“O importante não é ter nenhum vício; é ter alguma
virtude”. (Célio Devenat)
No consultório médico:
− Bom dia, doutor!
− Bom dia, tudo bem! Seu nome?
− Marcela.
− Prazer, Marcela. Meu nome é Dr. Cláudio. Olha, não
precisa ficar com medo, não! Relaxa. Fica tranqüila!...
− Está bem!
− O que está acontecendo, Marcela?
− Então, doutor, só de pensar em trabalhar me dá uma
agonia, sabe?! Quando é domingo à noite e lembro que tenho que trabalhar na
segunda-feira; eu fico louca, desesperada... E quando estou no trabalho me dá
uma vontade de ir embora. Eu não sei mais o que faço doutor? Preciso saber o
que eu tenho. Será que é grave?
− Fica tranqüila. Não esquente a cabeça, não! Todos os
dias aqui eu tenho um caso como o seu. Não é bicho de sete cabeças. Tá bom! É
simples de resolver.
− Então, me diz doutor, o que é que eu tenho?
− Você é VAGABUNDA!
− Ai, doutor! Sério!?
− Hum, hum!... Vagabunda!...
− E tem algum tratamento pra isso?
− Sim, está aqui, oh! É preciso tomar VERGONHA NA
CARA!
− E como tomo Vergonha
na Cara?
− É o seguinte: é um comprimido por dia; você vai
acordar cedo, 6h45 da manhã; vai tomar seu banho; vai tomar o seu cafezinho,
não é; e daí é só tomar Vergonha na Cara
e ir trabalhar!
Esse relato jocoso me fez lembrar os escândalos
políticos que abalam o país: falsidade, imoralidade, corrupção... Quanta falta
de Vergonha na Cara!
Diante disso, questiono nosso sistema educacional: Por
que não se ensinar Virtudes tanto
no lar como na escola?
Na Faculdade, eu comentava sobre a importância de se
ensinar valores e virtudes aos alunos. E a título de ilustração, analisei o
texto “O Dom Supremo” – de Henry Drummond.
Falava eu, então, que as virtudes são elementos do
Amor e, por isso, podem ser praticadas em qualquer momento de nossas vidas.
Dizia, ainda, que apesar de escutarmos sempre falar muito do Amor a Deus; Jesus
nos fala, todavia, do Amor ao Próximo. Pois, sempre buscamos a paz no Céu,
enquanto que Jesus nos ensina a buscar a paz na Terra.
Paciência, Bondade, Generosidade, Humildade,
Delicadeza, Entrega, Tolerância, Inocência, Sinceridade, Fé, Esperança,
Caridade são, então, elementos desse Amor maior que busca a paz. São dons
relacionados com a gente, com o cotidiano, com o presente e o futuro; enfim,
com a eternidade... Por conseguinte, são imprescindíveis na formação de todo
cidadão.
“Professor,
qual é a mais importante de todas as virtudes?” – me perguntaram.
Sem encontrar uma resposta plausível, consultei a
classe, mas, não chegamos a uma solução satisfatória.
Todavia, diante da perfídia de alguns que compõem o
conturbado cenário político atual, eu volto a meditar na sagacidade daquela
questão e acho que encontrei a resposta! A mais importante das virtudes é Vergonha na Cara!
Pois, quem tem Vergonha
na Cara é pessoa de Caráter,
de bom feitio moral, de sólidas convicções. Ter Caráter é ser firme, ser coerente e ter domínio de si.
Lembrei-me, então, de Coelho Netto, quando argumenta
que:
“O caráter é a disposição d’alma, como o porte é a
compostura do corpo. O primeiro, íntimo, é tendência que se traduz em atos, o
segundo é o jeito que se manifesta em atitudes.
“Como os componentes do corpo precisam do apoio do
esqueleto, a alma precisa do caráter, que é a estrutura em que se firma.
“Assim como o homem em sociedade deve comportar-se com
decência e nobreza, guardando o respeito que a boa educação impõe, assim também
lhe corre a obrigação de atender a todas as conveniências da moral e da
disciplina, portando-se com altivez sem soberba, discorrendo sem presunção,
trazendo a sua palavra límpida e acudindo com ela, em réplica, ao ataque,
sempre, porém, com generosidade, preferindo desarmar a ferir o adversário.
“Todas as virtudes se apóiam no caráter, que é a
energia que nos mantém a prumo; uma vez, porém, que consintamos em vergá-lo,
dificilmente o restabeleceremos na primitiva posição e já não terá a
inflexibilidade que era a sua linha honesta, porque nele sempre se há de sentir
a volta por onde se dobrou”.
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