“O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é
que a gente voa quando começa a pensar...” (Lupicínio Rodrigues)
Pela frase citada, o
grande compositor Lupicínio Rodrigues já sabia que o pensamento tem alguma
coisa a mais, e que nos leva a voar...
O pensamento é como a
energia de um controle de TV. A gente não vê, mas funciona. Ele é assim...
Liga-nos a outra pessoa por uma energia que não vemos, mas que existe, porque é
matéria invisível. Às vezes, acabamos de pensar numa pessoa e o telefone toca
e, para nossa surpresa ao atender, é a mesma pessoa que a gente estava
pensando!
Diz-se que houve “transmissão de pensamento”. E houve
mesmo! Pois essa energia sutil, que não vemos, mas que realiza muitas conexões
é o pensamento.
E a comunicação pelo
pensamento é instantânea. Lupicínio sabia disso, tanto que escreveu os
seguintes versos nessa canção: “A minha
casa fica lá detrás do mundo onde eu vou em um segundo quando começo a
cantar...”.
O pensamento não está no
nosso cérebro, mas na nossa alma, no nosso espírito. É a mente inteligente –
que extrapola o corpo físico –, que pensa e que faz as comunicações entre as
pessoas estejam elas na Terra, em Marte, na Lua ou em qualquer outra dimensão
do universo, aonde a gente queira ir.
Lupicínio sabia que a
verdadeira Felicidade não está em bens materiais! Pois, buscamos a Felicidade
nos prazeres externos e, entretanto, só a encontraremos dentro de nós mesmos: “Felicidade foi-se embora e a saudade no meu
peito...”
Quando garimpamos no
cascalho do coração, em busca dessa pedra preciosa, vamos lapidando a Pedra Bruta que somos e adquirindo uma
nova visão de mundo, uma nova maneira de viver.
Incorporamos um novo
paradigma de comportamento, que vai então – nas interações de nossa convivência
–, aparando arestas e nos transformando no Diamante,
que ilumina nossos caminhos e produz a Felicidade que tanto almejamos.
A lição de Hilário
Silva, transcrita a seguir, é um poderoso ponto de partida nessa
garimpagem.
PODIA SER
PIOR
Filgueiras era uma
pessoa de grande serenidade.
Certa feita, um amigo,
que ele não via desde muito, visita-lhe a casa e, depois das saudações
habituais, dá notícias do próprio pessimismo.
Inquirido por
Filgueiras, começou a explicar-se:
− Imagine você que minha
infelicidade começou quando o meu sócio conseguiu furtar-me quase tudo o que eu
possuía. Foi terrível desastre...
− Mas podia ser pior! -
falou Filgueiras, preenchendo a pausa da conversação.
− Em seguida,
estabeleci-me com pequena loja; no entanto, meu único empregado ateou fogo a
tudo, após roubar-me...
− Podia ser pior... -
atalhou Filgueiras.
− O azar não ficou aí,
pois, quando me viu sem qualquer recurso, a companheira me abandonou, buscando
aventuras inconfessáveis.
− Podia ser pior...
− Depois disso, minha
única filha, aquela que ainda se mantinha ao meu lado, ouviu as insinuações de
um homem que a seduziu, desprezando-me com amargas palavras...
− Podia ser pior...
− Por fim, meu irmão, a
única pessoa que ainda me dispensava proteção e carinho, foi assassinado por um
salteador que escapou à cadeia.
− Mas podia ser pior... -
acentuou Filgueiras, calmo.
O outro sorriu
mal-humorado, e objetou:
− Ora essa! Que podia
ser pior? Dois ladrões me acabam com os negócios, dois malandros me acabam com
a família e um assassino me acaba com o único irmão... Que podia ser pior,
Filgueiras?
O prestimoso homem
abanou a cabeça e respondeu calmamente:
− Podia ser pior, sim,
meu amigo! Podia ser você o autor de tantos crimes; entretanto, cá está
conversando comigo, de consciência purificada e mãos limpas. Sofrer dos outros é, de algum modo,
trilhar o caminho em que Jesus
transitou, mas fazer sofrer os outros
é outra coisa.
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