Amemos o nosso próximo e
façamos a ele o que gostaríamos que ele nos fizesse.
Dois homens acabavam de morrer. Deus tinha dito: enquanto
esses dois homens viverem, suas ações serão colocadas em sacos separados, e,
quando da morte deles, os sacos serão pesados.
Quando chegou à hora final desses dois homens, Deus
fez com que trouxessem os dois sacos. Um estava pesado, grande, bem cheio e
nele ressoava o metal que o enchia. O outro era pequeno e tão fino que se
podiam ver as poucas moedas que continha.
Cada um desses homens reconheceu o seu saco de moedas:
– Este é o meu – disse o primeiro. – Sempre posso
reconhecê-lo, porque fui rico e fiz muitas doações.
– Eis aqui o meu – disse o outro. – Sempre fui muito
pobre, pois não tinha quase nada para repartir.
Quando os dois sacos foram colocados na balança, o
maior tornou-se leve e o menor ficou pesado, tanto que elevou muito o outro
prato da balança.
Então, diante da surpresa de ambos, Deus, dirigindo-se
ao rico, disse:
– Você deu muitas esmolas, é verdade, mas deu mais por
vaidade, exibicionismo, para ver seu nome figurar em todos os templos do
orgulho e, mesmo doando, não se privou de nada. Vai para a esquerda e se dê por
satisfeito que a esmola ainda lhe seja contada como alguma coisa.
Depois disse ao pobre:
– Suas doações foram poucas, meu amigo, mas cada uma
destas moedas que estão nesta balança representa uma privação para você. Se não
deu muitas esmolas, no entanto, fez a caridade e, o que é melhor: fez a
caridade naturalmente, sem pensar que a levariam em conta. Foi indulgente
e não julgou o seu semelhante; pelo contrário, desculpou-o de todas as suas
ações. Passa à direita e vai receber a sua recompensa.
Deduzimos dessa parábola, que Dar Esmola, apesar de
aliviar o sofrimento humano, quase sempre é humilhante tanto para quem dá
quanto para quem a recebe. A caridade, ao contrário, une o benfeitor ao ajudado
sem humilhações, sem qualquer melindre. E pra fazer isso a caridade deve ser
sempre camuflada. Deve usar de todos os artifícios possíveis para se disfarçar.
Ninguém precisa saber!
Pois, a caridade tem um aspecto moral, que consiste em
tolerarmos uns aos outros. E, nesse sentido, ela exige do benfeitor: fazer-se de
surdo em algumas ocasiões, saber calar em outras, fazer de conta que não vê...
A caridade
moral não impede a caridade material
– de dar esmolas –, porque a fraternidade nunca rejeita o indigente. A
diferença é que na caridade material o
óbolo sai do bolso enquanto que na
caridade moral sai do coração.
Ainda há outras maneiras de se praticar a caridade moral: bons pensamentos,
prestar socorro, uma prece, boas palavras, bons conselhos...
A verdadeira caridade deve estar impregnada de
indulgência.
O indulgente é aquele que está pronto a perdoar seu
semelhante; que toma cuidado para não ferir o amor-próprio de ninguém; que é
tolerante; que age sem ofender aquele que tem uma opinião diferente da sua.
Na balança da Justiça Divina o que mais pesa é o
conteúdo de indulgência, pois o seu sistema de aferição se fundamenta na escala
do sentimento de amor ao próximo. Dessa forma, tem mais mérito o pouco daquele
que sacrificou até o que lhe é indispensável, do que a dádiva do abastado que,
mesmo doando muito, de nada se privou.
Lembre-se do que Jesus disse sobre o óbolo da viúva: “Em
verdade vos digo que esta pobre viúva mais deitou no gazofilácio do que todos
os outros, porquanto todos os outros deram do que lhes sobrava, ao passo que
ela, da sua própria indigência, deu tudo o que possuía, tudo o que tinha para o
seu sustento” (Marcos, 12:41-44).
Nesta vida, o mais importante para nossa alma não é a
quantidade de “talentos” que nos são
confiados, mas o que fazemos com eles!
Fonte de pesquisas: Evangelho de Marcos, Cap. 12; e
Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 13.
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