Aquecendo a Vida

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sábado, 6 de novembro de 2021

O GANANCIOSO

 O dinheiro compra o travesseiro, mas não dá o sono.


Salim era um cidadão ganancioso demais, que só pensava em poder e dinheiro. Tinha uma esposa, Sara – que era muito mal amada – e um filho, Juninho, a quem dava pouca atenção e carinho. Ignorava a família e só pensava nos lucros de seus negócios.

Quantas vezes, mãe e filho não passaram natal, aniversários e outros dias sozinhos. Juninho chorava, às vezes, querendo o pai e Sara, querendo lhe consolar, sempre dizia:

− Seu pai está trabalhando para nos dar mais conforto.

Salim, sempre viajando, não media as conseqüências para ganhar o seu dinheiro. Certa vez conseguiu ganhar tanto, que comprou um carro importado. E, depois de um bom tempo voltou para casa para se encontrar com a família.

Chegou dirigindo o carro dos seus sonhos, de luxo, da cor do céu, que ele exibia como se fosse um troféu. Juninho, com saudade, aproximou-se do pai, mas ele não lhe deu a menor atenção. Parecia um louco! Só falava do carro!

Depois de algum tempo resolveu descansar um pouco e foi dormir.

O garoto ficou acordado. Olhando pra aquele carro viu então uma sujeira do lado. Na inocência de criança, querendo ajudar seu pai, pegou um balde-d’água, uma bucha de aço e começou a esfregar e a lavar o carro. Depois, com simplicidade, foi correndo acordar o papai.

Salim, ao ver o carro todo arranhado, parecia um animal feroz e descontrolado. E como um demente – que não sabe o que faz –, começou a bater fortemente nas mãos do menino.

Sara, trancada no quarto, nada podia fazer mesmo vendo o ódio do marido ao castigar o menino. Salim, maldosamente, impedia que ela buscasse socorro para seu filho machucado.

Três dias se passaram de sofrimento sentido, até que Salim saiu para consertar o carro. Só, então, Juninho pôde ser socorrido. O médico deu a notícia mais triste de se escutar:

− Sara, teremos que amputar a mãozinha de seu filho.

Sara, em estado de choque, foi internada e naquele mesmo dia foi marcada a cirurgia do Juninho.

O pai só foi avisado alguns dias depois. A notícia o deixou totalmente desesperado. Foi então correndo ao hospital e quando viu seu filho com a mão amputada começou a chorar. O menino ainda o abraçou querendo consolá-lo. Na sua inocência de criança começou a falar:

− Papai, me perdoa, eu nunca mais vou fazer você chorar... Não tenho mais minha mãozinha para arranhar o carro!

Salim, cheio de dor e remorso, saiu correndo sem saber o que fazer. Não queria mais viver. Não tendo outra solução, pegou uma arma e sem pensar atirou contra o próprio peito.

Criei os personagens desta história, que adaptei a partir de um poema intitulado “Bens Materiais”, gravado em CD por Marco Brasil.

Essa história mostra quantas coisas erradas a gente faz na vida. Mostra que a gente deve lutar muito, mas nunca se esquecer da família, dos amigos, dos pais, dos filhos, de quem a gente ama...

O remorso é uma aflição da nossa consciência por culpa ou crime cometido, porém, a dor maior é do arrependimento, que martela em nossa consciência o mal que causamos a alguém. E pior, ainda, é o sentimento de Contrição – que é o arrependimento de ter ofendido a Deus!

O perdão, quando sincero, abranda as dores da alma e, mesmo no caso de um suicida, pode ser útil como um recurso de consolação. Pois Deus permite aos seus trabalhadores da luz, a prioridade no socorro aos suicidas, que são vistos como casos de socorro emergencial.

Afinal: Há coisas na vida bem mais importantes do que poder e dinheiro!

E, para nossa reflexão, há um texto no Youtube, de Jaqueline Reinelli, alertando, em alguns trechos, que:

A gente vai embora e fica tudo aqui... E o mundo continua assim, caótico, muito louco, como se a nossa presença ou ausência não fizesse a menor diferença... A vida segue, as pessoas superam e vão seguindo suas rotinas...

A gente vai embora. E é bem assim: Piscou, num estalo, a vida vai... Se a gente esperasse pela morte, talvez a gente vivesse mais... Talvez a gente esperasse menos dos outros... Talvez a gente quisesse mais tempo e menos dinheiro.

Que possamos ser cada dia melhores. Que saibamos reconhecer o que realmente importa nesta nossa breve passagem pela Terra. Só isso. Até porque, A GENTE VAI EMBORA...


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