Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

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sábado, 25 de junho de 2022

O VELHO CONSTRUTOR

 

Faça tudo com muito amor para construir uma vida cada vez melhor.


Emiliano trabalhava há muito anos para a mesma firma construtora de casas. Era um experiente mestre da área de construção. Um dia, já idoso, depois de ter construído muitas e muitas casas, todas bem feitas, resolveu procurar o seu chefe no escritório da empresa para lhe dizer o seguinte:

— Patrão, eu estou querendo me aposentar. Já tenho o tempo necessário para isso e desejo largar este serviço para viver uma vida mais calma com minha família. Eu sei que vou sentir falta do meu salário mensal, mas realmente já me sinto velho, cansado de construir casas e só me resta mesmo é aproveitar a aposentadoria...

A empresa não seria afetada pela saída do construtor, mas o dono, que o estimava, ficou chateado em saber que perderia um dos melhores empregados e, então, lhe fez um pedido:

— Emiliano, você é funcionário dedicado. Fico triste em vê-lo partindo. Eu compreendo o seu pedido, mas antes gostaria que você trabalhasse só em mais um projeto. Como um favor especial à nossa empresa!

— E qual é o projeto?

— Apenas a construção de mais uma casa. Você topa! Eu vou viajar, mas a loja de material de construção lhe fornecerá todo o material necessário.

Emiliano não gostou muito da ideia, mas acabou concordando e começou seu último trabalho.

Foi fácil verificar que ele não se entusiasmou com essa ideia. Seus pensamentos e seu coração já não mais estavam no trabalho.

Como era a última casa que construía, Emiliano resolveu “matar” o serviço. Assim, prosseguiu o projeto, porém, sem se empenhar como sempre fazia, utilizando mão de obra de qualidade inferior e usando materiais inadequados, de segunda qualidade.

Resultado: fez pouco alicerce; algumas paredes ficaram tortas; massa de reboco quase só areia; a cobertura ficou pouco segura às chuvas; não fez as calçadas em volta...

Resumindo: ficou uma casa muito mal construída! E isso foi uma maneira negativa lamentável de Emiliano encerrar a sua carreira.

Casa pronta! O patrão veio vê-la. Emiliano entregou-lhe as chaves, mas antes de inspecioná-la, como sempre fazia, ele já devolveu as chaves ao velho construtor, dizendo-lhe:

— Meu amigo, eu quis lhe fazer uma surpresa. Sei que você não tem casa e vive de aluguel. Agora Emiliano, esta é a sua casa. Ela é o meu presente para você, pelos anos todos de dedicação e trabalho nesta empresa!

Que choque! O velho construtor não esperava essa surpresa!... Um sentimento de arrependimento tomou conta de seu coração; e ele pensou: “Meu Deus, que vergonha! Se soubesse que estava construindo minha própria casa, teria feito tudo completamente diferente... Jamais eu seria tão desleixado! Que pena!”.

Emiliano acabou tendo que morar numa casa feita de qualquer jeito!

Assim acontece com todos aqueles que estão construindo suas vidas de maneira distraída, reagindo mais que agindo, deixando de dar o melhor de si em tudo o que faz.

Infelizmente, os que assim agem não sabem que fazer as coisas com amor, empenho e dedicação, pensando no conforto alheio é até mais caridade do que dar a esmola, que às vezes humilha! E se esquecem de que “fora da caridade não há salvação!”.

Disse Jesus: “Se alguém vem obrigar-te a andar mil passos com ele, anda dois mil”. (Mateus 5,41).

 Este ensinamento também significa que devemos ir além  daquilo que nos pedem; dando sempre o melhor de nós para fazer bem feito as coisas.

E se aplica em todos os casos de fraternidade – a Caridade Evangélica por excelência –, que têm como máxima: “fazer aos outros, o que queremos que os outros nos façam”.

Somos cocriadores da nossa realidade, construtores de nossa vida; mas, se faltar amor em tudo que fazemos é como “construir na areia”.

Nós precisamos uns dos outros. E a Caridade proclama: “um por todos e todos por um”.

Se não damos o nosso melhor esforço nos assuntos mais importantes, quando olhamos para a situação que criamos levamos um choque e ficamos amargurados... E surpresos, como o Velho Construtor, sem nada a reclamar!...

Pense na sua vida como uma casa que você está construindo. Das suas atitudes e escolhas de hoje, depende a sua posição de amanhã e do que você fizer amanhã dependerá a do dia seguinte; e assim por diante...

