Aquecendo a Vida

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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

A EFICÁCIA DA PRECE

 

“Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto” (Mateus 7,7).


Para se entender a “Eficácia” precisa-se compará-la com outro termo de mesma acepção: a “Eficiência”.

Embora usadas como sinônimas, são palavras que têm, no entanto, significados bem diferentes. Vejamos:

Eficiência = fazer certo uma coisa.

Eficácia = fazer a coisa certa.

A Eficiência está no processo, mas a Eficácia está no resultado.

Assim, por exemplo, um time de futebol considerado Eficiente (porque domina o jogo), pode não ser Eficaz (porque não faz o resultado da partida). Precisa-se, então, ver a Eficácia do time (resultados!) para se reavaliar a Eficiência – a forma de jogar.

Isso também ocorre com a PRECE! Mas como fazê-la com eficácia?

— Mudando a forma de orar!

Diz o Livro dos Espíritos, na questão 672, que “a prece feita do fundo do coração é cem vezes mais agradável a Deus do que todas as oferendas que pudésseis fazer-lhe”.

A prece feita de coração é diferente da prece feita de oferendas. E esta diferença esta relacionada com a questão de forma ou de fundo.

A Forma está ligada às cerimônias, à aparência exterior, às fórmulas ou modelos de prece; enquanto que Fundo diz respeito aos sentimentos que fundamentam a prece que vêm do interior, fruto da intenção de se fazer o bem – equivale ao mérito do pedido.

Deus deve se importar muito mais com o sentimento (do coração), que é o fundo da questão que envolve a prece, do que com as oferendas. Pois até literalmente, a prece se prende ao coração! Olhe a palavra, a seguir, pense, veja e reflita: C O R A Ç Ã O.

 Porque, segundo o item 673 de O Livro dos Espíritos: “O homem que se prende ao exterior e não ao coração é um Espírito de visão estreita”.

Diante disso, eis algumas condições para que a prece tenha eficácia e seja atendida:

1.      Sigilo. "Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á" (Mateus 6,6). Trata-se aqui de alegoria.

O fechar da porta significa fechar-se dentro de si mesmo, através da concentração de seus pensamentos.

O aposento é o seu coração!  “Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (I Coríntios 3,16).

O segredo significa que o seu pedido não deve ser divulgado.  Deve permanecer num lugar oculto, secreto, apenas do conhecimento seu e de Deus, por uma medida de segurança, contra energias negativas de ciúme, inveja, despeito, “olho gordo”, cobiça, etc. que podem prejudicá-lo!...

2.      Não falar muito. A prece só tem valor pelo pensamento que a informa. Não será pelas muitas palavras que você vai ser atendido. Pois Deus sabe, antes de você pedir, o que lhe é necessário.

 

3.      Perdão. Para ser agradável a Deus a prece precisa partir de um coração purificado, limpo de todo sentimento contrário à caridade.  Então, se você tem alguma coisa contra alguém, antes de orar já deve perdoá-lo!... Para que Nosso-Pai, também perdoe os seus pecados!

 

4.      A humildade – que nos dá o sentimento da nossa fraqueza. “Porque, todo o que se exalta será humilhado; e todo o que se humilha será exaltado” (Lucas 14,11).

 

5.    A resignação virtude de quem está moralmente amadurecido para abdicar da sua própria vontade e se submeter aos desígnios de Deus. Pois, em nossas preces prevalecerá sempre a vontade de Nosso-Pai, porque Ele sabe melhor do que nós o que convém para cada um dos Seus filhos. Assim como age um pai prudente, quando recusa ao filho aquilo que lhe é prejudicial.

 

6.      O poder da Fé. Que só depende de você! Ter Fé é acreditar nas forças que você tem para realizar ou acessar aquilo que quer, sem medo algum! Pois “Somos deuses!” – disse o Mestre.

A seguir, eis uma explicação de Jesus sobre a oração – no livro “Cartas de Cristo” (1ª carta):

 “A sua oração fervorosa e específica para aliviar algum acontecimento pode receber resposta, mas a longo prazo será de pouco proveito se sua mente e seu coração continuarem em contravenção com as Leis Universais do AMOR...”.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

DECRETOS DIVINOS

 “O Senhor é meu pastor, nada me faltará” (Salmo 23, de Davi).


