A Pérola é uma ferida cicatrizada...
No leito de um hospital, Narciso
inconformado com tantas aflições que quase o enfartara, chorando murmurava
blasfemando: “Deus não é justo! Parece que nasci só pra sofrer!... Por que é tão
difícil a vida para uns, enquanto para outros tudo parece sorrir?”.
Uma Freira, benfeitora daquela instituição, que
passava pela enfermaria naquele momento, ouviu aquele triste lamento e
imediatamente se dispôs a consolá-lo, perguntando:
— Por que chora meu irmão?
— Ah, estou me sentindo tão infeliz! Acho que Deus não
me ama...
— Isso não é verdade, meu irmão! Pois, fique sabendo
que para Deus você é igual a uma valiosa Pérola!
— É... Sei que a senhora me diz isso só para não me
ver triste!
— Não seja incoerente, meu amigo! Se eu lhe comparo
com uma Pérola é porque para Deus
você é uma jóia valiosíssima.
— Ah é? Então, bondosa irmã, que mistério é esse?
— Esse mistério, meu querido, é um milagre da
natureza! É o processo milagroso da formação da Pérola, que somente Deus seria capaz de permitir.
— E como isso acontece?
— Então, preste muita atenção! A Madrepérola ou Nácar é uma substância brilhante, iridescente (que reflete cores), encontrada
no interior das conchas marinhas. Ela é produzida, por alguns moluscos, como uma
reação a um corpo estranho que entrou em sua membrana epitelial. Quando um grão
de areia penetra uma ostra, as células da Madrepérola
começam a trabalhar e o cobrem com camadas e mais camadas para proteger o corpo
indefeso do animal. Qual o resultado disso? Uma linda Pérola se forma. Daí a função da Madrepérola: ser Mãe da Pérola
(Madre + pérola).
Enquanto o paciente meditava, a Freira com muita
serenidade continuava:
—
Pérolas, então, são produtos da DOR;
resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da
ostra, como o grão de areia! Uma ostra que não foi ferida, de algum modo, não
produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada...
Narciso então a interroga:
— O que eu tenho a ver com isso?
— O fato, meu irmão, é que se não fosse o terrível
incômodo da dor jamais a ostra seria capaz de mostrar tanta beleza aos seus
colecionadores. Da mesma forma, os seus sofrimentos
são permitidos por Deus para transformá-lo numa preciosa jóia humana a ser exibida no Reino Celeste!
— Puxa vida, ninguém tinha me falado
antes sobre estas coisas...!
E a bondosa Freira arrematou a história com este
conselho:
— Você certamente já se sentiu ferido
pelas palavras rudes de alguém; já foi acusado de ter dito coisas que não
disse; foi mal interpretado; já sofreu preconceito; foi caluniado; difamado; já
recebeu o troco da indiferença; e julgado sem ter feito mal algum... Pois essas
aflições são mecanismos da Lei de Deus para nossa evolução. Como estão nos
Salmos: “Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo Tua Lei...
Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os Teus decretos”.
Esta preciosa história nos faz lembrar os
apelos do Mestre Galileu, que constam dos evangelhos:
“Vinde a mim, vós todos que estais
aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós e recebei
minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis repouso
para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11, 28-30).
“Não
atireis aos porcos as vossas Pérolas, para que não as calquem com os seus pés,
e, voltando-se contra vós, vos despedacem” (Mateus 7,6).
Cubra suas mágoas com várias camadas de AMOR!
Nada de cultivar ressentimentos, que deixam as feridas abertas. Não seja uma “Ostra
Vazia”!... Não porque não tenha sido ferido!... Mas, porque você não
soube compreender, perdoar e transformar a dor em amor.
Guarde bem isto: toda vez que você superar
uma situação que o aflige, no mesmo momento uma nova pessoa nasce dentro de você.
Então, nada de choro, de blasfêmia, produza uma Pérola!!!
Mas, como disse o grande escritor e
emérito educador Rubem Alves, saiba que: Ostras felizes não fazem Pérolas!...
Por que é tão difícil a vida para uns, enquanto para outros tudo parece sorrir?”.
ResponderExcluirO que mais escuto é essa frase... O certo é se afastar.
Todos os seres humanos têm experiências diferentes em cada vida neste mundo, de acordo com a sua própria programação, para sua expansão de consciência. Diante da multiplicidade de vidas sucessivas que possuímos, quando nos encontramos por aqui estamos em estágios diferentes, com experiências diferentes, aprendizados diferentes, exercendo papéis diferentes nessa existência conforme a frequência evolutiva de cada um. O que é bom para uns não serve para o adiantamento moral de outros. Somos iguais no nascimento e na linha de chegada no final da jornada estabelecida para nosso Espírito. E durante cada trajeto existencial que percorremos somos diferentes sim, mas sem fugir do princípio de equidade que nos eleva, pois nenhum dos filhos de Deus se perderá.
Excluir