Busque o Reino das Coisas Boas e faça, então, tudo diferente daqui para frente, construindo sabiamente a sua vida, pois ela não passa do seu próprio projeto intitulado:

“FAÇA VOCÊ MESMO!”.

sábado, 18 de junho de 2022

A LONGA ESTRADA DA VIDA

 “Nesta longa estrada da vida vou correndo e não posso parar...”.  (José Rico).


Para compreender as peripécias da nossa vida, vamos imaginar uma Longa Estrada, larga e bela; e que no percurso dela há florestas que precisamos atravessar. E que esta estrada só é interrompida na entrada de cada floresta. E só na saída é que continua.

Um viajante seguindo por essa Longa Estrada chega à primeira floresta. Aí, porém, ele não encontra um caminho, mas um labirinto onde se perde ao avançar na sua jornada. A claridade não penetra no solo, devido à espessa abóboda formada pelas árvores.

O viajante caminha sem rumo!

Mas, afinal, depois de inauditas fadigas, ele chega aos confins da mata, alquebrado pelo cansaço, com as carnes rasgadas pelos espinhos, os pés feridos pelas pedras. Ali torna a encontrar o caminho e a luz, e prossegue em sua marcha tratando de se curar das feridas.

Mais longe, ele vê a segunda floresta, onde o esperam as mesmas dificuldades. Mas, já tem um pouco de experiência e rompe o matagal.

Noutra floresta, mais à frente, encontra um lenhador, que lhe indica a direção a seguir para não se perder.

Daí por diante, aumenta a sua habilidade, os obstáculos são mais facilmente vencidos.  Seguro de achar na saída o caminho desbravado, ele alenta-se com esta confiança.  Pois, finalmente, já possui a orientação precisa para achá-lo.

O caminho termina no cume de alta montanha, de onde ele olha toda a caminhada que fez, desde a saída; assim como vê as florestas que atravessou e recorda as vicissitudes que passou.

Esta recordação, não lhe é penosa, visto que já chegou ao fim da viagem. Sente-se como um velho soldado, que recorda as batalhas a que assistiu.

Então, ele medita sobre as florestas esparramadas pelo caminho; e diz:

 — “Quando eu estava ali, na primeira, como me pareciam longas! Parecia-me que não chegava ao fim; tudo era gigantesco e emaranhado em torno de mim. E quando penso que, sem aquele bom lenhador que me ensinou o caminho, ainda andaria hoje por lá!... Mas agora, que as contemplo daqui, como me parece tão pequenas aquelas florestas, que me bastariam alguns passos para poder atravessá-las! E quanto mais eu as contemplo e lhes reparo nas minúcias, mais falso me parece o juízo que fiz delas”. 

Eis que surge um Velho e lhe diz:

— Filho, você terminou a viagem; mas o repouso indefinido causar-lhe-ia brevemente mortal enjoo que faria você ter saudades daquelas vicissitudes porque passou. Veja daqui um sem número de viajantes no caminho que você percorreu, os quais correm o perigo de se perder. Você tem agora a experiência, nada mais você teme; vai procurá-los e se esforçar por guiá-los com os seus conselhos, a fim que cheguem mais cedo.

— Com muito gosto – ele responde – mas qual a razão de não haver um caminho reto até aqui? Isso pouparia a todos o incômodo de atravessar aquelas abomináveis florestas.

— Meu Filho, pensa bem e verá que muitos são os que as evitam; aquelas que, tendo já adquirido a necessária experiência, sabem escolher um caminho mais reto e mais curto; essa experiência, porém, é o fruto do trabalho durante as primeiras travessias, de maneira que eles não vêm ter aqui senão por obra de seus méritos.

Que seria de você se não houvesse experimentado? A atividade que você precisou desenvolver, assim como os recursos de imaginação que lhe foram precisos para você abrir o caminho, lhe aumentaram os conhecimentos e lhe desenvolveram a inteligência. Sem isto você ainda seria um ignorante. E, ainda, se esforçando por vencer os empecilhos, você contribuiu para o melhoramento das florestas, que atravessou.

O que fez é pouco; mas pensa nos milhares de viajantes que têm feito outro tanto e que, trabalhando para si, trabalham sem que o saibam, pelo bem comum. Justo é, pois, que recebam o salário do trabalho, no descanso que aqui gozam. Que mérito você teria se nada tivesse feito?

Esta interpretação é Kardeciana (publicada em Obras Póstumas).

Fiz aqui uma adaptação, pois acredito na Pluralidade das Existências; porque todos os Espíritos tendem para a perfeição; e “nenhuma ovelha se perderá!”.  Assim, observo que cada Existência Corporal não passa realmente de uma pequena e curta estação na vida espiritual.

E a soma de todas elas (ou das florestas!) é uma figura representativa da única Existência Espiritual da Alma, em seu processo de evolução.

