vingança se angustia e se atormenta, sofrendo muito com isso.
A sede de vingança cria um cordão energético que
prende os envolvidos mesmo que a punição se realize.
Esse cordão energético é constituído pelos fios de
ódio, de ira, de rancor, de revolta, de ressentimento e de mágoa que se tem de
alguém.
Como o mal atrai o mal, se for recíproca essa vontade
de vingança os fios do cordão se fortalecem ainda mais. E com o passar do tempo
o cordão se engrossa até chegar ao ponto da obsessão.
E como sair dessa situação?
Comparemos então esse cordão energético a um forte
cordão de elástico.
Mas, por que cordão de elástico?
Porque para a energia, que vem com o pensamento, não
há distância nem tempo. Ela tem elasticidade que pode instantaneamente
percorrer o universo todo e ultrapassar as barreiras do tempo.
Aquele que foi ofendido e tem um desejo ardente de
vingança, está preso ao ofensor por esse elástico (cordão energético). Isto é
obsessão! Quanto mais sede de vingança, mais o ser humano fica enlaçado! E isso
provoca ansiedade, depressão, muitos outros sintomas emocionais e até doenças
mais graves.
Ao perdoar, o ofendido rompe com esse laço. Rompe com
o cordão energético de desforra... E se liberta! É como se ele tomasse de uma
faca e cortasse o elástico energético. Rompido, o cordão de elástico com todas
as suas energias negativas irá se arrebentar na outra ponta, podendo causar na
aura do ofensor um estrago muito maior do que seria o castigo provocado pela
vingança.
É a ação de uma lei natural! As medidas adotadas
contra seu opositor acabam recaindo sobre si mesmo.
“Quem com ferro
fere, com ferro será ferido”. Ou melhor, “quem fere alguém, será ferido com a
mesma energia com que feriu”. É como diz o ditado popular: praga de urubu,
vira-vira e cai no mesmo lugar!
Nhá Chica sabia disso! Por isso disse que o Perdão é a
Melhor Vingança.
Jesus também sabia que o Perdão liberta e, por isso,
mandou perdoar não uma vez, mas setenta vezes sete. Ou seja, quantas vezes
forem necessárias!
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