Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

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sexta-feira, 31 de julho de 2020

A SENHA DIVINA


Está gravada no coração dos eleitos.


− Existe alguma Senha para se dirigir a Deus? – me perguntaram.
− Acho que sim! – respondi. – Mas muitos não se lembram, embora a tenham na consciência! Esqueceram como digitá-la nos Caixas Eletrônicos da Vida, para ter acesso ao crédito das riquezas que o Criador lhes destina.
− Quais seriam esses caracteres?
− Eu sei que são oito símbolos para garantir o acesso e evitar os hackers da dimensão escura que nos assedia.
− Estamos curiosos para saber!
− Então vou lhes dar uma dica: a Senha é só de letras, as quais fazem parte do Segredo das Leis do Amor.
Segredo?... Leis do Amor?...
Vendo que meus amigos nada entendiam, resolvi esmiuçar o assunto.
− É Segredo, porque as Leis do Amor são reveladas à humanidade de tempos em tempos.
− A 1ª Revelação – expliquei – veio com o Decálogo dado por Deus, em duas Tábuas de pedras contendo os 10 Mandamentos – um conjunto de princípios relacionados à Ética e a Adoração, recebido por Moisés aos pés do Monte Sinai.  Isso por volta de 1250 anos antes de Cristo.
− A 2ª Revelação – continuei – se deu há mais de 2000 anos, quando os seres humanos já estavam mais amadurecidos. Jesus, que nessa época esteve presente na Terra, tratou desse Segredo ao resumir os mandamentos em apenas dois: “Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo o teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás teu próximo como a ti mesmo”.  
− Jesus, então revelou o Segredo?
− Mais ou menos! Deu algumas dicas por Parábolas, por metáforas e outras figuras de linguagem, porque seu objetivo não era contar o Segredo, mas despertar as pessoas para que elas mesmas o descobrissem e tivessem todo o mérito dessa procura. É, por isso, que muitas passagens dos Evangelhos são ininteligíveis, e muitas parecem absurdas, por falta de uma Chave que revele o seu verdadeiro sentido!
Chave? Complicou, hein!...
− Você sabia que os primeiros Cristãos, perseguidos ou assassinados nas arenas do Circo de Roma, foram os primeiros a descobrir esse Segredo?
− Puxa! Quanta fé em Deus!...
 − Não se impressionem, pois o Mestre prometeu nos entregar a Chave do Segredo no final dos tempos, quando a Lei Evangélica for ensinada a todas as nações; quando a Lei do Amor não será mais letra morta!
− Mas já não estamos no momento do apocalipse, dos finais dos tempos?
− Sim! E você não sabia que Apocalipse significa “Revelação”! A ação para tirar o véu dos mistérios do passado! Ouça o que lhe digo: a humanidade já descobriu a Chave do Segredo na Lei de Atração, ou Lei de Ação e Reação, que tem “feedback”  de efeito retroativo. Tudo que fazemos de bom ou de mal, nós recebemos de retorno! Como assim nos revelou Jesus, em Mateus 7,12: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas”.
− E a Senha Divina foi revelada?
− Já foi!... Na 3ª Revelação, que se deu com a publicação do Livro dos Espíritos, em 1857.  Obra esta que não é dos homens, mas dos próprios Espíritos, que vieram para tirar as dúvidas todas sobre os sagrados ensinamentos. A partir dela ninguém mais pode alegar ignorância das Leis do Criador. A Luz chegou! E as trevas – que é a ausência da Luz – desaparecerão!
− Tudo bem! – disse-me um dos presentes. – A conversa está boa, mas me conte logo a Senha Divina, que eu quero acessar já os meus créditos espirituais no Caixa Eletrônico da Vida!
− Ela está em muitos ensinamentos de Jesus, principalmente na Parábola do Bom Samaritano. São oito letras que formam uma palavra mágica!
− Será a palavra “Perdão”?
− Não!... Perdão só tem seis letras!
− Me deixa pensar!... Samaritano... Bom Samaritano... Huuu!... Já sei!...
− Qual é então a Senha Divina?
− É a CARIDADE!
− Vivaaa! Acertou! Mas, por quê?
− Porque “Fora da Caridade não há Salvação!”.
− Realmente! Esse é o Segredo dos sagrados ensinamentos e a Chave do entendimento das escrituras. A prática da Caridade é a Senha Divina de acesso à nossa Salvação. Acesso à Vida Eterna! Acesso ao Reino de Deus, independente de posição social, raça, sexo, credo ou religião! Chegaram-se os tempos em que a grande fraternidade reinará sobre a Terra. Pois o Amor ao Próximo é o princípio da Caridade! “Amai-vos uns aos outros” (Jo 13,34).



segunda-feira, 20 de julho de 2020

AS DEZ VIRGENS


“A luz espiritual é intransferível!” (Inácio Ferreira / Carlos Bacelli).