Pense nisso!...


sexta-feira, 10 de junho de 2022

PRESENTES DE AMOR

 

“Minha alma ansiosa espera confiante que em meu peito você plante a semente do Amor”

(Carlos Cezar e José Fortuna, em Terra Tombada).


O Amor é um sentimento universal. Pode-se dizer que esse sentimento é o nosso jeito de demonstrar às pessoas como nós gostamos delas e de quanto elas são importantes para nós. E que esse carinho que demonstramos por elas, representa a nossa capacidade de protegê-las e de cuidar para fazê-las felizes.

O jeito de cada um de amar e de ser amado, de compartilhar uma afeição é um sentimento único que desperta muita emoções e que une os corações.  Pois o ato de dar e receber tem relações muito abrangentes que faz a gente se comprometer e se sacrificar pelo bem estar do outro e de suas necessidades.

Esses laços de amor que se fortalecem cada vez mais com o passar do tempo são desenvolvidos desde a infância, através do carinho que recebemos de nossos pais (amor materno e paterno), dos familiares e amigos (amor fraterno) e, mais tarde, através do amor de uma pessoa querida e especial que chegamos a conhecer (amor romântico).

O Amor tem muitas virtudes. A principal é a Fraternidade, que revela o lado humanitário da beneficência, que faz com que as pessoas, na sua humildade, olhem para os outros com o mesmo olhar voltado para si mesmo.

 Daí surge a Solidariedade...  E a Caridade, que resume todas as virtudes!...  Mas, há uma virtude do Amor imprescindível, que é a Entrega. Pois o Amor não procura seus interesses, não busca a si mesmo, não busca sequer aquilo que é seu. Quem ama ignora qualquer recompensa, porque o “fardo” do Amor é suave; pois a felicidade não existe em ter e receber; apenas em dar.

A única grandeza que existe está na entrega proporcionada pelo Amor. Por quê? Porque não existe grandeza nas coisas. Quem quiser ser feliz tem que colocar no Amor o seu encontro com a vida. O resto não tem importância!

O Amor é a maior lei da Natureza. Vivemos aprendendo a amar. Amamos para aprender a viver. Nenhuma outra lição é exigida de nós.

Que Jesus dirija os nossos corações para o Amor de Deus!

Então, em homenagem a todos os ENAMORADOS de hoje, reescrevi uma história de Amor, do início do século passado, que certa vez a Prof.ª Jussara Valenga Krzyzanowski, me contou.
Veja, a seguir, como os dois protagonistas narraram o romance:
Rodrigo - Fui impulsionado a tirar Ana pra dançar. Estava magnetizado: por seu olhar de exímia paqueradora; por ser uma mocinha extrovertida; pelo fascínio que me causaram seus longos cabelos loiros, tão macios como os de uma criança. Foi um impulso de Amor à primeira vista.

Ana – Lembro-me que ele era tímido e de atitudes bem conservadoras, mas também muito bonito. Nós conversamos bastante e demos risada ao constatar que parecíamos ter tão pouca coisa em comum. Mas, como os opostos se atraem, fiquei completamente apaixonada.

Rodrigo – Descobri que ela desejava ardentemente uma presilha de prata, exposta na vitrine de uma grande loja da cidade. Sonhava com essa jóia enfeitando seus longos cabelos loiros. Mas, como não dispunha de recursos financeiros para isso, ficava triste sempre que tocava nesse assunto.

AnaRodrigo herdara de seu avô um lindo relógio de ouro, muito antigo e valioso. Ele se envaidecia com isso e procurava uma corrente de ouro, que combinasse com o relógio de bolso para pendurá-lo como faziam os coronéis daquela época. Mas, coitado!... Vivia sem grana e eu sabia disso!

Rodrigo Senti que nossa paixão se transformava num profundo sentimento de Amor. Decidi, então, que daria à Ana a presilha de prata. Não tive dúvidas, vendi o precioso relógio que possuía e comprei o presente.

AnaO Amor por Rodrigo me fez cometer uma loucura, da qual nunca me arrependi: cortei meus cabelos e vendi para uma fábrica de perucas. Com o dinheiro comprei a corrente de ouro para o seu relógio.

Rodrigo – Qual não foi a nossa surpresa quando nos encontramos no Dia dos Namorados?!  Nossos presentes não tinham mais finalidades!...

Ana – Aqueles gestos foram Presentes de Amor. Cada um tirou de si o que tinha de mais precioso para entregar a quem mais amava na vida. Com isso, descobrimos que nosso casamento seria de plena felicidade. Rodrigo me disse, então, a frase que eu mais desejava ouvir naquele momento: “EU TE AMO!...”. Segurando a respiração retribui o seu afeto com um forte abraço e um beijo ardente, que selou para sempre a nossa união.

sábado, 4 de junho de 2022

O VALOR DA ATENÇÃO

 

“Cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz...” (Gonzaguinha).


