Aquecendo a Vida

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sábado, 24 de março de 2018

RECONHECIMENTO E GRATIDÃO


 “Seja sempre grato, mas não espere pelo reconhecimento de ninguém”.


O homem atrás do balcão olhava a rua de forma distraída. Uma garotinha se aproximou da loja e amassou o narizinho contra o vidro da vitrine. Os olhos, da cor do céu, brilhavam quando viu um determinado objeto. Entrou na loja e pediu para ver o colar de turquesa azul.
− É para minha irmã. Pode fazer um pacote bem bonito? – diz ela.
O dono da loja olhou desconfiado para a garotinha e lhe perguntou:
− Quanto de dinheiro você tem?
Sem hesitar, ela tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão e feliz, disse:
− Isso dá?
Eram apenas algumas moedas que ela exibia orgulhosa.
− Sabe, quero dar este presente para minha irmã mais velha. Desde que morreu nossa mãe ela cuida da gente e não tem tempo para ela. É aniversário dela e tenho certeza que ficará feliz com o colar que é da cor de seus olhos.
O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde.
− Tome! – disse para a garota. Leve com cuidado.
Ela saiu feliz saltitando pela rua.
Ainda não acabara o dia quando uma linda jovem de cabelos loiros e maravilhosos olhos azuis adentrou a loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho desfeito e indagou:
− Este colar foi comprado aqui?
− Sim senhora.
− E quanto custou?
− Ah! – falou o dono da loja. O preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente.
A moça continuou:
− Mas minha irmã tinha poucas moedas! O colar é verdadeiro, não é? Ela não teria dinheiro para pagá-lo!
O homem tomou o estojo, refez o embrulho com extremo carinho, colocou a fita e o devolveu à jovem.
− Ela pagou o preço mais alto que qualquer pessoa pode pagar. Ela deu tudo o que tinha!
O silêncio encheu a pequena loja e duas lágrimas rolaram pela face emocionada da jovem enquanto suas mãos tomavam o pequeno embrulho.
Esta história, cuja autoria se desconhece, faz uma abordagem sobre duas virtudes importantes para a nossa evolução: Reconhecimento e Gratidão.
Embora colocadas como palavras de mesmo significado pelos dicionários, Reconhecimento e Gratidão expressam sentimentos distintos, que assinalam muito bem o estado moral de cada pessoa.
O Reconhecimento é uma declaração, um depoimento de alguém que confessa o valor de um benefício recebido.
A Gratidão é o sentimento de confirmação do reconhecimento, sancionada pelo coração, manifestada por um gesto de carinho ao benfeitor. O beneficiário sente uma coragem para agradecer, que somente a elevada moral dos humildes proporciona.
Enquanto a Gratidão é movida pelo AMOR, o Reconhecimento, muitas vezes, é apenas impelido pelo interesse.
O Reconhecimento só se transforma em Gratidão depois que o indivíduo cultiva a Lei do Amor em seu coração.
Onde termina o Reconhecimento começa a Gratidão. E nesse ponto está a distinção, porque uma pessoa pode reconhecer um benefício, sem ser grata. Por isso, não se deve confundir gratidão com reconhecimento e, muito menos, com retribuição, que é apenas uma recompensa pelo favor recebido.
Segundo Cairbar Schutel: “Muitas são as almas reconhecidas, mas poucas são as que têm gratidão”; “O mundo está cheio de reconhecidos, mas vazio de gratidão”. Como demonstra Lucas (17, 11-19), que dos dez leprosos curados por Jesus na Palestina, somente um voltou para agradecer a Deus.
“Gratidão com amor não apenas aquece quem recebe como reconforta quem oferece”. Por isso, todos os dias, devemos agradecer: nosso Deus; Jesus; o nosso anjo guardião; nossos pais e familiares; nossos professores; nossos chefes de trabalho; os médicos; os amigos e até os nossos inimigos...
Devemos agradecer mesmo antes de receber o benefício, segundo a Lei de Atração. Pois a gratidão nos proporciona um novo olhar sobre a vida.
Procure ser grato com muito amor no coração, porque gratidão é caridade. E “a caridade cobre a multidão dos pecados”, segundo nos ensinou Pedro em sua primeira epístola (4,8).

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