Aquecendo a Vida

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terça-feira, 15 de julho de 2014

FELICIDADE

“O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar...” (Lupicínio Rodrigues)



Pela frase citada, o grande compositor Lupicínio Rodrigues já sabia que o pensamento tem alguma coisa a mais, e que nos leva a voar...
O pensamento é como a energia de um controle de TV. A gente não vê, mas funciona. Ele é assim... Liga-nos a outra pessoa por uma energia que não vemos, mas que existe, porque é matéria invisível. Às vezes, acabamos de pensar numa pessoa e o telefone toca e, para nossa surpresa ao atender, é a mesma pessoa que a gente estava pensando!
Diz-se que houve “transmissão de pensamento”. E houve mesmo! Pois essa energia sutil, que não vemos, mas que realiza muitas conexões é o pensamento.
E a comunicação pelo pensamento é instantânea. Lupicínio sabia disso, tanto que escreveu os seguintes versos nessa canção: “A minha casa fica lá detrás do mundo onde eu vou em um segundo quando começo a cantar...”.
O pensamento não está no nosso cérebro, mas na nossa alma, no nosso espírito. É a mente inteligente – que extrapola o corpo físico –, que pensa e que faz as comunicações entre as pessoas estejam elas na Terra, em Marte, na Lua ou em qualquer outra dimensão do universo, aonde a gente queira ir.
Lupicínio sabia que a verdadeira Felicidade não está em bens materiais! Pois, buscamos a Felicidade nos prazeres externos e, entretanto, só a encontraremos dentro de nós mesmos: “Felicidade foi-se embora e a saudade no meu peito...”
Quando garimpamos no cascalho do coração, em busca dessa pedra preciosa, vamos lapidando a Pedra Bruta que somos e adquirindo uma nova visão de mundo, uma nova maneira de viver.
Incorporamos um novo paradigma de comportamento, que vai então – nas interações de nossa convivência –, aparando arestas e nos transformando no Diamante, que ilumina nossos caminhos e produz a Felicidade que tanto almejamos.
A lição de Hilário Silva, transcrita a seguir, é um poderoso ponto de partida nessa garimpagem.

PODIA SER PIOR

Filgueiras era uma pessoa de grande serenidade.
Certa feita, um amigo, que ele não via desde muito, visita-lhe a casa e, depois das saudações habituais, dá notícias do próprio pessimismo.
Inquirido por Filgueiras, começou a explicar-se:
− Imagine você que minha infelicidade começou quando o meu sócio conseguiu furtar-me quase tudo o que eu possuía. Foi terrível desastre...
Mas podia ser pior! - falou Filgueiras, preenchendo a pausa da conversação.
− Em seguida, estabeleci-me com pequena loja; no entanto, meu único empregado ateou fogo a tudo, após roubar-me...
Podia ser pior... - atalhou Filgueiras.
− O azar não ficou aí, pois, quando me viu sem qualquer recurso, a companheira me abandonou, buscando aventuras inconfessáveis.
Podia ser pior...
− Depois disso, minha única filha, aquela que ainda se mantinha ao meu lado, ouviu as insinuações de um homem que a seduziu, desprezando-me com amargas palavras...
Podia ser pior...
− Por fim, meu irmão, a única pessoa que ainda me dispensava proteção e carinho, foi assassinado por um salteador que escapou à cadeia.
Mas podia ser pior... - acentuou Filgueiras, calmo.
O outro sorriu mal-humorado, e objetou:
− Ora essa! Que podia ser pior? Dois ladrões me acabam com os negócios, dois malandros me acabam com a família e um assassino me acaba com o único irmão... Que podia ser pior, Filgueiras?
O prestimoso homem abanou a cabeça e respondeu calmamente:

− Podia ser pior, sim, meu amigo! Podia ser você o autor de tantos crimes; entretanto, cá está conversando comigo, de consciência purificada e mãos limpas. Sofrer dos outros é, de algum modo, trilhar o caminho em que Jesus transitou, mas fazer sofrer os outros é outra coisa.

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