“Nesta longa estrada da vida vou correndo e não posso parar...”. (José Rico).
Para compreender as peripécias da nossa vida, vamos
imaginar uma Longa Estrada, larga e
bela; e que no percurso dela há florestas que precisamos atravessar. E que esta
estrada só é interrompida na entrada de cada floresta. E só na saída é que
continua.
Um viajante seguindo por essa Longa Estrada chega à primeira floresta. Aí, porém, ele não
encontra um caminho, mas um labirinto onde se perde ao avançar na sua jornada.
A claridade não penetra no solo, devido à espessa abóboda formada pelas
árvores.
O viajante caminha sem rumo!
Mas, afinal, depois de inauditas fadigas, ele chega
aos confins da mata, alquebrado pelo cansaço, com as carnes rasgadas pelos
espinhos, os pés feridos pelas pedras. Ali torna a encontrar o caminho e a luz,
e prossegue em sua marcha tratando de se curar das feridas.
Mais longe, ele vê a segunda floresta, onde o esperam
as mesmas dificuldades. Mas, já tem um pouco de experiência e rompe o matagal.
Noutra floresta, mais à frente, encontra um lenhador,
que lhe indica a direção a seguir para não se perder.
Daí por diante, aumenta a sua habilidade, os
obstáculos são mais facilmente vencidos. Seguro de achar na saída o caminho desbravado,
ele alenta-se com esta confiança. Pois,
finalmente, já possui a orientação precisa para achá-lo.
O caminho termina no cume de alta montanha, de onde
ele olha toda a caminhada que fez, desde a saída; assim como vê as florestas
que atravessou e recorda as vicissitudes que passou.
Esta recordação, não lhe é penosa, visto que já chegou
ao fim da viagem. Sente-se como um velho soldado, que recorda as batalhas a que
assistiu.
Então, ele medita sobre as florestas esparramadas pelo
caminho; e diz:
— “Quando eu estava ali, na primeira, como me
pareciam longas! Parecia-me que não chegava ao fim; tudo era gigantesco e emaranhado
em torno de mim. E quando penso que, sem aquele bom lenhador que me ensinou o
caminho, ainda andaria hoje por lá!... Mas agora, que as contemplo daqui, como
me parece tão pequenas aquelas florestas, que me bastariam alguns passos para
poder atravessá-las! E quanto mais eu as contemplo e lhes reparo nas minúcias,
mais falso me parece o juízo que fiz delas”.
Eis que surge um Velho e lhe diz:
— Filho, você terminou a viagem; mas o repouso
indefinido causar-lhe-ia brevemente mortal enjoo que faria você ter saudades
daquelas vicissitudes porque passou. Veja daqui um sem número de viajantes no
caminho que você percorreu, os quais correm o perigo de se perder. Você tem
agora a experiência, nada mais você teme; vai procurá-los e se esforçar por
guiá-los com os seus conselhos, a fim que cheguem mais cedo.
— Com muito gosto – ele responde – mas qual a razão de
não haver um caminho reto até aqui? Isso pouparia a todos o incômodo de
atravessar aquelas abomináveis florestas.
— Meu Filho, pensa bem e verá que muitos são os que as
evitam; aquelas que, tendo já adquirido a necessária experiência, sabem
escolher um caminho mais reto e mais curto; essa experiência, porém, é o fruto
do trabalho durante as primeiras travessias, de maneira que eles não vêm ter aqui senão por obra de
seus méritos.
Que seria de você se não houvesse experimentado? A
atividade que você precisou desenvolver, assim como os recursos de imaginação
que lhe foram precisos para você abrir o caminho, lhe aumentaram os
conhecimentos e lhe desenvolveram a inteligência. Sem isto você ainda seria um
ignorante. E, ainda, se esforçando por vencer os empecilhos, você contribuiu
para o melhoramento das florestas, que atravessou.
O que fez é pouco; mas pensa nos milhares de viajantes
que têm feito outro tanto e que, trabalhando para si, trabalham sem que o saibam,
pelo bem comum. Justo é, pois, que recebam o salário do trabalho, no descanso
que aqui gozam. Que mérito você teria se nada tivesse feito?
Esta interpretação é Kardeciana (publicada em Obras
Póstumas).
Fiz aqui uma adaptação, pois acredito na Pluralidade
das Existências; porque todos os Espíritos tendem para a perfeição; e “nenhuma
ovelha se perderá!”. Assim, observo que cada
Existência Corporal não passa realmente de uma pequena e curta estação na vida
espiritual.
E a soma de todas elas (ou das florestas!) é uma
figura representativa da única Existência Espiritual da Alma, em seu
processo de evolução.
Pense nisso!...
Não podemos parar, se parar enferruja...🧑🦽🏃
ResponderExcluirVerdade. A caminhada tem que ser feita, independentemente do fardo pessoal.
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