Um ponto de reflexão para a
nossa sociedade.
A polêmica sobre a prisão temporária do Cacique Sererê, Xavante, de 42 anos, no
dia 12 / 12 / 22, ainda repercute na mídia. Pois ele era uma liderança dos
indígenas apoiadores do Ex-presidente Bolsonaro, nas manifestações de Brasília.
Sem entrar nesse debate, tal fato me fez
lembrar o Dia 19 de aBRIL – dIA DO ÍNDIO NO bRASIL. resolvi,
então, reescrever um texto publicado anteriormente, intitulado:
O PATAXÓ
A Morte do Pataxó resultou em Vida para os Excluídos.
Numa cálida noite de abril de 1997, na
capital do país, o índio Galdino Jesus dos Santos, de 44 anos, um dos chefes da
tribo Pataxó Hã-hã-hãe, buscava um
local para repousar das lutas que dizimara seu sofrido povo. Encontrou num
ponto de ônibus o local que precisava para um tranqüilo sono. Ali certamente
não seria importunado. Ledo engano!
Enquanto o sono não vinha, ele refletia
sobre o Dia do Índio. Recordou as
lutas de seu povo desde o descobrimento do Brasil contra a discriminação, que não
poupou nem os negros, que vieram depois. Quanto preconceito! – pensou...
Cochilava! Em sua mente vinha toda a
história do seu povo, expulso de seu habitat natural com a chegada do branco,
que invadiu suas terras. Quantos conflitos que dizimaram seus antepassados – os Aimorés! Lutas que os fizeram emigrar
para o interior, na direção do rio Madeira.
Mas, alguns insistiram em continuar no
litoral e receberam, por volta de 1850, o apelido de “Pataxó”, que significa “o
que restou”. Pensou ele também na sua comunidade, lutando agora pela
demarcação de suas terras. Um sonho!... Esperançoso ele dormiu sem imaginar a
tragédia que ia lhe acontecer!
No outro dia, o país foi abalado pelo
bárbaro assassinato, em Brasília, do índio Pataxó. Ele foi queimado por mãos criminosas
de cinco rapazes da classe média alta. Levado ao Hospital Regional de Asa
Norte, não resistiu.
Entretanto, a luta da comunidade Pataxó
saiu-se vitoriosa. Em maio daquele ano foi demarcada a área de
Muitos acompanharam naquela época, pela
tevê, essa desumana barbárie e se indignaram. Todavia, outros podem até ter
pensado que foi apenas um indigente, que desapareceu e que não incomoda mais. O
que muitos não sabiam é que aquele índio era um guerreiro integrante da
comunidade Pataxó, acostumado a dormir ao relento, tendo a noite como teto; que
lutava pela vida, na esperança de que as terras indígenas, demarcadas,
devolvessem um pouco de dignidade ao seu povo.
Aquele Pataxó, que dormia ali, na
passagem do Dia do Índio para o dia do descobrimento do Brasil, fazia parte do
que restava da resistência indígena contra os atos dos civilizados, que lhes
impunham desde 1500, a escravidão e a conversão por meio do governo e da “guerra justa”. Por isso tudo, o Pataxó, deve ser o símbolo da inclusão
social. Sua figura representa um marco nas lutas dos discriminados. Ele
será lembrado como uma esperança de vida pelos negros, pela mulher,
deficientes, desempregados, donas de casa, idosos... Enfim, por todos os
excluídos.
Herói para sua tribo, a morte do Pataxó
resultou numa vida melhor para os excluídos. Estão aí as normas de atendimento
ao deficiente; de valorização da mulher; de respeito aos direitos humanos: do
idoso, da criança e do adolescente; da Bolsa Família para os pobres; da geração
de empregos e renda; bem como ações de promoção social para melhorar a
educação, a saúde... Até de salário
mínimo mais valorizado!
Isso é pouco ainda, apenas o começo de
uma caminhada, que não vai parar de avançar.
Pois, não basta dar o peixe; é preciso ensinar a pescar!
Que continuem avançando esses programas!
Até que se realizem os sonhos dos idealistas que clamam por justiça social! Até
que o país proclame que a miséria humana não lhe pertence mais!
👏👏👏👏👏
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