DECRETO é uma determinação de uma autoridade superior. No caso de Decretos Divinos, trata-se de um Ato da vontade soberana de Deus, de Seus desígnios. E o mérito do homem está na submissão à vontade de Deus!

Eis uma narrativa para ilustrá-lo.  

Ismael o Pai-da-Família estava preocupado com o Júnior, seu caçula, que há dias estava enfermo. Dona Márcia – a dedicada mãe –, já havia decidido levar o menino ao médico. Esperava só que o mau-tempo passasse.

Um arco-íris anuncia a calmaria. O casal então leva o filho doente ao hospital. Depois do atendimento, diz o médico à mãe desconsolada:

— Não se preocupe, não é nada grave!... Mas é necessário aplicar já uma injeção para que ele melhore.

— Naaão!... – reclama o menino chorando. – Injeção é ruim, vai doer!...

Apesar disso, a determinação do médico prevaleceu. Os pais sabiam que o procedimento médico era necessário para que o menino se recuperasse e entendiam que a dor momentânea que ele sentiria era necessária, porque se tratava de algo benéfico.

Assim também ocorre com os preceitos imutáveis de Nosso Pai Celestial para a melhora de Seus filhos. Ele sabe, que depois da tempestade, sempre vem a bonança!...

O Criador é onisciente, onipresente e onipotente e tem um plano detalhado de toda a Sua criação, que nos permite dizer que nada acontece por acaso ou por pura coincidência, mas sim por Sua vontade. Não cai uma folha de uma árvore sem que seja por Sua anuência! Nada, por menor que seja, escapa de Seu conhecimento. Ele conhece nossos pensamentos e sabe o que nos é necessário antes mesmo de pedirmos.  Daí ser importante ter Fé e aceitar os Seus desígnios, que determinam o que há de melhor para Seus filhos.

Devemos, pois, confiar em Nosso-Pai aconteça o que acontecer. Deus não se contradiz! Deus nunca se engana!... E não faz nada que seja inútil!...

Então, grosso modo, o Decreto de Deus é a predestinação dos Seus filhos. Todos criados como Centelha Divina, dotados de livre-arbítrio para evoluir até atingir a perfeição de Espíritos puros.

O nosso Livre-arbítrio não é num sentido absoluto, porque Deus conhece todas as nossas possibilidades e controla aquela que escolhemos para chegarmos sempre a um final feliz.

 As Escrituras usam vários termos, como Decretos: — eterno propósito; — mistério da Sua vontade; — desígnio e presciência de Deus; — Buscai e achareis; — Não julgueis...; — Vá e não peques mais; — Vós sois deuses...

Muitos consideram como Decretos de Deus, além dos Mandamentos, das Bem-aventuranças, dos Salmos 23 e 91, ainda que: — Deus existe desde sempre; — Jesus é o caminho a verdade e a vida; — A verdade nos libertará; — Jesus volta no Fim dos Tempos; — O Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados; — A Fé remove montanhas; — O jugo de Deus é suave e o Seu fardo leve; — Devemos amar nossos inimigos, fazer o bem aos que nos odeiam e orar pelos que nos perseguem; — nada há escondido que não venha a ser descoberto; — Deus julga a nossa intenção...

Mas, o mais poderoso dos Decretos de Deus está na Oração Dominical, quando oramos: “Seja feita a Sua vontade assim na terra como no céu...”. Esta afirmativa é uma Cláusula Pétrea — dispositivo imutável, que não se altera de forma alguma.

Isso significa, que se você orar pedindo pra ganhar na loteria – e isso não estiver no seu plano divino – você não ganhará! Porque na prece do Pai-Nosso você já decretou que seja feito primeiro a vontade de Deus e não a sua!... Entendeu!...

Também está decretado nessa oração “o perdão de nossas dívidas”. Porém, com uma condição “sine qua non”, sem a qual não se concretiza o perdão. Ou seja, as nossas dívidas só serão perdoadas se perdoarmos também as dívidas de nossos devedores.

Há um Decreto Divino de Moral Cristã, que é uma regra universal de conduta, mesmo para as menores ações. E que está nesta máxima evangélica: “Agir para com os outros como gostaríamos que os outros agissem para conosco”.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

O SENTIDO DA REENCARNAÇÃO

 

“O sentido de uma lei que é toda de amor e caridade” (627 – O Livro dos Espíritos).


