Aquecendo a Vida

Aquecendo  a Vida

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sábado, 28 de janeiro de 2017

A EXPRESSÃO MAIS COMPLETA DA CARIDADE

“Fora da Caridade não há Salvação”.



Eis a expressão mais completa da caridade: “fazer aos outros como quereríamos que nos fizessem”. Essa expressão sintetiza todos os deveres que temos para com o nosso próximo.
Dufétre (Bispo de Nevers, Bordeau), em o Evangelho Segundo o Espiritismo, diz que “é impossível amar a Deus sem praticar a caridade...”. Logo, inferimos que é impossível amar a Deus sem “amar ao próximo como a si mesmo”.
"Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é incapaz de amar a Deus, a quem não vê" (I Epístola de João 4,20).
Jesus nos ensinou, em Mateus XXII 34-40, a “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, como sendo os dois mandamentos que contêm toda a lei e os profetas e que resumem todos os demais.
E acreditamos que foi por isso que Paulo afirmou, na Primeira Epístola a João, que "Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor".
Quem então não ama o próximo, consequentemente, não pratica o maior mandamento, que é AMAR A DEUS.
 E o amor ao próximo deve ter como medida “fazer aos outros, o que se deseja para si mesmo”. Por isso, essa medida é o guia mais seguro para a prática da caridade na sua expressão mais completa.
Certa vez, um Rei exigiu a prestação de contas de seus súditos. E o primeiro que lhe devia dez mil, se apresentou:
− Majestade, eu não tenho como pagar uma dívida tão grande assim!
 Diante disso, o Rei mandou então que vendessem a ele, sua mulher, seus filhos, e tudo que tinha para ficar paga a dívida. Quando ouviu isso, o súdito, desesperado, de joelhos suplicou:
− Tem paciência comigo, majestade, que eu lhe pagarei tudo.
O Rei, compadecido, perdoou-lhe a dívida, deixando-o sair livre de tudo.
Mas, ele tendo saído, encontrou um de seus companheiros, que lhe devia cem dinheiros; e lançando lhe a mão à garganta o asfixiava, dizendo-lhe:
− Paga-me o que deves!
− Tem paciência comigo que eu lhe pagarei tudo! – rogou o pobre devedor se lançando aos seus pés.
Porém, ele não atendeu e ainda mandou que o colocassem na cadeia.
As outras pessoas, sentidas com que se passava, foram dar parte de tudo o que tinha acontecido. Então o Rei mandou buscar seu ingrato súdito e lhe disse:
− Homem mau, eu lhe perdoei toda a dívida! Logo, não devia você também ter se compadecido de seu companheiro como eu me compadeci de você?
E o Rei, cheio de cólera, mandou que o entregassem aos algozes do reino, até ele pagar toda a dívida.
Diz Jesus, no final desse texto bíblico – que aqui imitamos –, que “Assim também vos tratará meu Pai celestial, se não perdoardes, do íntimo de vossos corações, aquilo que vos tenha feito vosso irmão” (Mateus 27,35).
Com que direito exigimos sempre um melhor tratamento do que damos?
Se exigimos respeito, tolerância, paciência, compreensão, benevolência, devotamento para conosco, temos que agir da mesma forma para com todos os nossos semelhantes. Pois é dando que recebemos. Isso é lei da Criação.
A mesma medida que serve para medir os outros também será utilizada para medir as nossas ações. Sabendo disso, então, fazer empatia ajuda muito! Ou seja, você se coloca no lugar do outro, na mesma situação experimentada, para você sentir o que essa outra pessoa está sentindo. Isso faz você ver as coisas por outro ângulo; faz você buscar em torno de si a razão íntima de todas as dores que acabrunham o próximo para dar-lhes alívio. Então, você muda de opinião e passa a entender porque o Mestre Maior nos ensinou a não julgar para não sermos igualmente julgados.
A caridade praticada assim, na sua expressão mais completa, destruirá o egoísmo – a maior chaga da humanidade –, que nos faz criaturas cheias de orgulho, de poder, com a pretensão de donas da verdade. Pessoas que se revoltam com rancor e ódio, quando contrariadas e que agem para destruir os que passam a considerar como verdadeiros inimigos.

