“O sentido de uma lei que é toda de amor e caridade” (627 – O Livro dos Espíritos).
Muitos
dizem: “Ah! Se eu voltasse no tempo faria tudo diferente na vida!”...
Lamentos, assim, indicam o desejo de um recomeço para sanar desajustes do
passado. E dentro dessa ótica, a Lei da
Reencarnação surge como a chave que abre as portas à reconciliação.
Em
uma só existência é impossível a qualquer indivíduo deter todos os
conhecimentos; adquirir todas as experiências; ou reparar todos os seus malfeitos.
Há necessidade de uma pluralidade de existências, para que possa atingir a
perfeição em tudo. Ou seja, só pela via de um processo reencarnatório tudo isso
será possível.
Fala-se
em Reencarnação desde tempos imemoriais. Pois é uma Lei natural, que está na
consciência do ser humano. Cabe a cada indivíduo descobri-la com o despertar de
sua consciência. E como se faz isso? —Acreditando em Deus e buscando saber
sobre estas coisas. Deus não nos deu inteligência para isso?!...
Percebemos
a Lei da Reencarnação na prece do “Pai-Nosso”, quando rogamos a Deus “perdoai-nos
as nossas dívidas...”. Em certas traduções, para evitar o sentido “capitalista” de mentalidade “progressista”, este trecho da oração
foi alterado, no século XX, pouco antes do Concílio Vaticano II, para “perdoai-nos
as nossas ofensas...”, que
pressupõe uma atitude mais branda, de desculpas; talvez mais apropriada ao
ideal materialista de uma única vida. No entanto, no original de Mateus o termo
é dívidas (em latim “débita”) – de sentido mais complexo.
Há pessoas que têm uma incapacidade tão grande
em perdoar, que não admitem, em hipótese alguma, perdoar alguém nesta vida! Como
o perdão só se dá numa condição de proporcionalidade:
“assim
como nós perdoamos aos nossos devedores”, quem resiste em perdoar, só
obterá o perdão de suas faltas mudando de atitude. E isto depende de um longo
prazo, que ultrapassa a barreira do tempo de uma só existência tão curta!
Quando
se trata de transgressões gravíssimas, tais como homicídio, adultério, crimes
hediondos, etc. são levados à espiritualidade como débitos de “pós-morte”, cujo tempo de reparação é bem
mais longo ainda. E, nestes casos, o resgate dos débitos – imprescindível ao
progresso do Espírito – pode ser à
prestação, em diversas encarnações, nas quais vítima e agressor se juntam para
os acertos de contas sem a lembrança do passado. Graças à misericórdia de Nosso-Pai,
justo e bondoso!...
Diz
o Livro dos Espíritos (Q, 639) que “É
preciso que o Espírito adquira experiência, e para adquiri-la é preciso que
conheça o bem e o mal”. Por isso há união do Espírito e do corpo em
diferentes reencarnações, as quais possibilitam a cada criatura se elevar ao
posto supremo (de Espírito puro) por seus próprios méritos.
O
sentido da Lei da Reencarnação é, na
sua essência, todo de Amor e Caridade (que
resumem todas as outras leis de Deus). Tanto que Jesus resumiu toda a sua
doutrina no Amor ao próximo, a qual
permite, além da reconciliação, renovar sentimentos e desenvolver atitudes,
para torná-los compatíveis com frequências cada vez mais elevadas.
A Caridade é o Amor em ação – um dos mais
sublimes ensinamentos de Deus. Pois, quando em ação o Amor permite a compaixão,
o arrependimento, o perdão e a reparação plena dos erros..., por meio das
reencarnações. Assim, sem dúvida, a Caridade
é a mãe de todas as virtudes, pois quem a pratica não julga seu próximo,
respeita as diferenças de cada um..., ampara e socorre... E, por isso é que se
diz que: “Fora da Caridade não há
salvação!”.
A Reencarnação
fica ainda melhor compreendida, quando lhe acrescemos o sentido da Justiça, que caminha pari passu com o sentido do Amor
e da Caridade – sem os quais não há justiça verdadeira –, tal como se
percebe pelo adágio: “Um bom pai sempre
deixa aos seus filhos uma porta aberta ao arrependimento”. Deus é Nosso-Pai! E seria injusto se privasse
qualquer um de seus filhos da felicidade eterna.
Lembre-se
que Deus condena o pecado, mas salva o
pecador!
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