Muitos dizem: “Ah! Se eu voltasse no tempo faria tudo diferente na vida!”... Lamentos, assim, indicam o desejo de um recomeço para sanar desajustes do passado. E dentro dessa ótica, a Lei da Reencarnação surge como a chave que abre as portas à reconciliação.

Em uma só existência é impossível a qualquer indivíduo deter todos os conhecimentos; adquirir todas as experiências; ou reparar todos os seus malfeitos. Há necessidade de uma pluralidade de existências, para que possa atingir a perfeição em tudo. Ou seja, só pela via de um processo reencarnatório tudo isso será possível.

Fala-se em Reencarnação desde tempos imemoriais. Pois é uma Lei natural, que está na consciência do ser humano. Cabe a cada indivíduo descobri-la com o despertar de sua consciência. E como se faz isso? —Acreditando em Deus e buscando saber sobre estas coisas. Deus não nos deu inteligência para isso?!...

Percebemos a Lei da Reencarnação na prece do “Pai-Nosso”, quando rogamos a Deus “perdoai-nos as nossas dívidas...”. Em certas traduções, para evitar o sentido “capitalista” de mentalidade “progressista”, este trecho da oração foi alterado, no século XX, pouco antes do Concílio Vaticano II, para “perdoai-nos as nossas ofensas...”, que pressupõe uma atitude mais branda, de desculpas; talvez mais apropriada ao ideal materialista de uma única vida. No entanto, no original de Mateus o termo é dívidas (em latim “débita”) – de sentido mais complexo.

 Há pessoas que têm uma incapacidade tão grande em perdoar, que não admitem, em hipótese alguma, perdoar alguém nesta vida! Como o perdão só se dá numa condição de proporcionalidade: “assim como nós perdoamos aos nossos devedores”, quem resiste em perdoar, só obterá o perdão de suas faltas mudando de atitude. E isto depende de um longo prazo, que ultrapassa a barreira do tempo de uma só existência tão curta!

Quando se trata de transgressões gravíssimas, tais como homicídio, adultério, crimes hediondos, etc. são levados à espiritualidade como débitos de “pós-morte”, cujo tempo de reparação é bem mais longo ainda. E, nestes casos, o resgate dos débitos – imprescindível ao progresso do Espírito – pode ser à prestação, em diversas encarnações, nas quais vítima e agressor se juntam para os acertos de contas sem a lembrança do passado. Graças à misericórdia de Nosso-Pai, justo e bondoso!...

Diz o Livro dos Espíritos (Q, 639) que “É preciso que o Espírito adquira experiência, e para adquiri-la é preciso que conheça o bem e o mal”. Por isso há união do Espírito e do corpo em diferentes reencarnações, as quais possibilitam a cada criatura se elevar ao posto supremo (de Espírito puro) por seus próprios méritos.

O sentido da Lei da Reencarnação é, na sua essência, todo de Amor e Caridade (que resumem todas as outras leis de Deus). Tanto que Jesus resumiu toda a sua doutrina no Amor ao próximo, a qual permite, além da reconciliação, renovar sentimentos e desenvolver atitudes, para torná-los compatíveis com frequências cada vez mais elevadas. 

A Caridade é o Amor em ação – um dos mais sublimes ensinamentos de Deus. Pois, quando em ação o Amor permite a compaixão, o arrependimento, o perdão e a reparação plena dos erros..., por meio das reencarnações. Assim, sem dúvida, a Caridade é a mãe de todas as virtudes, pois quem a pratica não julga seu próximo, respeita as diferenças de cada um..., ampara e socorre... E, por isso é que se diz que: “Fora da Caridade não há salvação!”.

A Reencarnação fica ainda melhor compreendida, quando lhe acrescemos o sentido da Justiça, que caminha pari passu com o sentido do Amor e da Caridade – sem os quais não há justiça verdadeira –, tal como se percebe pelo adágio: “Um bom pai sempre deixa aos seus filhos uma porta aberta ao arrependimento”. Deus é Nosso-Pai! E seria injusto se privasse qualquer um de seus filhos da felicidade eterna.