A caridade na sua expressão mais completa conduzirá a humanidade a compreender a verdadeira fraternidade, onde reinará a paz e a justiça.

sábado, 21 de janeiro de 2017

O ÓBOLO DO INDULGENTE

Amemos o nosso próximo e façamos a ele o que gostaríamos que ele nos fizesse.



Dois homens acabavam de morrer. Deus tinha dito: enquanto esses dois homens viverem, suas ações serão colocadas em sacos separados, e, quando da morte deles, os sacos serão pesados.
Quando chegou à hora final desses dois homens, Deus fez com que trouxessem os dois sacos. Um estava pesado, grande, bem cheio e nele ressoava o metal que o enchia. O outro era pequeno e tão fino que se podiam ver as poucas moedas que continha.
Cada um desses homens reconheceu o seu saco de moedas:
– Este é o meu – disse o primeiro. – Sempre posso reconhecê-lo, porque fui rico e fiz muitas doações.
– Eis aqui o meu – disse o outro. – Sempre fui muito pobre, pois não tinha quase nada para repartir.
Quando os dois sacos foram colocados na balança, o maior tornou-se leve e o menor ficou pesado, tanto que elevou muito o outro prato da balança.
Então, diante da surpresa de ambos, Deus, dirigindo-se ao rico, disse:
– Você deu muitas esmolas, é verdade, mas deu mais por vaidade, exibicionismo, para ver seu nome figurar em todos os templos do orgulho e, mesmo doando, não se privou de nada. Vai para a esquerda e se dê por satisfeito que a esmola ainda lhe seja contada como alguma coisa.
Depois disse ao pobre:
– Suas doações foram poucas, meu amigo, mas cada uma destas moedas que estão nesta balança representa uma privação para você. Se não deu muitas esmolas, no entanto, fez a caridade e, o que é melhor: fez a caridade naturalmente, sem pensar que a levariam em conta. Foi indulgente e não julgou o seu semelhante; pelo contrário, desculpou-o de todas as suas ações. Passa à direita e vai receber a sua recompensa.
Deduzimos dessa parábola, que Dar Esmola, apesar de aliviar o sofrimento humano, quase sempre é humilhante tanto para quem dá quanto para quem a recebe. A caridade, ao contrário, une o benfeitor ao ajudado sem humilhações, sem qualquer melindre. E pra fazer isso a caridade deve ser sempre camuflada. Deve usar de todos os artifícios possíveis para se disfarçar. Ninguém precisa saber!
Pois, a caridade tem um aspecto moral, que consiste em tolerarmos uns aos outros. E, nesse sentido, ela exige do benfeitor: fazer-se de surdo em algumas ocasiões, saber calar em outras, fazer de conta que não vê...
A caridade moral não impede a caridade material – de dar esmolas –, porque a fraternidade nunca rejeita o indigente. A diferença é que na caridade material o óbolo sai do bolso enquanto que na caridade moral sai do coração.
Ainda há outras maneiras de se praticar a caridade moral: bons pensamentos, prestar socorro, uma prece, boas palavras, bons conselhos...
A verdadeira caridade deve estar impregnada de indulgência.
O indulgente é aquele que está pronto a perdoar seu semelhante; que toma cuidado para não ferir o amor-próprio de ninguém; que é tolerante; que age sem ofender aquele que tem uma opinião diferente da sua.
Na balança da Justiça Divina o que mais pesa é o conteúdo de indulgência, pois o seu sistema de aferição se fundamenta na escala do sentimento de amor ao próximo. Dessa forma, tem mais mérito o pouco daquele que sacrificou até o que lhe é indispensável, do que a dádiva do abastado que, mesmo doando muito, de nada se privou.
Lembre-se do que Jesus disse sobre o óbolo da viúva: “Em verdade vos digo que esta pobre viúva mais deitou no gazofilácio do que todos os outros, porquanto todos os outros deram do que lhes sobrava, ao passo que ela, da sua própria indigência, deu tudo o que possuía, tudo o que tinha para o seu sustento” (Marcos, 12:41-44).
Nesta vida, o mais importante para nossa alma não é a quantidade de “talentos” que nos são confiados, mas o que fazemos com eles!


Fonte de pesquisas: Evangelho de Marcos, Cap. 12; e Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. 13.

sábado, 14 de janeiro de 2017

O ANJO DA CONSOLAÇÃO

“A devoção é o anjo consolador das almas piedosas” (Gracia Da Cunha Matos).



