A melhor herança é a sabedoria
paterna.
Gabriel, um velho caminhoneiro, era um maçom que adquiriu muita
sabedoria lendo e meditando sobre a vida. Tinha um Aprendiz, seu filho Noel, a
quem gostava de ensinar sua filosofia em todas as oportunidades possíveis.
Certa feita, no transporte de madeira, em uma estrada de terra, ele foi
surpreendido por forte temporal. Encalhado, aciona o acelerador e nada! As
rodas patinam e o caminhão não sai do lugar.
Desce do carro, pega uma corda, faz uma corrente de nós e diz ao
seu ajudante:
− Filho, põe esta corrente nos pneus que estão deslizando.
− Sim Senhor – respondeu o jovem aprendiz.
Missão cumprida, Noel, todo molhado, grita:
− Pai, pode arrancar o carro! Está tudo pronto! Agora vai!
O motorista vai acelerando devagar e o veículo começa a andar. Dá um
suspiro de alívio e mãos acenando berra ele entusiasmado:
− Ah! Ah! Conseguimos...!
No alto da serra, passado o temporal, retiram as correntes e viajam
tranqüilos. Gabriel ainda tinha um longo trecho a percorrer. Aproveitando então
para os ensinamentos daquela ocasião, foi logo filosofando:
− Sabe Noel, a vida é como esta viagem que estamos realizando. De vez
em quando vem uma tempestade, a gente se atola em dívidas, em encrencas e pra
sair, muitas vezes, temos que nos servir duma corda de nós, como o dessa
corrente que eu fiz. Nós abençoados, divinos!... Pensando bem, o
significado de seu nome até poderia ser assim. NÓ+EL = Nova Ordem
de Deus ou Nó divino.
− Papai – retrucou o jovem –, o senhor é mesmo o meu herói! Sabia que
Gabriel significa herói da humanidade de Deus?
Após as gargalhadas, Gabriel continuou sua lição.
− Filho, a corda representa um feixe de energia cósmica,
positiva, que nos impulsiona para uma Nova Ordem de vida, onde a
alma, em vibrações cada vez mais elevadas, entra em sintonia com o Criador do
Universo.
− E os nós da corda o que representam? – perguntou Noel.
− Os nós, quando apertados cortam e neutralizam as energias,
representando dor e sofrimento. São nós de dificuldades, que nós mesmos
criamos. Refletem nossos atos, fazendo a gente mudar de rumo e sair, por outros
caminhos, da lama e da ignorância até chegarmos ao topo da serra. Representam,
assim, a Justiça – a lei de causa e efeito. Já os nós
frouxos são as lombadas da estrada. Representam a Prudência – a lei
do amor.
Após pequena pausa, Gabriel continuou entusiasmado:
− E nada de ódio e vingança, senão o nó da Justiça vai se
fechar cada vez mais. Temos, sim, que usar da Prudência, agir com
comedimento e não cometer erros. Para isso nada melhor que o perdão,
como nos ensinou o Maior dos Mestres.
O perdão afrouxa as amarras, melhora o fluxo de energia para a
harmonização e o convívio das pessoas. Gera o desbloqueio e o fortalecimento
das energias de auxílios. Então nos permite desvencilhar da depressão, das
angústias e sofrimentos e, assim, livres, alçarmos mais rápido um vôo bem
alto... Como aves no céu!
Perdoar é mudar o pensamento, e mantê-lo mudado para
se harmonizar com o universo. E harmonizando sua vida você conseguirá realizar
seus sonhos - finalizou o velho
caminhoneiro.
Mais tarde, quando já não tinha mais
o convívio de seu Pai, Noel teve um insight
disso tudo ao visitar um
templo maçônico e verificar na decoração no alto das paredes, junto ao teto, uma
corda de 81 nós, circundando a Loja, simbolizando a União e a Fraternidade que
deve existir entre todos os maçons da face da Terra.
Em tributo ao pai caminhoneiro, Noel pendurou uma corda de
nós em sua casa. Que se tornou como a cruz, um símbolo sagrado, lembrando-o
sempre dos atos de justiça e de
prudência na união e evolução de todos nós.
“O que existe além de nós ou o
que se estende diante de nós é mínimo quando comparado ao que temos
dentro de nós” (Ralph Waldo
Emerson).
NOTA: Texto por mim criado em
2007 e republicado agora, atendendo pedidos de amigos.
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