“A luz
espiritual é intransferível!” (Inácio Ferreira / Carlos Bacelli).
Em 1970 eu lecionava em Ribeira – SP.
Residia na escola, às margens da foz do Rio Catas Altas. Um paraíso!
Certo dia apareceu por lá um vendedor de
livros e lhe perguntei:
− Por acaso você tem aí um livro sobre
as Parábolas de Jesus?
− Tenho sim! De Cairbar Schutel.
Olhei o livro, paguei e comentei:
− Quero aprender sobre a Parábola das
Dez Virgens.
− A que fala sobre Meritocracia!
− Meritocracia?
Será? – indaguei.
− Leia e depois você me conta!
Depois de ter lido e meditado sobre o livro,
ainda tinha muitas dúvidas.
Somente agora, 50 anos depois, que me “caiu a ficha”! Veja por quê!
Mateus (25,1-13): Então o Reino dos Céus será semelhante a dez virgens, que saíram com suas lâmpadas ao encontro do esposo. Dentre elas, cinco eram néscias, e cinco prudentes. As néscias, tomando
suas lâmpadas, não levaram óleo consigo. As prudentes, todavia, levaram de reserva vasos de óleo junto com as
lâmpadas.
Tardando
o esposo, todas as dez virgens
cochilaram e adormeceram. Porém, no meio da noite ouviu-se um clamor: Eis o esposo! E elas saíram ao seu encontro.
Levantaram-se todas e prepararam suas lâmpadas.
As
néscias disseram às prudentes:
−
Dai-nos de vosso óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando.
− Não
temos o suficiente para nós e para vós! – responderam. – É preferível irdes aos
vendedores, a fim de o comprardes
para vós.
Ora,
enquanto elas foram comprar, veio o esposo.
E as que estavam preparadas entraram com ele para a sala das bodas; e fechou-se
a porta.
Mais
tarde, chegaram as virgens néscias, clamando:
− Senhor,
abre-nos a porta!
Mas
ele respondeu:
−
Em verdade vos digo que não vos conheço! Portanto, vigiai, porque não sabeis
nem o dia nem a hora.
Esta Parábola se refere ao costume dos
judeus, de núpcias celebradas à noite. As donzelas que acompanhavam a noiva
formavam um cortejo diante do noivo (esposo), seguindo-o até o local do
banquete.
Qual seria a moral desta história?
É uma lição de advertência àqueles que
buscam atingir uma determinada meta na vida. Os quais têm que ser responsáveis
e previdentes, mas que muitas vezes não se preparam de maneira conveniente.
Para melhor compreendê-la, vamos ver
quem é quem nessa história.
O ESPOSO (noivo) é o Senhor.
As VIRGENS representam a
incorruptibilidade. São as pessoas que se conservam isentas de corrupção, sem
pecados (virgens!), à espera do Senhor.
As PRUDENTES são as pessoas humildes,
que realmente amam o Senhor. São previdentes nos seus sentimentos em relação a
Ele, pois praticam seus ensinamentos.
As NÉSCIAS são pessoas boas, mas tolas,
ignorantes, irresponsáveis, egoístas, orgulhosas, de “pouca fé”, não vigilantes, sem obras de caridade... Espiritualmente
caminham sem levar as provisões, que são necessárias para se evitar algum
contratempo na jornada. Não estão prontas para a salvação!
As LÂMPADAS representam a Fé – a Luz
própria de cada um.
O ÓLEO ou Azeite representa o
conhecimento intelectual e espiritual, a cultura moral e as experiências de
vida, que em combustão constroem a Sabedoria, que acende e mantém em nós a
chama sagrada de Deus.
Os
Vendedores são os Mercadores do
Templo, que exploram a boa fé dos fiéis a peso de ouro. O que ensinam realmente
não abre as portas do Céu!
Voltemos, porém, à Meritocracia.
Meritocracia é um princípio
de justiça, que promove os indivíduos em função de seus Méritos e não de sua origem social, de sua riqueza, de suas
relações sociais...
Por causa da exigência de Mérito, para adentrar no Reino de Deus não
basta à criatura humana ser Virgem – sem corrupção! É preciso, porém, ter a
prudência, que manda ao indivíduo estudar, pesquisar, examinar, raciocinar e
entender o que nos foi dito por Jesus.
O Mérito
é uma luz interna, que não se transfere. É, por isso, que as Virgens Prudentes não puderam emprestar
Óleo às Virgens Néscias!
Não pode haver no Céu um misto de
ignorância e de santidade – diz Cairbar Schutel – porque toda a santidade é cheia de sabedoria.
O Espírito
da Verdade,
no Evangelho Segundo o Espiritismo, dá uma luz a esta Parábola, quando diz:
“AMAI-VOS, eis o primeiro ensinamento. INSTRUÍ-VOS,
eis o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades...”.
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