A queda do avião que ceifou a vida de quase um time inteiro de futebol, ainda repercute... Numa calamidade desse porte, por toda parte se multiplicam os impulsos de fraternidade.  Todos querem colaborar. O slogan “Força Chape” ainda faz milhares de pessoas refletirem sobre a vulnerabilidade do ser humano.
No momento de uma grande tragédia a esperança de um mundo melhor se renova, pois a sociedade toda se transforma na direção de um bem maior.
Ao lado das grandes tragédias, temos à nossa volta milhares de tragédias particulares: famílias destruídas, crianças sem escola, mães desempregadas, etc.
Muitos alardeiam o bem que fazem a estes desamparados, só para serem louvados pelos homens. Estes, porém, já se pagaram a si mesmos! “Já receberam a sua recompensa” (Mateus 6,2).
Mas há os infortúnios ocultos, de indivíduos que sofrem sem que ninguém venha pedir por eles. E que só os corações caridosos e solidários os descobrem! E que os socorrem sem qualquer ostentação, sem ferir o amor-próprio, nem a dignidade dos beneficiados. Procuram fazer o bem pelo bem, sem pensar em mais nada, sendo indulgentes e habilidosos para que a sua ajuda não pareça uma humilhante esmola, que melindra o necessitado. Prestam serviços por amor ao próximo, como Jesus ensinou: “Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita” (Mateus 6,3).
Sobre esses infortúnios ocultos há uma história muito interessante, do Evangelho Segundo o Espiritismo, que adaptamos e reproduzimos, a seguir.
Uma senhora de ar distinto, trajes simples, seguida de uma jovem, chega a um casebre, onde já são conhecidas, sobe até a água-furtada e bate à porta, sendo saudadas com muito respeito:
− Bom dia! Podem entrar.
Ali vive uma mãe de família, rodeada pelos filhos pequenos. À chegada dessa senhora é só alegria! É que ela vem acalmá-los de todas as suas dores. Traz o necessário, acompanhado de suaves e consoladoras palavras, que fazem aceitar a ajuda sem constrangimentos. O pai está no hospital, e durante esse tempo a mãe não pode suprir as necessidades.
Graças a ela, essas crianças não sofrerão nem frio nem fome; irão à escola suficientemente agasalhadas e no seio da mãe não faltará o leite para o bebê. Dali seguirá para o hospital; vai tranquilizar o pai quanto à sorte da família.
Na esquina, seu carro a espera, verdadeiro depósito de tudo o que vai levar aos protegidos. Não lhes pergunta pela crença, porque, para ela, todos os homens são irmãos e filhos de Deus.
Finda a visita, ela diz a si mesma: comecei bem o meu dia!
Qual o nome dessa senhora? Onde mora? Ninguém sabe. Para os infelizes, tem um nome que não revela a ninguém, mas é o ANJO DA CONSOLAÇÃO. E, à noite, um concerto de bênçãos se eleva por ela ao Criador: todos a bendizem.
Por que se veste tão simplesmente? Para não ferir a miséria com o seu luxo. Por que se faz acompanhar da filha adolescente? Para lhe ensinar como se deve praticar a beneficência.
A filha também quer fazer a caridade, mas a mãe lhe diz:
− Que podes dar minha filha, se nada tens de seu? Se lhe entrego alguma coisa para dar aos outros, que mérito terá? Serei eu, na verdade, quem fará a caridade, e você quem terá o mérito? Isso não é justo. Quando formos visitar os doentes, ajudar-me-ás a cuidar deles, pois dar-lhes cuidados é dar alguma coisa. Isso não lhe parece suficiente? Nada mais simples: aprenda costurar, e assim confeccionarás roupinhas para essas crianças, podendo dar-lhes alguma coisa de si mesma.
É assim que ela verdadeiramente cristã vai formando sua filha na prática das virtudes ensinadas pelo Cristo. Sua religião? Que importa?
Para o meio em que vive, é a mulher do mundo, pois sua posição o exige; não ignoram o que ela faz, mesmo porque não lhe interessa outra aprovação que a de Deus e da sua própria consciência. Um dia, porém, uma circunstância imprevista leva à sua casa uma de suas protegidas, para lhe oferecer trabalhos manuais.
− Psiu! – disse-lhe ela –, não contes a ninguém! – Assim falava Jesus.