Em 1970 eu lecionava em Ribeira – SP. Residia na escola, às margens da foz do Rio Catas Altas. Um paraíso!
Certo dia apareceu por lá um vendedor de livros e lhe perguntei:
− Por acaso você tem aí um livro sobre as Parábolas de Jesus?
− Tenho sim! De Cairbar Schutel.
Olhei o livro, paguei e comentei:
− Quero aprender sobre a Parábola das Dez Virgens.
− A que fala sobre Meritocracia!
Meritocracia? Será? – indaguei.
− Leia e depois você me conta!
Depois de ter lido e meditado sobre o livro, ainda tinha muitas dúvidas.
Somente agora, 50 anos depois, que me “caiu a ficha”! Veja por quê!
Mateus (25,1-13): Então o Reino dos Céus será semelhante a dez virgens, que saíram com suas lâmpadas ao encontro do esposo. Dentre elas, cinco eram néscias, e cinco prudentes. As néscias, tomando suas lâmpadas, não levaram óleo consigo. As prudentes, todavia, levaram de reserva vasos de óleo junto com as lâmpadas.
Tardando o esposo, todas as dez virgens cochilaram e adormeceram. Porém, no meio da noite ouviu-se um clamor: Eis o esposo! E elas saíram ao seu encontro. Levantaram-se todas e prepararam suas lâmpadas.
As néscias disseram às prudentes:
− Dai-nos de vosso óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando.
− Não temos o suficiente para nós e para vós! – responderam. – É preferível irdes aos vendedores, a fim de o comprardes para vós.
Ora, enquanto elas foram comprar, veio o esposo. E as que estavam preparadas entraram com ele para a sala das bodas; e fechou-se a porta.
Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando:
− Senhor, abre-nos a porta!
Mas ele respondeu:
− Em verdade vos digo que não vos conheço! Portanto, vigiai, porque não sabeis nem o dia nem a hora.
Esta Parábola se refere ao costume dos judeus, de núpcias celebradas à noite. As donzelas que acompanhavam a noiva formavam um cortejo diante do noivo (esposo), seguindo-o até o local do banquete.
Qual seria a moral desta história?
É uma lição de advertência àqueles que buscam atingir uma determinada meta na vida. Os quais têm que ser responsáveis e previdentes, mas que muitas vezes não se preparam de maneira conveniente.  
Para melhor compreendê-la, vamos ver quem é quem nessa história. 
O ESPOSO (noivo) é o Senhor.
As VIRGENS representam a incorruptibilidade. São as pessoas que se conservam isentas de corrupção, sem pecados (virgens!), à espera do Senhor.  
As PRUDENTES são as pessoas humildes, que realmente amam o Senhor. São previdentes nos seus sentimentos em relação a Ele, pois praticam seus ensinamentos.
As NÉSCIAS são pessoas boas, mas tolas, ignorantes, irresponsáveis, egoístas, orgulhosas, de “pouca fé”, não vigilantes, sem obras de caridade... Espiritualmente caminham sem levar as provisões, que são necessárias para se evitar algum contratempo na jornada. Não estão prontas para a salvação!
As LÂMPADAS representam a Fé – a Luz própria de cada um.
O ÓLEO ou Azeite representa o conhecimento intelectual e espiritual, a cultura moral e as experiências de vida, que em combustão constroem a Sabedoria, que acende e mantém em nós a chama sagrada de Deus.
 Os Vendedores são os Mercadores do Templo, que exploram a boa fé dos fiéis a peso de ouro. O que ensinam realmente não abre as portas do Céu!  
Voltemos, porém, à Meritocracia.
Meritocracia é um princípio de justiça, que promove os indivíduos em função de seus Méritos e não de sua origem social, de sua riqueza, de suas relações sociais...
Por causa da exigência de Mérito, para adentrar no Reino de Deus não basta à criatura humana ser Virgem – sem corrupção! É preciso, porém, ter a prudência, que manda ao indivíduo estudar, pesquisar, examinar, raciocinar e entender o que nos foi dito por Jesus.
O Mérito é uma luz interna, que não se transfere. É, por isso, que as Virgens Prudentes não puderam emprestar Óleo às Virgens Néscias!
Não pode haver no Céu um misto de ignorância e de santidade diz Cairbar Schutel – porque toda a santidade é cheia de sabedoria.
O Espírito da Verdade, no Evangelho Segundo o Espiritismo, dá uma luz a esta Parábola, quando diz:
“AMAI-VOS, eis o primeiro ensinamento. INSTRUÍ-VOS, eis o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades...”.

domingo, 12 de julho de 2020

AUXÍLIO MÚTUO

“Vai e faze tu o mesmo”. (Jesus / Lucas 10, 37).


