“A reencarnação é um dos princípios fundamentais do Cristianismo” (Cairbar Schutel).
Nicodemos,
príncipe dos judeus, foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe:
— Rabi, sabemos que é um Mestre vindo de Deus. Ninguém pode fazer esses milagres que faz se Deus não estiver com ele.
Jesus
replicou-lhe:
— Em verdade,
em verdade lhe digo: quem não nascer de
novo não poderá ver o Reino de Deus.
— Como pode
um homem renascer, sendo velho? – perguntou-lhe Nicodemos. Porventura pode
tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez?
— Em verdade, em verdade lhe digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do Espírito é espírito. Não se maravilhes de que eu lhe tenha dito: “Necessário vos é nascer de novo”. O vento sopra onde quer; ouve-lhe o ruído, mas não sabe de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito.
Nicodemos
replicou-lhe:
— Como se
pode fazer isso?
— É doutor em
Israel e ignora estas coisas!... – respondeu Jesus. – Em verdade, em verdade
lhe digo: dizemos o que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas não
recebem o nosso testemunho. Se eu tenho falado das coisas terrenas e não me
crê, como vão crer se eu lhes falar das celestiais?
As ideias de
Hermínio C. Miranda, sobre este Cap. 3 de João, me inspiram também a fazer
alguns comentários.
Nicodemos era um judeu influente, membro do
Sinédrio (Suprema Corte). Por isso, procurava o Mestre na calada da noite, para
desvendar o verdadeiro sentido oculto dos textos sagrados.
Como diz o
evangelho, ele tinha Jesus como Mestre, vindo
da parte de Deus. E ficou impressionado em saber que é preciso Nascer
de Novo para se alcançar o estado de pureza espiritual – que Jesus
chama de o “Reino de Deus”.
E Jesus lhe ensina a dualidade do ser humano: que o
corpo de carne só pode gerar outro corpo de carne – jamais criar um espírito,
que é de origem divina. É o espírito que nasce e renasce na carne, tantas vezes
quanto for necessário, até que tenha condições de pureza e sabedoria, que lhe
permita entrar no “Reino de Deus”.
Quando Jesus
compara: o que acontece com aquele que
nasceu do Espírito, com o vento que sopra... Temos aí um curioso jogo de
palavras, pois o mesmo termo (pneuma)
servia para traduzir espírito e vento. O espírito, tal como o vento,
é livre e invisível. Só se percebe a sua presença!
Nicodemos,
perplexo, insiste em saber: “como se pode
fazer isso?”.
Jesus então
lhe responde:
— Você é mestre em Israel e não entende estas
coisas?
A lógica turbinada desta resposta contundente do
Mestre é simples: quem conhecia os textos sagrados, deveria entender, com “olhos que veem”, a engrenagem das vidas
sucessivas do Antigo Testamento.
Segundo a questão 480 do Livro dos Espíritos “Uma coisa pode ser verdadeira ou falsa
conforme o sentido que se atribui às palavras. As maiores verdades podem
parecer absurdas quando se vê apenas a forma e quando se toma a alegoria pela
realidade...”.
Nicodemos via apenas a forma (o arquétipo) do nascimento físico. E tomava essa alegoria
pela realidade do renascer do espírito,
que Jesus lhe explicava. Tanto é assim que ele ainda pergunta: “Como pode um homem renascer, sendo velho?
Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez?”.
Aqui fica evidente o sentido das palavras: falam sobre reencarnação!
Outra interpretação que depois se deu a esta
doutrina – segundo a qual o Nascer de Novo seria a renovação íntima do indivíduo – é
uma ideia aceitável, mas num outro contexto... Porém, não deixa de ser uma
ideia absurda neste contexto do que Jesus realmente ensinou a Nicodemos.
Se a reencarnação não existisse Jesus teria
dito a Nicodemos! Se fosse uma doutrina errada Jesus não deixaria de combatê-la
como fez com tantas outras coisas. Jesus, ao contrário, a sancionou quando insistiu
em afirmar: “Não te maravilhes de que eu te tenha dito: necessário vos é nascer de
novo”.
Bela passagem bíblica...🙌🙏
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