Aquecendo a Vida

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sábado, 14 de janeiro de 2023

NICODEMOS – O PRÍNCIPE JUDEU

 

“A reencarnação é um dos princípios fundamentais do Cristianismo” (Cairbar Schutel).


Nicodemos, príncipe dos judeus, foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe:

— Rabi, sabemos que é um Mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que faz se Deus não estiver com ele.

Jesus replicou-lhe:

— Em verdade, em verdade lhe digo: quem não nascer de novo não poderá ver o Reino de Deus.

— Como pode um homem renascer, sendo velho? – perguntou-lhe Nicodemos. Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez?

— Em verdade, em verdade lhe digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do Espírito é espírito. Não se maravilhes de que eu lhe tenha dito: “Necessário vos é nascer de novo”. O vento sopra onde quer; ouve-lhe o ruído, mas não sabe de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito.

Nicodemos replicou-lhe:

— Como se pode fazer isso?

— É doutor em Israel e ignora estas coisas!... – respondeu Jesus. – Em verdade, em verdade lhe digo: dizemos o que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas não recebem o nosso testemunho. Se eu tenho falado das coisas terrenas e não me crê, como vão crer se eu lhes falar das celestiais?

 

As ideias de Hermínio C. Miranda, sobre este Cap. 3 de João, me inspiram também a fazer alguns comentários.

Nicodemos era um judeu influente, membro do Sinédrio (Suprema Corte). Por isso, procurava o Mestre na calada da noite, para desvendar o verdadeiro sentido oculto dos textos sagrados.

Como diz o evangelho, ele tinha Jesus como Mestre, vindo da parte de Deus. E ficou impressionado em saber que é preciso Nascer de Novo para se alcançar o estado de pureza espiritual – que Jesus chama de o “Reino de Deus”.

E Jesus lhe ensina a dualidade do ser humano: que o corpo de carne só pode gerar outro corpo de carne – jamais criar um espírito, que é de origem divina. É o espírito que nasce e renasce na carne, tantas vezes quanto for necessário, até que tenha condições de pureza e sabedoria, que lhe permita entrar no “Reino de Deus”.  

 Quando Jesus compara: o que acontece com aquele que nasceu do Espírito, com o vento que sopra... Temos aí um curioso jogo de palavras, pois o mesmo termo (pneuma) servia para traduzir espírito e vento. O espírito, tal como o vento, é livre e invisível. Só se percebe a sua presença!

Nicodemos, perplexo, insiste em saber: “como se pode fazer isso?”.

Jesus então lhe responde:

— Você é mestre em Israel e não entende estas coisas?

A lógica turbinada desta resposta contundente do Mestre é simples: quem conhecia os textos sagrados, deveria entender, com “olhos que veem”, a engrenagem das vidas sucessivas do Antigo Testamento.

Segundo a questão 480 do Livro dos Espíritos “Uma coisa pode ser verdadeira ou falsa conforme o sentido que se atribui às palavras. As maiores verdades podem parecer absurdas quando se vê apenas a forma e quando se toma a alegoria pela realidade...”.

Nicodemos via apenas a forma (o arquétipo) do nascimento físico. E tomava essa alegoria pela realidade do renascer do espírito, que Jesus lhe explicava. Tanto é assim que ele ainda pergunta: “Como pode um homem renascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez?”. Aqui fica evidente o sentido das palavras: falam sobre reencarnação!

Outra interpretação que depois se deu a esta doutrina – segundo a qual o Nascer de Novo seria a renovação íntima do indivíduo – é uma ideia aceitável, mas num outro contexto... Porém, não deixa de ser uma ideia absurda neste contexto do que Jesus realmente ensinou a Nicodemos.

Se a reencarnação não existisse Jesus teria dito a Nicodemos! Se fosse uma doutrina errada Jesus não deixaria de combatê-la como fez com tantas outras coisas. Jesus, ao contrário, a sancionou quando insistiu em afirmar: “Não te maravilhes de que eu te tenha dito: necessário vos é nascer de novo”.

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