Dois velhos amigos, ambos enfermos, caminhavam por uma região montanhosa e deserta. Era inverno e o ar estava muito gelado. Cada um deles se defendia como podia das frias rajadas de vento, quando foram surpreendidos na estrada por uma criança semimorta caída no gelo. O primeiro que a viu, se irritando, exclamou:
− Não vamos perder tempo agora. O momento é de muito cuidado para cada um de nós. Vamos em frente.
− Amigo, salvemos esta criança. É nosso irmãozinho em humanidade.
− Eu não posso, sinto-me cansado e doente. Essa criança desconhecida seria um peso insuportável. Temos frio e tempestade. Precisamos chegar à aldeia sem perder tempo. Já estou indo!
Vendo o companheiro marchando adiante em largas passadas, o homem de bom sentimento, contudo, se debruçou sobre a criança estendida no chão, para socorrê-la.
Pouco tempo depois seguia a jornada com o pequenino abraçado carinhosamente ao seu peito. A chuva fina e gelada caía pela noite adentro, mas ele, como um pai, seguia aconchegando a criança ainda mais, embora menos rapidamente. Por nada abandonaria aquela indefesa criança!...
Só depois de muito tempo conseguiu chegar à hospedaria do mais próximo povoado. Porém, surpreso, não encontrou aí o companheiro que o abandonara.
No dia seguinte, depois de minuciosa procura, ele soube que acharam o seu companheiro sem vida, num desvão a beira de um alagado caminho.
O infeliz viajante, sem coração, seguindo sozinho, depressa, com a ideia egoísta de se preservar, não resistiu ao frio intenso e tombou encharcado, sem recursos para enfrentar o congelamento, enquanto que o seu companheiro, recebendo em troca o suave calor da criança que sustentava junto ao próprio coração, superou os obstáculos da noite gelada, guardando-se de semelhante desastre.
Descobrimos com esta história quanto é sublime o auxílio mútuo. O bondoso viajante ajudando aquela criança abandonada, na realidade ajudou a si mesmo! Quando, pois, nos dispomos a ser útil ao próximo, o nosso sacrifício também é compensado. Com o auxílio mútuo, ambos então ganharam as bênçãos da salvação recíproca!
Estes ensinamentos são de luz evangélica. Está lá na Parábola do Bom Samaritano, demonstrando quem é o nosso próximo e, ainda indicando, que para a salvação basta ter um bom coração, isto é, ter amor.
Quem tem amor verdadeiro há de ajudar o seu próximo com tudo o que lhe for possível! Não importa: seja com apoio material ou espiritual.
Quem foi o próximo da criança abandonada e semimorta? Foi o viajante de bom sentimento no coração.
Mas por quê? Porque usou de misericórdia para com ela!
Quando se usa de misericórdia para com o próximo, já se está praticando a Caridade. Pois a misericórdia é uma alavanca poderosa, de energias benfeitoras, que impulsiona a pessoa a olhar o próximo com o mesmo olhar voltado para si mesmo; a olhá-lo como irmão e, consequentemente, ajudá-lo no que for preciso.
Há uma máxima afirmando que “Fora da Caridade não há Salvação”. Mas como praticá-la? De muitas maneiras. Além de fazê-la por ACÕES conhecidas, como dar esmola, visitar os doentes, participar de entidades filantrópicas e educativas, participar de eventos beneficentes, ainda podemos praticá-la por pensamento e palavras.
Fazemos CARIDADE POR PENSAMENTO, quando damos bons exemplos e quando oramos pelos outros que estão em dificuldades. Pode crer que uma prece feita com amor os aliviará!
Fazemos CARIDADE POR PALAVRAS, quando usamos uma linguagem doce afetiva e respeitosa; quando usamos de indulgência; damos bons conselhos; despertamos a fé em Deus; damos esperanças; ensinamos virtudes cristãs e valores morais; falamos a verdade, resistindo à mentira; e até quando corrigimos o erro com muito amor, visando o crescimento do próximo...
A CARIDADE resume todas as virtudes. Ao praticá-la semeamos paz e alegrias para o nosso próprio futuro, conquistando uma felicidade sem fim. Além – é claro! – da compensação em todos os campos da vida, que a própria Lei divina nos proporciona.
Que a nossa bandeira na vida tenha por divisa o slogan cristão do auxílio mútuo: “Amai-vos uns aos outros”

sábado, 4 de julho de 2020

HUMILDADE


É pela humildade que o ser humano um dia vai redimir-se.


