Aquecendo a Vida

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sábado, 18 de junho de 2022

A LONGA ESTRADA DA VIDA

 “Nesta longa estrada da vida vou correndo e não posso parar...”.  (José Rico).


Para compreender as peripécias da nossa vida, vamos imaginar uma Longa Estrada, larga e bela; e que no percurso dela há florestas que precisamos atravessar. E que esta estrada só é interrompida na entrada de cada floresta. E só na saída é que continua.

Um viajante seguindo por essa Longa Estrada chega à primeira floresta. Aí, porém, ele não encontra um caminho, mas um labirinto onde se perde ao avançar na sua jornada. A claridade não penetra no solo, devido à espessa abóboda formada pelas árvores.

O viajante caminha sem rumo!

Mas, afinal, depois de inauditas fadigas, ele chega aos confins da mata, alquebrado pelo cansaço, com as carnes rasgadas pelos espinhos, os pés feridos pelas pedras. Ali torna a encontrar o caminho e a luz, e prossegue em sua marcha tratando de se curar das feridas.

Mais longe, ele vê a segunda floresta, onde o esperam as mesmas dificuldades. Mas, já tem um pouco de experiência e rompe o matagal.

Noutra floresta, mais à frente, encontra um lenhador, que lhe indica a direção a seguir para não se perder.

Daí por diante, aumenta a sua habilidade, os obstáculos são mais facilmente vencidos.  Seguro de achar na saída o caminho desbravado, ele alenta-se com esta confiança.  Pois, finalmente, já possui a orientação precisa para achá-lo.

O caminho termina no cume de alta montanha, de onde ele olha toda a caminhada que fez, desde a saída; assim como vê as florestas que atravessou e recorda as vicissitudes que passou.

Esta recordação, não lhe é penosa, visto que já chegou ao fim da viagem. Sente-se como um velho soldado, que recorda as batalhas a que assistiu.

Então, ele medita sobre as florestas esparramadas pelo caminho; e diz:

 — “Quando eu estava ali, na primeira, como me pareciam longas! Parecia-me que não chegava ao fim; tudo era gigantesco e emaranhado em torno de mim. E quando penso que, sem aquele bom lenhador que me ensinou o caminho, ainda andaria hoje por lá!... Mas agora, que as contemplo daqui, como me parece tão pequenas aquelas florestas, que me bastariam alguns passos para poder atravessá-las! E quanto mais eu as contemplo e lhes reparo nas minúcias, mais falso me parece o juízo que fiz delas”. 

Eis que surge um Velho e lhe diz:

— Filho, você terminou a viagem; mas o repouso indefinido causar-lhe-ia brevemente mortal enjoo que faria você ter saudades daquelas vicissitudes porque passou. Veja daqui um sem número de viajantes no caminho que você percorreu, os quais correm o perigo de se perder. Você tem agora a experiência, nada mais você teme; vai procurá-los e se esforçar por guiá-los com os seus conselhos, a fim que cheguem mais cedo.

— Com muito gosto – ele responde – mas qual a razão de não haver um caminho reto até aqui? Isso pouparia a todos o incômodo de atravessar aquelas abomináveis florestas.

— Meu Filho, pensa bem e verá que muitos são os que as evitam; aquelas que, tendo já adquirido a necessária experiência, sabem escolher um caminho mais reto e mais curto; essa experiência, porém, é o fruto do trabalho durante as primeiras travessias, de maneira que eles não vêm ter aqui senão por obra de seus méritos.

Que seria de você se não houvesse experimentado? A atividade que você precisou desenvolver, assim como os recursos de imaginação que lhe foram precisos para você abrir o caminho, lhe aumentaram os conhecimentos e lhe desenvolveram a inteligência. Sem isto você ainda seria um ignorante. E, ainda, se esforçando por vencer os empecilhos, você contribuiu para o melhoramento das florestas, que atravessou.

O que fez é pouco; mas pensa nos milhares de viajantes que têm feito outro tanto e que, trabalhando para si, trabalham sem que o saibam, pelo bem comum. Justo é, pois, que recebam o salário do trabalho, no descanso que aqui gozam. Que mérito você teria se nada tivesse feito?

Esta interpretação é Kardeciana (publicada em Obras Póstumas).

Fiz aqui uma adaptação, pois acredito na Pluralidade das Existências; porque todos os Espíritos tendem para a perfeição; e “nenhuma ovelha se perderá!”.  Assim, observo que cada Existência Corporal não passa realmente de uma pequena e curta estação na vida espiritual.

E a soma de todas elas (ou das florestas!) é uma figura representativa da única Existência Espiritual da Alma, em seu processo de evolução.

Pense nisso!...


2 comentários:

  1. Não podemos parar, se parar enferruja...🧑‍🦽🏃

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  2. Verdade. A caminhada tem que ser feita, independentemente do fardo pessoal.

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