Aquecendo a Vida

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sábado, 15 de abril de 2023

A CAUSA INDÍGENA

 

Um ponto de reflexão para a nossa sociedade.


A polêmica sobre a prisão temporária do Cacique Sererê, Xavante, de 42 anos, no dia 12 / 12 / 22, ainda repercute na mídia. Pois ele era uma liderança dos indígenas apoiadores do Ex-presidente Bolsonaro, nas manifestações de Brasília.

Sem entrar nesse debate, tal fato me fez lembrar o Dia 19 de aBRIL – dIA DO ÍNDIO NO bRASIL. resolvi, então, reescrever um texto publicado anteriormente, intitulado:

 O PATAXÓ

A Morte do Pataxó resultou em Vida para os Excluídos.

Numa cálida noite de abril de 1997, na capital do país, o índio Galdino Jesus dos Santos, de 44 anos, um dos chefes da tribo Pataxó Hã-hã-hãe, buscava um local para repousar das lutas que dizimara seu sofrido povo. Encontrou num ponto de ônibus o local que precisava para um tranqüilo sono. Ali certamente não seria importunado. Ledo engano!

Enquanto o sono não vinha, ele refletia sobre o Dia do Índio. Recordou as lutas de seu povo desde o descobrimento do Brasil contra a discriminação, que não poupou nem os negros, que vieram depois. Quanto preconceito! – pensou...

Cochilava! Em sua mente vinha toda a história do seu povo, expulso de seu habitat natural com a chegada do branco, que invadiu suas terras. Quantos conflitos que dizimaram seus antepassados – os Aimorés! Lutas que os fizeram emigrar para o interior, na direção do rio Madeira.

Mas, alguns insistiram em continuar no litoral e receberam, por volta de 1850, o apelido de “Pataxó”, que significa “o que restou”. Pensou ele também na sua comunidade, lutando agora pela demarcação de suas terras. Um sonho!... Esperançoso ele dormiu sem imaginar a tragédia que ia lhe acontecer!

No outro dia, o país foi abalado pelo bárbaro assassinato, em Brasília, do índio Pataxó. Ele foi queimado por mãos criminosas de cinco rapazes da classe média alta. Levado ao Hospital Regional de Asa Norte, não resistiu.

Entretanto, a luta da comunidade Pataxó saiu-se vitoriosa. Em maio daquele ano foi demarcada a área de 827 hectares de Mata Atlântica, totalmente preservada e protegida da destruição do homem, denominada “Reserva Pataxó da Jaqueira”, localizada ao sul do Estado da Bahia, a 15 km da cidade de Porto Seguro e aberta a visitação dos turistas.

Muitos acompanharam naquela época, pela tevê, essa desumana barbárie e se indignaram. Todavia, outros podem até ter pensado que foi apenas um indigente, que desapareceu e que não incomoda mais. O que muitos não sabiam é que aquele índio era um guerreiro integrante da comunidade Pataxó, acostumado a dormir ao relento, tendo a noite como teto; que lutava pela vida, na esperança de que as terras indígenas, demarcadas, devolvessem um pouco de dignidade ao seu povo.

Aquele Pataxó, que dormia ali, na passagem do Dia do Índio para o dia do descobrimento do Brasil, fazia parte do que restava da resistência indígena contra os atos dos civilizados, que lhes impunham desde 1500, a escravidão e a conversão por meio do governo e da “guerra justa”. Por isso tudo, o Pataxó, deve ser o símbolo da inclusão social. Sua figura representa um marco nas lutas dos discriminados. Ele será lembrado como uma esperança de vida pelos negros, pela mulher, deficientes, desempregados, donas de casa, idosos... Enfim, por todos os excluídos.

Herói para sua tribo, a morte do Pataxó resultou numa vida melhor para os excluídos. Estão aí as normas de atendimento ao deficiente; de valorização da mulher; de respeito aos direitos humanos: do idoso, da criança e do adolescente; da Bolsa Família para os pobres; da geração de empregos e renda; bem como ações de promoção social para melhorar a educação, a saúde...  Até de salário mínimo mais valorizado!

Isso é pouco ainda, apenas o começo de uma caminhada, que não vai parar de avançar.  Pois, não basta dar o peixe; é preciso ensinar a pescar!

Que continuem avançando esses programas! Até que se realizem os sonhos dos idealistas que clamam por justiça social! Até que o país proclame que a miséria humana não lhe pertence mais!

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