Humildade é a mais nobre de todas as virtudes, que faz morada em nosso coração. É um termo que vem do latim “húmus”, que significa terra fértil.
O humilde é, assim, alguém que deixou brotar no solo fértil de sua alma o conhecimento e a verdadeira sabedoria, que o faz diferente dos demais, na sua forma ética de agir perante o mundo.
Diz um ditado chinês, que “quando o discípulo está pronto o Mestre aparece”.
O discípulo que está pronto é o que vem se preparando para receber as boas sementes do Cristo, que o transformará num ser pleno de humildade.
Humildade, Simplicidade e Pureza de Coração têm significados distintos.
Simplicidade é a natureza das coisas descomplicadas, sem requintes. Daí a pessoa simples nos oferecer a imagem da inocência, da ingenuidade e da candura.
Os Puros de Coração nos oferecem a imagem suave e dócil do afeto sincero, imaculado, transparente, verdadeiro.
Enquanto que a Humildade nos oferece a imagem da calma, da paz, da sinceridade, da fraternidade... Pois é uma atitude de submissão ao Criador.
Embora diferentes, a Humildade, a Simplicidade e a Pureza de Coração são qualidades inseparáveis, porque todas elas excluem todo pensamento de egoísmo e orgulho. Eis aí o porquê de a criança ser o símbolo tanto da pureza, da simplicidade quanto da humildade!
Senão Jesus não teria dito: “Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham”.
A Humildade abre as portas para o perdão e a prática da caridade, porque nivela os humanos, ao mostrar-lhes que são irmãos, filhos do mesmo PAI.
Na balança divina todos são iguais! Por isso, a Humildade é indulgente, não fere, e acaba com todos os preconceitos, sejam de raça, cor, sexo, religião, etc.
A pessoa humilde confessa seus equívocos, se desculpa, pois sua intenção é aprender com os erros, crescer e evoluir.
Com Humildade, a pessoa:
− Trabalha muito, mas sempre tem um tempinho para os outros. “Se você quer que algo seja feito, entregue esta tarefa à pessoa mais ocupada da sua equipe – ela sempre dá um jeito”. Isso parece estranho, mas é verdadeiro!
− É comprometida com o que faz, enfrenta qualquer dificuldade e não tem medo de enfrentar problemas.
− Não se envaidece. Evita receber elogios, mas quando isso ocorre diz: “Ah, ainda me falta muito para chegar lá!”.
− Respeita seus superiores e trata de aprender algo com todos.
− Faz as coisas além da sua obrigação. E, quando não sabe assume que não sabe, e ainda procura um jeito de descobrir como aquilo é feito.
− Compartilha suas experiências com os colegas e amigos, sem medo da concorrência, buscando se aprimorar.
− Reverencia ao Altíssimo, pelo que sabe e por tudo quanto ainda desconhece.
− Defende ideias nobres, sem se importar de quem elas venham.
Os humildes não são os tolos, bobos e medíocres, que muitos pensam ser! E também não são os pobres de espírito – no sentido mundano! –, porém, ao contrário, são Ricos de Espírito, pelas qualidades morais que possuem.
Toda pessoa então pode ser humilde independentemente de sua posição na sociedade. Pois, pobreza não significa necessariamente humildade, até porque há pobres orgulhosos!
Resumindo, a Humildade é uma virtude do gênio crístico, de caráter cósmico, eterno, que encontrou a chave que lhe abrirá as portas da perfeição.
Conta-se que um pai, durante as férias, aproveitando a beleza ímpar de um lindo estuário, perguntou ao filho:
− Você sabe por que o mar é tão grande? Tao imenso? Tão poderoso?
O filho ficou bom tempo pensativo. E o pai, não perdeu o ensejo de lhe proporcionar um belo ensinamento:
− Filho, o mar é muito grande porque foi humilde o bastante para se colocar alguns centímetros abaixo de todos os rios. Por saber receber é que ele se tornou grande. Se quisesse ser o primeiro ou ficar acima de todos os rios, não seria o mar, seria uma ilha. E certamente estaria isolado.
− Pai, se bem entendi! O mar nos ensina então que ser humilde não é ser fraco ou dependente, mas sim ter respeito e reconhecimento por todos.
− Isso mesmo filho! Humildade é saber que o nosso próximo é digno de consideração e merecedor de todas as bem-aventuranças prometidas por Jesus.