“Vai e faze tu o
mesmo”. (Jesus
/ Lucas 10, 37).
Dois velhos amigos, ambos enfermos,
caminhavam por uma região montanhosa e deserta. Era inverno e o ar estava muito
gelado. Cada um deles se defendia como podia das frias rajadas de vento, quando
foram surpreendidos na estrada por uma criança semimorta caída no gelo. O
primeiro que a viu, se irritando, exclamou:
− Não vamos perder tempo agora. O
momento é de muito cuidado para cada um de nós. Vamos em frente.
− Amigo, salvemos esta criança. É nosso
irmãozinho em humanidade.
− Eu não posso, sinto-me cansado e
doente. Essa criança desconhecida seria um peso insuportável. Temos frio e
tempestade. Precisamos chegar à aldeia sem perder tempo. Já estou indo!
Vendo o companheiro marchando adiante em
largas passadas, o homem de bom sentimento, contudo, se debruçou sobre a
criança estendida no chão, para socorrê-la.
Pouco tempo depois seguia a jornada com
o pequenino abraçado carinhosamente ao seu peito. A chuva fina e gelada caía
pela noite adentro, mas ele, como um pai, seguia aconchegando a criança ainda
mais, embora menos rapidamente. Por nada abandonaria aquela indefesa
criança!...
Só depois de muito tempo conseguiu
chegar à hospedaria do mais próximo povoado. Porém, surpreso, não encontrou aí
o companheiro que o abandonara.
No dia seguinte, depois de minuciosa
procura, ele soube que acharam o seu companheiro sem vida, num desvão a beira
de um alagado caminho.
O infeliz viajante, sem coração,
seguindo sozinho, depressa, com a ideia egoísta de se preservar, não resistiu ao
frio intenso e tombou encharcado, sem recursos para enfrentar o congelamento,
enquanto que o seu companheiro, recebendo em troca o suave calor da criança que
sustentava junto ao próprio coração, superou os obstáculos da noite gelada,
guardando-se de semelhante desastre.
Descobrimos com esta história quanto é
sublime o auxílio mútuo. O bondoso viajante ajudando aquela criança abandonada,
na realidade ajudou a si mesmo! Quando, pois, nos dispomos a ser útil ao
próximo, o nosso sacrifício também é compensado. Com o auxílio mútuo, ambos
então ganharam as bênçãos da salvação recíproca!
Estes ensinamentos são de luz
evangélica. Está lá na Parábola do Bom Samaritano, demonstrando quem é o nosso
próximo e, ainda indicando, que para a salvação basta ter um bom coração, isto
é, ter amor.
Quem tem amor verdadeiro há de ajudar o
seu próximo com tudo o que lhe for possível! Não importa: seja com apoio
material ou espiritual.
Quem foi o próximo da criança abandonada
e semimorta? Foi o viajante de bom sentimento no coração.
Mas por quê? Porque usou de misericórdia
para com ela!
Quando se usa de misericórdia para com o
próximo, já se está praticando a Caridade. Pois a misericórdia é uma alavanca
poderosa, de energias benfeitoras, que impulsiona a pessoa a olhar o próximo com
o mesmo olhar voltado para si mesmo; a olhá-lo como irmão e, consequentemente, ajudá-lo
no que for preciso.
Há uma máxima afirmando que “Fora
da Caridade não há Salvação”. Mas como praticá-la? De muitas maneiras.
Além de fazê-la por ACÕES conhecidas, como dar esmola, visitar os doentes,
participar de entidades filantrópicas e educativas, participar de eventos
beneficentes, ainda podemos praticá-la por pensamento e palavras.
Fazemos CARIDADE POR PENSAMENTO, quando
damos bons exemplos e quando oramos pelos outros que estão em dificuldades.
Pode crer que uma prece feita com amor os aliviará!
Fazemos CARIDADE POR PALAVRAS, quando usamos
uma linguagem doce afetiva e respeitosa; quando usamos de indulgência; damos
bons conselhos; despertamos a fé em Deus; damos esperanças; ensinamos virtudes
cristãs e valores morais; falamos a verdade, resistindo à mentira; e até quando
corrigimos o erro com muito amor, visando o crescimento do próximo...
A CARIDADE resume todas as virtudes. Ao
praticá-la semeamos paz e alegrias para o nosso próprio futuro, conquistando
uma felicidade sem fim. Além – é claro! – da compensação em todos os campos da
vida, que a própria Lei divina nos proporciona.
Que a nossa bandeira
na vida tenha por divisa o slogan cristão
do auxílio mútuo: “Amai-vos uns aos outros”!
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