"[...] A tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á" (Mateus 6,4).

sábado, 7 de janeiro de 2017

INCLUSÃO E CIDADANIA

“Deus fez o homem para viver em sociedade”



Outrora, aos domingos, no Bar do Medrado, na Praça Coronel Jordão, em Itararé, sempre tinha música ao vivo. Os melhores músicos da cidade ali se apresentavam. E uma melodia que eu lá ouvia e aprecio muito é a do “Cidadão”.
É uma melodia que tem um dizer muito bem bolado e moderno, porque se relaciona com a problemática atual da inclusão social e cidadania.
E cidadania é coisa séria! Pois o homem precisa se enxergar como um ser social para poder olhar criticamente a sociedade e ajudar no seu progresso.
Temos uma dívida social acumulada, e para minimizá-la devem ser desenvolvidas ações de cidadania nas áreas de saúde, habitação, cultura, esporte, promoção de igualdade racial, valorização da mulher e na educação.
O CEAMI – Centro Educacional de Apoio Multidisciplinar de Itararé foi um bom exemplo de Inclusão Social, que infelizmente foi desativado.
Todavia, revolta a gente ouvir, de vez em quando, que um aluno foi expulso de escola pública. Ou saber que o problema é tratado de forma paliativa, “empurrando com a barriga”, mudando o aluno para outra classe, depois pra outra, sucessivamente, até arranjar uma transferência compulsória; criando no aluno o trauma da rejeição: porta de entrada para a delinqüência juvenil.
A gente sabe que o problema da evasão ou indisciplina está muito mais na escola do que no aluno. Pois, geralmente se trata de criança pobre, de vila, carente de tudo, que mais precisa de carinho e de uma pedagogia de amor, que contemple um bom projeto de inclusão social.
A música é um excelente projeto nessa área social, que deveria ser valorizada politicamente no nosso município. Assim como o esporte, o teatro e a dança.
A Lei 13.146/15, Lei Brasileira de Inclusão (LBI), em vigor desde 2016, foi uma grata notícia para os 45 milhões de brasileiros com algum grau de deficiência. Entre os avanços garantidos por essa lei está um sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades de ensino; bem como a adoção de um projeto pedagógico nas escolas que institucionalize o atendimento educacional especializado, com fornecimento de profissionais de apoio.
Deveria ter também uma lei municipal da inclusão obrigando a música e o esporte competitivo no currículo escolar, proibindo escola pública de expulsar aluno e punindo os responsáveis pela exclusão social. Pois Escola deve ser espaço de solução para os problemas sociais e não de complicação!
Por isso, registro aqui, em prosa, a música “Cidadão”, de autoria de Lúcio Barbosa, verdadeiro hino da inclusão social. Preste atenção na letra!
Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar!
Foi um tempo de aflição; era quatro condução (sic); duas pra ir, duas pra voltar. Hoje depois dele pronto “óio” pra cima e fico tonto, mas me chega um cidadão; e me diz desconfiado:
– Tu “taí” admirado ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido. Vou pra casa entristecido; dá vontade de beber. E pra aumentar o meu tédio eu nem posso “oiá” pro prédio que ajudei a fazer.
Tá vendo aquele colégio moço? É... Eu também “trabaiei” lá!
 Lá eu quase me arrebento; fiz a massa, pus cimento, ajudei a rebocar. Minha “fia” inocente vem pra mim toda contente:
– Pai, vou me matricular.
Mas, me diz um cidadão:
– Criança de pé no chão aqui não pode estudar!
Essa dor doeu mais forte! Por que qu’eu deixei o Norte? Eu me pus a me dizer: lá a seca castigava, mas o pouco que eu plantava tinha direito a comer.
Tá vendo aquela igreja, moço? Onde o padre diz: amém!
Pus o sino e o badalo; enchi minha mão de calo; lá eu “trabaiei” também. Lá sim valeu a pena; tem quermesse, tem novena e o padre me deixa entrar. Foi lá que Cristo me disse:

– Meu rapaz deixe de tolice. Não se pode amedrontar. Fui eu quem criou a terra; enchi o rio, fiz a serra; não deixei nada faltar. Hoje o homem criou asas e na maioria das casas eu também não posso entrar.