Aquecendo a Vida

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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

PRECE PELOS MORTOS

 

A alma aflita pela qual se ora se sente consolada pelos que dela se compadecem.


Ela era uma mulher muito ciumenta, casada com um homem bem influente na sociedade.  Todas as vezes que via o marido confabulando com algumas jovens ela se sentia traída. A ciumeira era tanta que lhe causava uma inquietação mental pela suspeita ou receio de rivalidade amorosa. A vida social do esposo a perturbava de tal forma, que ela vivia contrariada e aborrecida como uma psicopata.

O ciúme é a ferrugem da alma, que deixa marcas escuras no coração; que impede a pessoa de viver com alegria... É uma energia negativa, de falta de confiança em si mesma! E essa insegurança pode levar a pessoa a juízos constrangedores na vida.

Foi o que ocorreu com essa linda mulher, que tudo tinha, além de uma boa família, que Deus lhe deu para confortá-la e ser feliz. Porém o ciúme a devorava!... Vivia nas cartomantes tentando elucidar suas suspeitas. Obcecada pela desconfiança, procurou por um feiticeiro, certa que resolveria o seu problema, mas ele disse que precisava do osso de um esqueleto humano para sua mandinga. Ela não teve dúvidas!... Usaria de todo o seu “prestígio”, para consegui-lo.

Tudo acertado. Data marcada.   Portão do cemitério só encostado (de propósito!)... À meia-noite ela toda disfarçada, numa roupa surrada, de véu na cabeça, acompanhada de um parente de sua confiança, adentram o campo-santo. Ele, de cavadeira e farolete na mão vai direto até o túmulo previamente escolhido e arranca a cruz da sepultura... Cavouca, cavouca, cavouca e encontra o que ela queria!

Ela guarda o osso achado com muito cuidado e, em sinal de respeito ao defunto decide colocar a cruz no mesmo lugar. Mas para sua surpresa, quando foi se retirar sentiu um puxão sobrenatural nas suas vestes e grita desesperada, correndo com a saia toda rasgada, sem saber para onde ia... O osso do defunto desparece na escuridão... E, aturdidos, eles deixam o cemitério em disparada, se benzendo de medo da assombração.

Somente no outro dia, seu comparsa voltando à cena do crime, descobriu que ela, ao enfiar a cruz na sepultura, prendeu também a barra de sua saia, que se partiu ao sair correndo, deixando um farrapo de suas vestes na ponta da cruz. Eita, que medo danado!...

Essa história eu conheço desde garoto. O casal se divorciou. O tempo passou... Eles faleceram... Mas, toda vez que pensava neles, eu me perguntava: será que a gente pode orar pelos Espíritos dos “mortos”?

Encontrei respostas afirmativas em “O Livro dos Espíritos de Allan Kardec”. A primeira, no item 664, o Espírito de São Luiz diz que a prece feita pelos Espíritos sofredores “não pode ter por efeito mudar os desígnios de Deus, mas a alma pela qual se ora sente o alívio, porque a prece é um testemunho de interesse que se dá à alma, e porque o infeliz sempre é consolado quando encontra almas caridosas que se compadecem de suas dores”. Ao receber a prece, o Espírito se arrepende, deseja melhorar e atrai bons Espíritos que vêm esclarecê-lo e lhe renovar a esperança, abreviando a sua aflição.

A outra resposta está no item 666, afirmando que se pode orar aos bons Espíritos, mas que “seu poder é proporcional à sua superioridade, e sempre depende do Senhor de todas as coisas, sem cuja permissão nada se faz. Eis porque as orações destinadas aos Espíritos só são eficazes se forem da vontade de Deus”.

Mas, para quem rejeita as preces pelos mortos, dizendo que ela não está prescrita no Evangelho, lembramos a recomendação do Cristo: “Amai-vos uns aos outros”. Válida como demonstração de afeição tanto para os vivos na carne quanto para as almas despidas de seu envoltório terreno (desencarnadas), mas que continuam vivas na espiritualidade, pela eternidade afora, porque na casa do Nosso-Pai há muitas moradas!...

E essa afeição pelos nossos entes queridos se fortalece cada vez mais em cada prece que por eles fazemos. Até o nosso breve reencontro!...

Lembre-se, que Jesus orou pelas ovelhas desgarradas!

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