“Fora da Caridade não há Salvação”.
Eis a expressão mais completa da
caridade: “fazer aos outros como
quereríamos que nos fizessem”. Essa expressão sintetiza todos os deveres
que temos para com o nosso próximo.
Dufétre (Bispo de Nevers, Bordeau),
em o Evangelho Segundo o Espiritismo, diz que “é impossível amar a Deus sem praticar a
caridade...”. Logo, inferimos
que é impossível amar a Deus sem “amar ao próximo como a si mesmo”.
"Se alguém disser: Amo
a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão,
a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê" (I Epístola de João 4,20).
Jesus nos ensinou, em Mateus XXII
34-40, a “Amar
a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, como sendo os dois mandamentos que
contêm toda a lei e os profetas e que resumem todos os demais.
E acreditamos que foi por isso que
Paulo afirmou, na Primeira Epístola a João, que "Aquele que não ama não conhece a Deus,
porque Deus é amor".
Quem então não ama o próximo,
consequentemente, não pratica o maior mandamento, que é AMAR A DEUS.
E o amor ao próximo deve ter como medida “fazer aos outros, o que se
deseja para si mesmo”. Por
isso, essa medida é o guia mais seguro para a prática da caridade na sua expressão
mais completa.
Certa vez, um Rei exigiu a prestação
de contas de seus súditos. E o primeiro que lhe devia dez mil, se apresentou:
− Majestade, eu não tenho como pagar
uma dívida tão grande assim!
Diante disso, o Rei mandou então que vendessem
a ele, sua mulher, seus filhos, e tudo que tinha para ficar paga a dívida.
Quando ouviu isso, o súdito, desesperado, de joelhos suplicou:
− Tem paciência comigo, majestade,
que eu lhe pagarei tudo.
O Rei, compadecido, perdoou-lhe a
dívida, deixando-o sair livre de tudo.
Mas, ele tendo saído, encontrou um
de seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros; e lançando lhe a mão à
garganta o asfixiava, dizendo-lhe:
− Paga-me o que deves!
− Tem paciência comigo que eu lhe
pagarei tudo! – rogou o pobre devedor se lançando aos seus pés.
Porém, ele não atendeu e ainda mandou
que o colocassem na cadeia.
As outras pessoas, sentidas com que se
passava, foram dar parte de tudo o que tinha acontecido. Então o Rei mandou buscar
seu ingrato súdito e lhe disse:
− Homem mau, eu lhe perdoei toda a
dívida! Logo, não devia você também ter se compadecido de seu companheiro como
eu me compadeci de você?
E o Rei, cheio de cólera, mandou que
o entregassem aos algozes do reino, até ele pagar toda a dívida.
Diz Jesus, no final desse texto
bíblico – que aqui imitamos –, que “Assim também vos tratará
meu Pai celestial, se não perdoardes, do íntimo de vossos corações, aquilo que
vos tenha feito vosso irmão” (Mateus 27,35).
Com que direito exigimos sempre um melhor
tratamento do que damos?
Se exigimos respeito, tolerância,
paciência, compreensão, benevolência, devotamento para conosco, temos que agir
da mesma forma para com todos os nossos semelhantes. Pois é dando que
recebemos. Isso é lei da Criação.
A mesma medida que serve para medir
os outros também será utilizada para medir as nossas ações. Sabendo disso,
então, fazer empatia ajuda muito! Ou
seja, você se coloca no lugar do outro, na mesma situação experimentada, para
você sentir o que essa outra pessoa está sentindo. Isso faz você ver as coisas
por outro ângulo; faz você buscar em torno de si a razão íntima de todas as
dores que acabrunham o próximo para dar-lhes alívio. Então, você muda de
opinião e passa a entender porque o Mestre Maior nos ensinou a não julgar para
não sermos igualmente julgados.
A caridade praticada assim, na sua
expressão mais completa, destruirá o egoísmo – a maior chaga da humanidade –,
que nos faz criaturas cheias de orgulho, de poder, com a pretensão de donas da
verdade. Pessoas que se revoltam com rancor e ódio, quando contrariadas e que agem
para destruir os que passam a considerar como verdadeiros inimigos.
A caridade na sua expressão mais
completa conduzirá a humanidade a compreender a verdadeira fraternidade, onde
reinará a paz e a justiça.