A alma aflita
pela qual se ora se sente consolada pelos que dela se compadecem.
Ela
era uma mulher muito ciumenta, casada com um homem bem influente na sociedade. Todas as vezes que via o marido confabulando
com algumas jovens ela se sentia traída. A ciumeira era tanta que lhe causava
uma inquietação mental pela suspeita ou receio de rivalidade amorosa. A vida
social do esposo a perturbava de tal forma, que ela vivia contrariada e
aborrecida como uma psicopata.
O
ciúme é a ferrugem da alma, que deixa
marcas escuras no coração; que impede a pessoa de viver com alegria... É uma
energia negativa, de falta de confiança em
si mesma! E essa insegurança pode levar a pessoa a juízos constrangedores na
vida.
Foi
o que ocorreu com essa linda mulher, que tudo tinha, além de uma boa família,
que Deus lhe deu para confortá-la e ser feliz. Porém o ciúme a devorava!...
Vivia nas cartomantes tentando elucidar suas suspeitas. Obcecada pela
desconfiança, procurou por um feiticeiro, certa que resolveria o seu problema,
mas ele disse que precisava do osso de um esqueleto humano para sua mandinga. Ela
não teve dúvidas!... Usaria de todo o seu “prestígio”,
para consegui-lo.
Tudo
acertado. Data marcada. Portão do cemitério só encostado (de
propósito!)... À meia-noite ela toda disfarçada, numa roupa surrada, de véu na
cabeça, acompanhada de um parente de sua confiança, adentram o campo-santo.
Ele, de cavadeira e farolete na mão vai direto até o túmulo previamente
escolhido e arranca a cruz da sepultura... Cavouca, cavouca, cavouca e encontra
o que ela queria!
Ela
guarda o osso achado com muito cuidado e, em sinal de respeito ao defunto
decide colocar a cruz no mesmo lugar. Mas para sua surpresa, quando foi se
retirar sentiu um puxão sobrenatural nas suas vestes e grita desesperada, correndo
com a saia toda rasgada, sem saber para onde ia... O osso do defunto desparece na
escuridão... E, aturdidos, eles deixam o cemitério em disparada, se benzendo de
medo da assombração.
Somente
no outro dia, seu comparsa voltando à cena do crime, descobriu que ela, ao
enfiar a cruz na sepultura, prendeu também a barra de sua saia, que se partiu
ao sair correndo, deixando um farrapo de suas vestes na ponta da cruz. Eita,
que medo danado!...
Essa
história eu conheço desde garoto. O casal se divorciou. O tempo passou... Eles faleceram...
Mas, toda vez que pensava neles, eu me perguntava: será que a gente pode orar pelos
Espíritos dos “mortos”?
Encontrei
respostas afirmativas em “O Livro dos
Espíritos de Allan Kardec”. A primeira, no item 664, o Espírito de São Luiz
diz que a prece feita pelos Espíritos
sofredores “não pode ter por efeito
mudar os desígnios de Deus, mas a alma
pela qual se ora sente o alívio, porque a prece é um testemunho de
interesse que se dá à alma, e porque o infeliz sempre é consolado quando
encontra almas caridosas que se compadecem de suas dores”. Ao receber a prece,
o Espírito se arrepende, deseja melhorar e atrai bons Espíritos que vêm
esclarecê-lo e lhe renovar a esperança, abreviando a sua aflição.
A outra
resposta está no item 666, afirmando que se pode orar aos bons Espíritos, mas que “seu poder é proporcional à sua superioridade, e sempre depende do
Senhor de todas as coisas, sem cuja permissão nada se faz. Eis porque as
orações destinadas aos Espíritos só são eficazes se forem da vontade de Deus”.
Mas,
para quem rejeita as preces pelos mortos, dizendo que ela não está prescrita no
Evangelho, lembramos a recomendação do Cristo: “Amai-vos uns aos outros”.
Válida como demonstração de afeição tanto para os vivos na carne quanto para as almas despidas de seu envoltório
terreno (desencarnadas), mas que continuam
vivas na espiritualidade, pela eternidade afora, porque na casa do
Nosso-Pai há muitas moradas!...
E
essa afeição pelos nossos entes queridos se fortalece cada vez mais em cada
prece que por eles fazemos. Até o nosso breve reencontro!...
Lembre-se,
que Jesus
orou pelas ovelhas desgarradas!
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