Lembre-se que Deus condena o pecado, mas salva o pecador!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

PRECE PELOS MORTOS

 

A alma aflita pela qual se ora se sente consolada pelos que dela se compadecem.


Ela era uma mulher muito ciumenta, casada com um homem bem influente na sociedade.  Todas as vezes que via o marido confabulando com algumas jovens ela se sentia traída. A ciumeira era tanta que lhe causava uma inquietação mental pela suspeita ou receio de rivalidade amorosa. A vida social do esposo a perturbava de tal forma, que ela vivia contrariada e aborrecida como uma psicopata.

O ciúme é a ferrugem da alma, que deixa marcas escuras no coração; que impede a pessoa de viver com alegria... É uma energia negativa, de falta de confiança em si mesma! E essa insegurança pode levar a pessoa a juízos constrangedores na vida.

Foi o que ocorreu com essa linda mulher, que tudo tinha, além de uma boa família, que Deus lhe deu para confortá-la e ser feliz. Porém o ciúme a devorava!... Vivia nas cartomantes tentando elucidar suas suspeitas. Obcecada pela desconfiança, procurou por um feiticeiro, certa que resolveria o seu problema, mas ele disse que precisava do osso de um esqueleto humano para sua mandinga. Ela não teve dúvidas!... Usaria de todo o seu “prestígio”, para consegui-lo.

Tudo acertado. Data marcada.   Portão do cemitério só encostado (de propósito!)... À meia-noite ela toda disfarçada, numa roupa surrada, de véu na cabeça, acompanhada de um parente de sua confiança, adentram o campo-santo. Ele, de cavadeira e farolete na mão vai direto até o túmulo previamente escolhido e arranca a cruz da sepultura... Cavouca, cavouca, cavouca e encontra o que ela queria!

Ela guarda o osso achado com muito cuidado e, em sinal de respeito ao defunto decide colocar a cruz no mesmo lugar. Mas para sua surpresa, quando foi se retirar sentiu um puxão sobrenatural nas suas vestes e grita desesperada, correndo com a saia toda rasgada, sem saber para onde ia... O osso do defunto desparece na escuridão... E, aturdidos, eles deixam o cemitério em disparada, se benzendo de medo da assombração.

Somente no outro dia, seu comparsa voltando à cena do crime, descobriu que ela, ao enfiar a cruz na sepultura, prendeu também a barra de sua saia, que se partiu ao sair correndo, deixando um farrapo de suas vestes na ponta da cruz. Eita, que medo danado!...

Essa história eu conheço desde garoto. O casal se divorciou. O tempo passou... Eles faleceram... Mas, toda vez que pensava neles, eu me perguntava: será que a gente pode orar pelos Espíritos dos “mortos”?

Encontrei respostas afirmativas em “O Livro dos Espíritos de Allan Kardec”. A primeira, no item 664, o Espírito de São Luiz diz que a prece feita pelos Espíritos sofredores “não pode ter por efeito mudar os desígnios de Deus, mas a alma pela qual se ora sente o alívio, porque a prece é um testemunho de interesse que se dá à alma, e porque o infeliz sempre é consolado quando encontra almas caridosas que se compadecem de suas dores”. Ao receber a prece, o Espírito se arrepende, deseja melhorar e atrai bons Espíritos que vêm esclarecê-lo e lhe renovar a esperança, abreviando a sua aflição.

A outra resposta está no item 666, afirmando que se pode orar aos bons Espíritos, mas que “seu poder é proporcional à sua superioridade, e sempre depende do Senhor de todas as coisas, sem cuja permissão nada se faz. Eis porque as orações destinadas aos Espíritos só são eficazes se forem da vontade de Deus”.

Mas, para quem rejeita as preces pelos mortos, dizendo que ela não está prescrita no Evangelho, lembramos a recomendação do Cristo: “Amai-vos uns aos outros”. Válida como demonstração de afeição tanto para os vivos na carne quanto para as almas despidas de seu envoltório terreno (desencarnadas), mas que continuam vivas na espiritualidade, pela eternidade afora, porque na casa do Nosso-Pai há muitas moradas!...

E essa afeição pelos nossos entes queridos se fortalece cada vez mais em cada prece que por eles fazemos. Até o nosso breve reencontro!...

Lembre-se, que Jesus orou pelas ovelhas desgarradas!