Relata a Sr.ª Thompson, que no seu primeiro dia de aula da 5ª série primária disse aos alunos que gostava de todos por igual. No entanto, ela sabia que isto era quase impossível, já que na primeira fila estava sentado um pequeno garoto chamado Teddy.

A professora havia observado que ele não se dava bem com os colegas de classe e muitas vezes suas roupas estavam sujas e cheiravam mal. Por isso, houve até momentos em que ela sentia prazer em lhe dar notas vermelhas ao corrigir suas provas e trabalhos.

Entretanto, ao tomar conhecimento das anotações feitas em cada ano, deixou a ficha dele por último. Mas quando a leu foi grande a sua surpresa.

1º “Teddy é um menino brilhante. Seus trabalhos sempre estão em ordem e muito nítidos. E tem bons modos”.

”Teddy é um aluno excelente e muito querido por seus colegas, mas tem estado preocupado com sua mãe doente, que está desenganada pelos médicos. A vida em seu lar está sendo muito difícil”.

3º “A morte da mãe foi um golpe duro para Teddy. Ele procura fazer o melhor, mas seu pai não tem nenhum interesse”.

”Teddy anda muito distraído e não mostra interesse algum pelos estudos. Tem poucos amigos e, muitas vezes, dorme na sala de aula”.

A Sr.ª Thompson se deu conta do problema e ficou então terrivelmente envergonhada. E sentiu-se ainda pior quando se lembrou dos presentes de Natal que os alunos lhe haviam dado, envoltos em papéis coloridos, exceto o de Teddy, que estava enrolado num papel marrom de supermercado.

Lembra-se de que abriu o pacote com tristeza, enquanto os outros riam ao ver uma pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume pela metade. Apesar das piadas ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no braço e um pouco de perfume sobre a mão.

Naquele dia Teddy ficou um pouco mais de tempo na escola do que o de costume. Lembrou-se ainda, que Teddy lhe disse que ela estava cheirosa como sua mãe. Depois que todos se foram, a professora Thompson chorou por longo tempo... Em seguida tomou a decisão de mudar sua maneira de ensinar e passou a dar mais atenção aos seus alunos, especialmente Teddy.

Notou, com o passar do tempo, que Teddy só melhorava. Quanto mais carinho e atenção ela lhe dava mais ele se animava! Tanto que no fim do ano letivo ele acabou sendo o melhor da classe.

 E seis anos depois, ela recebeu uma carta dele contando que havia concluído o segundo grau e que ela era a melhor professora que tivera.

As notícias se repetiram até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo Dr. Theodore Stoddard, seu antigo aluno, mais conhecido como Teddy.

Um dia a Sr.ª Thompson recebeu outra carta, em que Teddy a convidava para seu casamento. Ela aceitou o convite e no dia do casamento estava usando a pulseira que ganhou de Teddy anos antes, e também o perfume.

Quando os dois se encontraram, abraçaram-se por longo tempo e Teddy lhe disse ao ouvido: Obrigado por acreditar em mim e me deixar sentir importante, demonstrando-me que posso fazer a diferença”.

Mas, com os olhos banhados em pranto, ela sussurrou baixinho: Você está enganado! Foi você que me ensinou que eu podia fazer a diferença, afinal eu não sabia ensinar até que o conheci”.

Esta história – de autor desconhecido –, com algumas adaptações que fiz, ficou ótima para as reuniões pedagógicas nas escolas de Ensino fundamental. Pois ela nos mostra o quanto é importante darmos um pouco mais de atenção e carinho aos nossos alunos. E, também, aos nossos colegas, amigos, pessoas que amamos... E, sem discriminação social, para todas aquelas que se encontram ao nosso lado.

A atenção, carinho e cuidado devem ser somados e nunca divididos.

A maior fome que existe no mundo é a carência de afeto. Daí O VALOR DA ATENÇÃO, que é tão necessária para se ouvir os apelos silenciosos que ecoam na alma de uma pessoa açoitada pela vida.  

Mas, se você não pode doar um mínimo de seu tempo em benefício de uma pessoa desanimada e triste, deixa-lhe pelo menos o seu sorriso ou outro simples gesto de caridade, que possa lhe reacender o entusiasmo pela vida.  

Como diz a linda canção gaúcha “Lembranças”, do compositor, poeta e cantor tradicionalista “Porca Veia”: “Quando as almas perdidas se encontram / Machucadas pelo desprazer / Um aceno, um riso apenas / Faz a gente gostar de viver...”.